O mercado de títulos públicos dos EUA vinha operando praticamente estável desde que o presidente Donald Trump anunciou, em 2 de abril, o chamado “Dia da Libertação”, marcado pela implementação de tarifas, o que reacendeu preocupações com a inflação.
Nos últimos dias, no entanto, um novo fator passou a pressionar os ativos de renda fixa: o projeto de orçamento aprovado hoje pela Câmara dos Deputados, que deve elevar substancialmente o já elevado déficit fiscal americano nos próximos anos.
Se o Senado confirmar a aprovação e Trump sancionar a medida, como é esperado, o pacote de gastos deverá aumentar a dívida pública americana em trilhões de dólares, agravando ainda mais o déficit. O momento é particularmente delicado, considerando que as expectativas de inflação seguem elevadas após a adoção das tarifas. Na prática, isso constrói um cenário mais desafiador para os mercados de renda fixa.
Os títulos de longo prazo vêm sendo os mais penalizados desde o anúncio do “Dia da Libertação”, segundo dados de ETFs até o fechamento de ontem (21 de maio). O ETF TLT, que acompanha Treasuries com prazo superior a 20 anos, acumula queda de quase 8% desde 2 de abril. Já o índice amplo de renda fixa com grau de investimento nos EUA, representado pelo ETF BND, registra uma perda mais moderada, de 1,8%.
Na direção oposta, os empréstimos bancários — medidos pelo ETF BKLN — ainda sustentam um ganho de 1,7% no período. Títulos de curto prazo, como o ETF SHY, e proxies de caixa, como o SHV, apresentam leves altas.
A grande questão agora é como o mercado de títulos reagirá nas próximas semanas diante de um plano de gastos que promete ampliar significativamente o déficit fiscal americano. Ontem, os rendimentos dos Treasuries dispararam, refletindo o aumento da confiança de que os republicanos conseguirão aprovar o ambicioso pacote de cortes de impostos proposto por Trump.
O retorno dos Treasuries de 30 anos, o mais sensível às expectativas de inflação, saltou ontem para 5,09%, maior nível desde o fim de 2023.
“Se Trump de fato enxerga o mercado de Treasuries como um termômetro da aprovação dos investidores em relação às decisões em Washington — especialmente no debate atual sobre o orçamento —, então a recente disparada dos juros de 30 anos, que passaram de 4,65% no início do mês para 5,095%, é, sem dúvida, um sinal bastante preocupante,” afirmou Ian Lyngen, estrategista de juros do BMO Capital Markets.
O CEO do JPMorgan Chase (NYSE:JPM), Jamie Dimon, também comentou hoje que “acredito que eles devem aprovar o pacote de impostos. Isso deve trazer alguma estabilidade, mas, provavelmente, vai aumentar o déficit.” E completou: “O déficit será grande — e, provavelmente, crescente.”
Pelo que tudo indica, o mercado de renda fixa começa a concordar com essa avaliação.
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