Dólar afunda no exterior após dados decepcionantes de emprego nos EUA
Se você investe há algum tempo, provavelmente já ouviu falar nos termos “Vieses Comportamentais” ou “Vieses do Investidor”. Eles nada mais são do que representações das influências psicológicas, emocionais e de comportamentos que influenciam as decisões dos investidores, o que, obviamente, pode ser algo bastante negativo.
De forma resumida, eles mostram que investir não é uma atividade intrinsecamente racional, como muitos costumam pensar.
Atualmente, por exemplo, tenho visto muitos investidores tomados por dois importantes vieses: o “Viés da Perda” e a “Heurística da Disponibilidade”, sobre os quais falarei ao longo deste conteúdo.
Por isso, ter clareza de quais são os principais e saber como evitá-los é fundamental para a construção de um patrimônio duradouro no longo prazo.
Feita esta introdução, começo a análise pelo chamado “Viés de Ancoragem”. Basicamente , ele faz com que uma informação inicial sobre determinado ativo passe a ter maior relevância na tomada de decisão. Isto porque a primeira impressão, como diz o ditado, é a que fica.
Se “ancorar” em um preço de ativo que já atingiu o teto e acreditar que isso possa se repetir é um ótimo exemplo do que digo e que pode paralisar o investidor em uma posição ao longo do tempo que, no fim das contas, o impede de surfar em outras negociações mais atraentes.
Neste ponto, é fundamental explicar que, para evitar este comportamento e qualquer outro, é preciso primeiro identificá-los. O próximo passo é seguir a sua estratégia, independentemente do momento.
O segundo viés diz respeito a chamada “Heurística da Disponibilidade”. Este nada mais é do que um processo mental que usamos para tomar decisões com base na facilidade com que exemplos relevantes vêm à mente.
Isso significa que, quando avaliamos uma situação, tendemos a confiar mais nas informações que são fáceis de lembrar do que nos dados mais difíceis de rememorar.
Isto pode levar, por exemplo, um investidor a segurar posições de prejuízo acreditando em uma virada no mercado a partir de um novo governo. E ele faz isso sem considerar os resultados das companhias em questão, uma péssima decisão, sem a menor dúvida.
Além disso, temos a chamada “Aversão a Perda”. Neste caso, trata-se de um comportamento no qual os investidores priorizam a segurança e não seguem com aplicações financeiras mais arriscadas, mas que poderiam trazer retornos mais expressivos ao longo do tempo.
Por outro lado, este viés guarda forte relação com o “Viés da Ancoragem”, explicado mais acima, pois, ao não realizar o prejuízo, o investidor ancora-se em preços passados dos ativos para justificar a manutenção da posição.
Psicólogos explicam que a dor de uma perda tem um impacto muito forte e gera mais lembranças do que o prazer obtido com os ganhos no mercado. Isto, em tese, nos ajuda a compreender melhor a questão.
Há também o “Viés de Recência”, que se caracteriza pelo apego aos fatos recentes e imediatos, sem se ater a questões mais antigas sobre o tema. Isto ocorre porque o nosso cérebro tem o hábito se apegar às informações mais “quentes”, deixando as outras “de lado”, por assim dizer.
Este ponto é de fundamental importância uma vez que a interpretação dos dados é a base de uma boa estratégia de investimentos e, uma análise mal feita pode resultar em prejuízos expressivos.
Em quinto lugar, podemos falar sobre o “Viés de Familiaridade”. Nele, o investidor é influenciado por vivências do passado ao alocar recursos em ativos já conhecidos. Tal pensamento pode prejudicar, e muito, os resultados no futuro, pois pode haver concentração em uma determinada classe em detrimento de outra sem, necessariamente, fazer sentido.
Outro comportamento bastante comum é o chamado “Excesso de Confiança”. Neste caso, investidores mais experientes e com conhecimento de mercado tendem a sentir mais confiança na hora de alocar seus recursos, o que, em algum momento, pode prejudicar a reflexão em torno das decisões de investimento.
Aqui, o principal, como nos demais, é compreender a existência desse viés, ter a clareza de que a mente humana tem suas limitações e o mercado, seus riscos. E, a partir disso, calibrar a estratégia de modo que o patrimônio fique protegido de investimentos ruins.
Em sétimo lugar, temos a chamada “Ilusão do Controle", caracterizada pela superestimação de acertos e subestimação dos erros. Aqui, é possível enxergar uma forte relação com o viés descrito acima. Em conjunto, o excesso de confiança e a ilusão de controle podem deixar a visão do investidor turva em relação a riscos.
E ao não mensurá-los, sabemos que os impactos para a carteira podem ser irreversíveis.
Há também o “Efeito de Dotação”, que diz respeito ao fato de que algo representa mais em valor para o seu proprietário do que para o mercado.
Isto ocorre por conta do valor subjetivo que damos às coisas, considerando no preço o esforço para conquistá-los ou a representatividade daquilo em nossas vidas.
Por último e não menos importante, temos também o chamado “Viés da Confirmação”, que ocorre quando a pessoa tenta buscar, interpretar e lembrar informações de modo que confirmem crenças e hipóteses já existentes, sem buscar um contraponto.
Todos os vieses descritos acima têm seus problemas particulares e podem causar danos irreversíveis. Em alguns deles, deixei caminhos que podem ajudar o investidor, porém, a mensagem principal deste artigo é ressaltar a importância da disciplina.
É preciso ter uma estratégia bem definida e segui-la, seja em momentos de calmaria ou de tempestade. Ser (BVMF:SEER3) levado por “achismos” e outras armadilhas mentais pode ser catastrófico para o seu patrimônio.
Agora que você já leu este artigo, sabe dizer se algum dos vieses acima têm afetado os seus resultados? Comente aqui e até a próxima!
Bons negócios!