Na semana passada, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), acalmou o mercado, dizendo que, apesar de que em breve subirá os juros, a economia americana continuará crescendo, mas seus companheiros deram outro tom a suas falas. Inclusive a vice-presidente do Fed, que disse que as taxas de juros poderão subir a partir de março. Todos os outros diretores defenderam uma alta de juros o quanto antes nos EUA.
Feriado hoje nos EUA, e a semana promete volatilidade no câmbio. Dados importantes da semana serão o IBC-Br (considerado uma prévia do PIB) e dados da inflação, além de estar marcada para amanhã uma greve de servidores aqui no Brasil. A pressão pelo reajuste dos salários dos servidores e consequente impacto fiscal deve continuar no radar dos mercados e pode prejudicar esse alívio momentâneo que estamos vendo no câmbio.
Vamos acompanhar também nesta semana a evolução da variante ômicron do coronavírus, que apesar de extremamente contagiosa, é muito menos letal.
O dólar encerrou a semana vendido a R$ 5,513, recuo de 0,29%. A divisa fechou a semana com queda de 2,12%. Em 2022, o recuo acumulado chega a 1,09%. Continuou o movimento de realização de lucros na divisa norte-americana, que acumulou na semana o maior declínio em mais de dois meses.
O mercado financeiro global passou a considerar que a expectativa de aumento dos juros pelo Federal Reserve ainda neste semestre está precificada (incorporada) às previsões, retirando a pressão de alta da divisa. Essa tendência se confirmou após a divulgação dos índices de inflação ao consumidor e ao produtor nos Estados Unidos em dezembro, que ficaram dentro das expectativas.
A semana passada foi de expressivo ajuste técnico do dólar no mundo, o que conduziu uma correção também no Brasil, com o mercado discutindo o ritmo de prováveis altas de juros nos Estados Unidos.
Por aqui, pesaram a favor do real as captações de empresas com emissão de títulos no exterior, a internalização de recursos por exportadores e a volta do apetite do investidores estrangeiros por operações de carry trade (que exploram o diferencial entre juros internos e externos). Além de aumentar a atratividade da renda fixa local, a taxa de juros doméstica mais elevada também aumenta o custo do hedge e desencoraja apostas mais contundentes contra o real.
Se não fossem a questões fiscais domésticas, com demanda do funcionalismo por reajuste salarial, e a aparente inviabilidade de uma candidatura da terceira via no pleito presidencial, e o covid, o real poderia se fortalecer mais.
Na agenda de hoje o boletim focus, que vem sempre as segundas-feiras, IGP-10 de janeiro, IBC-BR. Na Europa, IPC de dezembro. E como o título diz, feriado nos EUA.
Bons negócios mercado!