Bitcoin testa paciência dos investidores em meio à cautela e liquidez reduzida
A incorporação de serviços financeiros por empresas de setores diversos tem se consolidado como uma estratégia robusta e crescente. Nas últimas décadas, muitas organizações passaram a integrar soluções financeiras aos seus negócios, compartilhando com grandes bancos a gestão de meios de pagamento, especialmente cartões de crédito private label e co-branded, e, em alguns casos, lançando suas próprias carteiras digitais e bancos digitais.
Esse movimento é impulsionado também pela evolução regulatória, que tem promovido um mercado mais aberto e competitivo. Mudanças como a quebra das exclusividades das bandeiras pelas credenciadoras, regulamentações para instituições de pagamento e sociedades de crédito direto (SCD) ampliam as possibilidades para as empresas atuarem no segmento financeiro.
Essa jornada de integração, conhecida como Embedded Finance (finanças embutidas), abrange meios de pagamento, crédito, investimentos, seguros e contas digitais incorporados às jornadas e produtos de outros setores, revelando um potencial global significativo. De acordo com a Mordor Intelligence, o mercado global de embedded finance deve crescer mais de 24% até 2030, alcançando USD 375 bilhões, com a região Ásia-Pacífico projetando o maior crescimento (26,45%) e os setores de varejo e e-commerce liderando a participação, com 36,47% em 2024.
O setor varejista, inclusive, destaca-se como um dos principais protagonistas na adoção de serviços financeiros para impulsionar seus negócios. Conforme o Varejo Finance Report 2025, 89,6% das empresas brasileiras dependem do parcelamento sem juros no cartão de crédito para concretizar suas vendas.
Grandes redes chegam a obter mais de 50% de suas vendas por meio de operações de crédito próprias, como crediários e cartões private label. Essas oportunidades elevam o ticket médio, especialmente quando combinadas com condições especiais e personalizadas.
Além disso, operações de crédito, como empréstimos e financiamentos direcionados a uma base consolidada de clientes, desempenham papel relevante na receita financeira das empresas. Um exemplo é a Midway, braço financeiro da Riachuelo, que em 2024 representou 23,9% das receitas do grupo e foi responsável por 73% do lucro da companhia.
Implantação Gradual e Benefícios da Integração Financeira
A implementação da estratégia deve ser alinhada às necessidades específicas de cada negócio, podendo ocorrer de forma gradual, com o uso de aceleradores e soluções plug & play disponíveis no mercado.
Soluções como a disponibilização do Pix como meio de pagamento, cartões co-branded ou private label e links para pagamentos online apresentam implantação simplificada e de baixo risco. Já a oferta de crédito exige uma gestão de riscos mais robusta e a seleção criteriosa de parceiros alinhados à estratégia da empresa. A construção de programas de fidelidade rentáveis também representa um desafio comum.
Com maior maturidade, as empresas podem expandir para serviços mais complexos, como contas digitais próprias, vendas de consórcios e seguros, ampliando assim o portfólio financeiro e fortalecendo o relacionamento com os clientes.
Essa ampliação traz benefícios claros, entre eles:
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Aumento da fidelidade e retenção de clientes: fundamental em um cenário de baixa fidelização, em que consumidores interagem simultaneamente com múltiplas empresas e buscam as melhores condições e experiências.
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Crescimento das vendas: resultante de maiores taxas de conversão, recorrência e ticket médio, comprovadamente superiores entre clientes que utilizam produtos financeiros da empresa.
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Aproveitamento de dados para insights personalizados: a presença em diversas jornadas do cliente permite um conhecimento aprofundado de suas necessidades, possibilitando ofertas mais assertivas.
Tendências que Moldam o Futuro dos Serviços Financeiros Integrados
A busca por jornadas financeiras e de pagamento cada vez mais fluidas e quase invisíveis permanece como uma tendência e desafio para todos os setores. Garantir que o cliente tenha acesso a crédito e serviços financeiros dentro do aplicativo principal, sem necessidade de baixar apps adicionais ou interromper a experiência, torna-se quase mandatório.
Além disso, não podemos ignorar o crescimento e desafio que a China tem provocado no mundo como um todo. No Brasil, vimos recentemente o anúncio da chegada da UnionPay (em parceria com a fintech Left) que já se tornou a maior operadora de cartões do mundo. Na proposta, traz um modelo inovador em que, além de se integrar ao Pix (e não tratá-lo como concorrente ou ameaça) também declara que um dos seus diferenciais é o compromisso com impacto social, já que parte das taxas cobradas nas transações poderá ser direcionada para causas selecionadas pelos próprios usuários.
Outra tendência com origem chinesa e que promete mudar o modelo de consumo e a forma como as empresas vendem seus produtos e serviços é o TikTok Shop. Recente no Brasil, projeta no país um alto potencial, dado o comportamento de consumo da população e aos 111 milhões de usuários da plataforma. É esperado que a plataforma atinja 9% do e-commerce brasileiro, chegando a um GMV de até R$ 39 milhões.
É essencial, portanto, que cada empresa compreenda a importância de oferecer jornadas únicas e diferenciadas para seus clientes, tornando como componente chave os serviços financeiros. São eles que proporcionam uma visão mais completa da jornada do cliente, garantem a perenidade dos negócios e oferecem uma riqueza de dados fundamental para apoiar decisões e promover crescimento sustentável.