Como a IA vem transformando o mundo corporativo, suas oportunidades e armadilhas

Publicado 15.09.2025, 13:00

No epicentro da transformação empresarial contemporânea, a inteligência artificial emerge como protagonista de uma revolução que redefine paradigmas, questionando nossa essência produtiva e cognitiva. Estamos diante de um fenômeno que transcende simples automatizações — vivenciamos uma metamorfose das empresas e das competências humanas no ambiente corporativo.

O Potencial Transformador da IA nas Empresas

A integração da inteligência artificial no ecossistema corporativo apresenta ganhos mensuráveis e transformacionais. A pesquisa Thomson Reuters com profissionais globais, revela que os trabalhadores economizam 5 horas semanais com IA gerando valor econômico de US$ 19.000 por profissional anualmente. Este impacto se materializa em US$ 32 bilhões anuais apenas nos setores jurídico e contábil americanos. 

A automação de processos repetitivos libera capital intelectual para atividades estratégicas, enquanto a análise preditiva otimiza tomadas de decisão baseadas em dados. Empresas que adotam IA com alta performance demonstram ser três vezes mais propensas a requalificar mais de 30% de sua força de trabalho, evidenciando investimento no desenvolvimento humano paralelo à implementação tecnológica. 

Uma pesquisa da McKinsey aponta que 66% dos profissionais antecipam aumentos de produtividade nos próximos três anos, com potencial para automatizar até 50% das tarefas corporativas. Paralelamente, estudos de Harvard, MIT, Warwick e Universidade da Pensilvânia demonstram que IA generativa elevou em 40% a qualidade dos trabalhos criativos realizados por consultores menos experientes. 

Os Medos e Riscos da Implementação

A IBM projeta que 40% da força de trabalho global precisará de requalificação nos próximos três anos, afetando até 1,4 bilhão de pessoas. 

Segundo pesquisa da Accenture (workforce), enquanto 60% dos trabalhadores se preocupam com impactos no emprego, menos de 1/3 dos líderes C-level reconhecem essa preocupação como relevante para a força de trabalho.

A Atrofia Cognitiva: O Lado Sombrio da Dependência

Estudos recentes revelam uma dimensão preocupante da revolução da IA: a deterioração das capacidades cognitivas humanas. A pesquisa Microsoft-Carnegie Mellon University sobre o uso de IA generativa, demonstra que maior confiança na IA correlaciona-se com menor engajamento em pensamento crítico. 

O fenômeno do "descarregamento cognitivo" emerge como principal preocupação. Segundo os pesquisadores, "ao mecanizar tarefas rotineiras e deixar a resolução de exceções para o usuário humano, você o priva das oportunidades diárias de criar, planejar detalhadamente o que será feito, assim como praticar seu julgamento e fortalecer sua musculatura cognitiva, tornando-o atrofiado e despreparado quando exceções surgem". 

Neuropsicóloga Renata Yamasaki, da Universidade Federal de São Paulo, alerta que quando delegamos à IA o processo criativo, há empobrecimento simbólico da produção. O cérebro, programado para economizar energia, adapta-se rapidamente a ferramentas que reduzem esforço criativo, resultando em "atrofia psíquica" — diminuição da profundidade na elaboração de ideias. 

Aqui temos um ponto de inflexão exponencial que pode, ao mesmo tempo, ser de ganho e de perda. Para profissionais que já tem experiência real relevante antes do uso de IA e decidirem enfrentar seus receios de frente, adotando, de forma rápida e profunda no seu dia a dia, o ganho é claro para as empresas e principalmente para esses profissionais que podem colocar em prática de forma quase imediata e num nível de impacto gigantescamente maior o que já sabem fazer (incluindo evitando os erros que já tiveram). No entanto, os profissionais que não adotarem de forma profunda e rápida mudando seus hábitos isso se tornará um grande obstáculo. 

De forma correlata para os profissionais menos experientes ou menos seniores nas responsabilidades e posições que desejam atuar, a IA pode facilitar de forma brutal inicialmente, mas tem um grande potencial de ser o agente restritor de capacidade futura do profissional ou empresa. Tendo aqui um desafio extra que nós seres humanos ficamos viciados rapidamente que é a facilidade.

As perguntas que ficam: em que momento de experiência você se enquadra para seus objetivos de carreira? E qual seu nível de adesão e proficiência em utilização de IA? Você já quantificou esse impacto vs o mundo atual que seu objetivo de carreira terá no futuro com a IA?

Fontes citadas e utilizadas:

  1. Thomson Reuters Future of Professionals 2025

  2. McKinsey – O estado da inteligência artificial em 2023

  3. Setcesp – IA pode aumentar a produtividade nas empresas em três anos

  4. Accenture Brasil – Diferença de percepção entre colaboradores e líderes

  5. Consumidor Moderno – IA pode atrofiar a cognição humana?

  6. Forbes Brasil – “A IA Pode Deixar Você Burro”, dizem pesquisadores da Microsoft

  7. FEEB PR – O uso constante de IA pode causar atrofia mental

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