Já inseri aqui e ali, em algumas "entrelinhas", a seguinte questão:
"O que acontecerá com o preço dos imóveis no Brasil se o FED americano decidir aumentar a taxa de juros ?"
Não me parece que, depois da estabilidade monetária, isto é, após o Plano Real, passamos por algum tipo de evento de reprecificação para baixo dos imóveis no Brasil.
Vamos voltar um pouco.
Vamos considerar, nesse campo, o Brasil "Pós-Industrial", ou seja, após 1930, quando o ex-presidente Getúlio Vargas joga o país definitivamente na "Era Industrial" ao criar a Petrobrás e a Companhia Siderúrgica Nacional, em substituição a "Política de Imprtações"
Desde então, pra começar, dados sólidos acerca do movimento dos preços de imóveis inexistem
O tempo passa e, a partir de meados dos anos 70 o país começa a conviver com altas taxas de inflação; o cenário não muda até 1994, quando da criação do Plano Real,
Portanto, avaliar imóveis num contexto inflacionário como o nosso, onde chegou-se a apurar um patamar de 80% ao mês para a inflação, certamente é dificil.
Altas e baixas, nesse período, eram confundidas com os vários planos econômicos, várias mudanças, vários "medos", várias expectativas, enfim um emaranhado de situações que põem em dúvida uma análise mais racional dos alicerces em que se assentavam as inúmeras flutuações dos preços dos imóveis.
O Plano Real demarca a Economia Brasileira de tal forma que, questões outrora nebulosas, passam a ser melhor visualizadas.
No entanto, curiosamente, mesmo dentro desse quadro, números e comportamento do mercado de imóveis no Brasil ainda se mantiveram medianamente ""fora do radar".
A Fundação Getúlio Vargas tem avançado um pouco nessa área com o "índice de rentabilidade de imóveis"
Fipe e ZAP Imóveis com o índice "FIPE-ZAP" também
Estamos em 2013 e os dados que temos ainda são recentes, porém, o que me parece mais interessante ressaltar é que, dentro desse contexto "mais firme" dos últimos 20 anos, e ainda com alguns sustos como a desvalorização cambial de 99 e a disparada do dólar em 2002, por conta da expectativa de uma vitória para a presidência de um partido que sempre foi simpático a moratórias da dívida interna e externa, (o que acabou não se confirmando ao assumir o poder), o Brasil ainda não sofreu uma queda forte nos preços dos imóveis.
Pelo contrário.
Nos últimos 5-6 anos, os preços dispararam.
As causas são muitas, ou podem ser muitas.
Ainda carecemos de estudos, de compilação e cruzamento de dados.
Alguns começam a surgir.
Temos um longo caminho a seguir nesse campo.
Por ora, voltemos a atenção para algumas variáveis/questões que ocorreram nos últimos 5-6 anos, justamente o período em que os preços dos imóveis dispararam no Brasil.
1- Desde dezembro de 2008, o FED americano mantém uma politica de "taxa-zero"
2- No período 2006.2007 , ocorreram vários IPO's de várias construtoras no Brasil, aumentando seus caixas à procura de mais e mais terrenos para construção
3- Crédito abundante como mecanismo anti-cíclico do governo brasileiro
4 - Confirmação do Brasil como país sede para a Copa do Mundo e Olimpíadas no caso do Rio de Janeiro
Deixemos essas 4 questões para a reflexão dos leitores.
4 questões que formaram, na minha avaliação, um conjunto de vetores a puxar e provocar, inevitavelmente, o "efeito manada" que produziu uma escalada "sem fim" nos preços dos imóveis no Brasil.
Quem tem mais peso ?
Isso é apenas uma "ponta do iceberg"