- Na quarta-feira, 10, será divulgado o índice de preços ao consumidor (IPC) nos EUA referente ao mês de abril, e a previsão é que a inflação continue aderente.
- O mercado foi bombardeado por especulações sobre o próximo momento do Federal Reserve em junho, em relação à taxa de juros.
- Dados da China devem mostrar uma queda nas exportações e na inflação.
Quem investe no petróleo e no ouro não está tendo vida fácil: Após a última decisão de juros do Fed e dos números do mercado de trabalho nos EUA, teremos nesta semana mais um teste de inflação.
As especulações em torno da próxima ação do Federal Reserve em relação às taxas de juros nos EUA, ao longo das próximas cinco semanas, devem aumentar a volatilidade em todos os ativos, como dólar, ações e commodities.
Assim que o período de silêncio dos membros do Fomc, comitê de política monetária dos EUA, terminou, na sexta-feira, três integrantes da instituição já se pronunciaram: James Bullard, do Fed de St. Louis; Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, e a governadora da Fed, Lisa Cook.
Dos três, Bullard, o mais rígido com a política monetária, acabou atraindo a maior parte das atenções. Ele minimizou as preocupações de que mais aumentos de juros poderiam prejudicar ainda mais o setor bancário dos EUA, apesar da visão generalizada em Wall Street de que foi o aperto excessivo da Fed que levou à bancarrota pelo menos três bancos regionais, ameaçando levar outros.
Bullard defendeu que o impacto final do estresse bancário na economia será mínimo. Em outras palavras, não haveria qualquer problema em subir os juros outra vez em 14 de junho, de acordo com ele.
Nesse ínterim, teremos, na quarta-feira, a leitura do IPC de abril, o indicador de inflação mais acompanhado dos EUA, o qual dirá se os preços estão cedendo mais rápido do que o previsto na maior economia do mundo.
A expectativa dos economistas é que o núcleo do IPC, que exclui os preços voláteis dos alimentos e combustíveis, aumente 5,5% ano a ano, após o aumento de 5,6% no mês anterior. Já a inflação cheia deve aumentar 5% anualmente.
Isso indicaria que, apesar da moderação das pressões de preço, ainda continuam aderentes. O banco central dos EUA realizou sua décima elevação de juros na semana passada, a qual era amplamente esperada, mas indicou que pode interromper sua agressiva campanha de aperto na próxima reunião de junho.
Um número abaixo do esperado alimentaria as expectativas de que o Fed cortará os juros ainda neste ano, mas uma leitura acima das expectativas daria suporte ao argumento de que o Fed deveria manter o juros altos por mais tempo. O relatório de empregos de sexta-feira, referente a abril, mostrou que a geração de empregos e os ganhos salariais permanecem resilientes, reduzindo o temor de uma possível recessão.
Os preços do petróleo subiram na sexta-feira, interrompendo uma sequência de vários dias seguidos de perdas tanto no barril de WTI quanto no petróleo Brent.
O barril referencial nos EUA fechou o dia com uma alta de 4%, mas acumulou uma perda de 7% na semana, devido ao contágio da crise no setor bancário e preocupações econômicas nos Estados Unidos. Essa foi a terceira semana seguida em que o WTI fecha no vermelho, após as perdas anteriores de 1.2% e 5.8% para as semanas encerradas em 28 e 21 de abril, respectivamente.
O Brent, negociado em Londres e que serve de referência para a Petrobras (BVMF:PETR4), subiu cerca de 4% na sexta-feira, mas encerrou a semana com uma desvalorização de cerca de 5%, após as perdas registradas nas semanas anteriores de 2,6% e 4,9%. No momento em que escrevo, o WTI registrava uma alta de 1,67%, a US$ 72,54 por barril, enquanto o Brent se valorizava 1,62%, a US$ 76,52 durante a sessão asiática.
Tina Teng, analista da CMC Markets, declarou o seguinte:
“O repique no petróleo segue a recuperação das ações de energia em Wall Street na última sexta-feira, depois que os EUA divulgaram uma forte criação de postos de trabalho para o mês passado, arrefecendo o temor de uma recessão iminente no país.”
Quem corrobora com essa visão é Stephen Brennock, analista de petróleo da PVM:
“As fortes vendas registradas ao longo da semana passada foram desencadeadas por temores de que a economia dos EUA pudesse entrar em recessão, bem como por preocupações com o setor bancário do país”. “A conclusão é que há uma grande desconexão entre o equilíbrio no mercado petrolífero e os preços do produto.”
Além dos números do IPC, o calendário econômico desta semana nos EUA será marcado pela divulgação do índice de preços ao produtor, na quinta-feira, 11, juntamente com os números semanais de pedidos iniciais de seguro-desemprego. Também teremos uma série de relatórios econômicos a serem apresentados na China, os quais nos darão uma ideia melhor de como está sendo a recuperação pós-Covid na segunda maior economia do mundo.
Os dados da balança comercial de abril da China serão divulgados na terça-feira, e a expectativa é que mostrem que as exportações desaceleraram após uma alta em março. Os números de inflação no país serão divulgados na quinta-feira, e a expectativa é que mostrem um enfraquecimento das pressões de preços.
Dados da semana passada mostraram que a atividade no setor manufatureiro da China registrou uma contração inesperada em abril, aumentando a pressão sobre as autoridades, para que estimulem a economia do país, que luta para manter o vigor em meio a uma demanda mundial contida e à fraqueza persistente no setor imobiliário.
Analistas alertam que a retomada da China pode perder ainda mais força, na medida em que o consumo interno não se recuperou plenamente, exigindo uma ação mais incisiva do governo.
No caso do ouro, além da inflação, a atenção do mercado estará voltada para o ressurgimento da crise bancária nos Estados Unidos que eclodiu em março. A isso se somaram preocupações com um potencial default da dívida dos EUA, as leituras mais fracas de encomendas às fábricas e bens duráveis.
Como ativo de proteção, o ouro costuma ser usado como hedge contra essas preocupações. O ouro ainda tem boas chances de voltar a bater recordes, declarou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA. Moya destacou que as preocupações com os bancos dos EUA não iriam desaparecer tão cedo, devido à exposição das instituições regionais a hipotecas comerciais. Em suas palavras:
"Os órgãos reguladores estão se esforçando e não têm um plano claro para lidar com a crise bancária regional", segundo Moya, que complementou dizendo que exigir que grandes bancos forneçam dinheiro para preencher o buraco deixado pelas instituições menores no fundo do seguro de depósitos era "apenas outra solução paliativa".
O ouro com entrega em junho na Comex de Nova York fechou a sexta-feira com uma queda de 1,5% e a semana com uma alta de 2%, após a máxima recorde acima de US$ 2080 por onça-troy. Na janela asiática de negociações, o ouro futuro abriu a semana com uma alta de 0,2%, negociado um pouco abaixo de US$ 2029.
Já o ouro à vista precisa recuperar a zona de US$ 2028-2032, a fim de retomar a tendência de alta, para poder buscar US$ 2050 e 2080, declarou Sunil Kumar Dixit, estrategista-chefe técnico do SKCharting.com. Ele acrescentou:
“A resistência inicial para a alta está em US$ 2098”.
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Aviso: O conteúdo deste artigo é puramente educativo e não representa qualquer recomendação de compra ou venda de qualquer ativo tratado. O autor Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve. Ele geralmente utiliza uma variedade de visões além da sua para promover a diversidade da análise de qualquer mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias.