Ações da Nvidia sobem enquanto analistas descartam preocupações com bolha de IA
Duas palavras parecem ecoar em absolutamente todas as conversas, palestras, cafés e encontros improvisados nos corredores: privacidade e paga
E não é exagero.
O Contexto: O Mercado que Move o Mundo
Para entender o tamanho da revolução que estamos presenciando, vale relembrar um número que parece inacreditável: pagamentos movimentam mais de 2 quatrilhões de dólares por ano. Isso mesmo, quatrilhões.
É tanta movimentação que até mesmo um pequeno desvio tecnológico nesse fluxo representa uma disrupção de proporções históricas.
Agora considere: mesmo com o dólar vivendo um dos seus piores anos em décadas, o mercado de pagamentos nos Estados Unidos cresceu 5%. Na América Latina, cresceu 11%.
O mundo precisa de novos trilhos. Trilhos mais baratos, mais rápidos, mais transparentes e mais programáveis.
E aí entram as stablecoins.
Stablecoins: O Elefante na Sala
Hoje, mais de 99% das stablecoins globais são lastreadas em dólar, mas, e este é o ponto mais chocante, todo o mercado de stablecoins ainda equivale a menos de 2% do M2 americano.
Ou seja: estamos no comecinho.
É como estar assistindo o surgimento da internet em 1994, mas agora com trilhões de dólares prestes a mudar de direção.
Stablecoins são globais desde o dia zero. São programáveis, interoperáveis, instantâneas, 24/7. E, principalmente, nascem do entendimento de que os trilhos bancários tradicionais foram criados para um mundo que não existe mais.
Não existe mais espaço para fronteiras, horários bancários, feriados ou janelas de liquidação.
Todos, absolutamente todos, os fluxos de dinheiro do mundo serão reconvertidos para esta tecnologia. Importação, exportação, logística, cadeia de suprimentos, remessas internacionais, comércio exterior, câmbio corporativo, folha global, serviços digitais.
A migração já começou. E é inevitável.
Uma Transformação Ainda Maior: A Fragmentação dos Bancos
Existe uma visão que eu carrego comigo há anos, ela nunca fez tanto sentido: o futuro dos bancos será segmentado.
Cada indústria terá sua própria “experiência bancária”: um “banco da agricultura”, um “banco da logística”, um “banco do e-commerce”, um “banco da economia criativa”, um “banco da exportação”, um “banco da saúde”, ou até bancos construídos sob medida para países, hubs regionais, cidades inteligentes.
A infraestrutura será aberta. Os serviços serão modulados. As decisões serão programáveis. As regras serão ajustadas em tempo real.
Pagamentos serão apenas a primeira camada deste novo mundo.
O Novo Marco Regulatório Brasileiro: Um Passo Histórico
E é exatamente por isso que o movimento que o Banco Central do Brasil fez, com a publicação das Resoluções BCB 519, 520 e 521, é tão importante.
Elas representam o primeiro marco regulatório completo para ativos virtuais e pagamentos transfronteiriços no Brasil, e colocam o país entre as jurisdições mais modernas do planeta nesta agenda.
O que muda na prática?
1. Criação das SPSVAs: Sociedades Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais
Agora existe um enquadramento claro sobre quem pode prestar serviços com ativos virtuais, quais exigências técnicas precisam cumprir, como devem manter patrimônio, controles, governança, compliance e relação com o usuário.
É a institucionalização do mercado. É a construção de confiança. É a porta de entrada para players sólidos e internacionais.
2. Clareza sobre quais operações com ativos virtuais são consideradas câmbio
O BC estabeleceu quando uma operação com stablecoins ou outros ativos digitais se enquadra no mercado de câmbio, algo essencial para o Brasil, que é um dos países que mais transaciona stablecoins no mundo.
Isso abre o caminho para remessas digitais, importação/exportação com liquidação via stablecoin, pagamentos globais programáveis e novos modelos de negócios.
3. Regras para operações sujeitas à regulamentação de capitais internacionais
Fluxos de entrada e saída, investimentos, aportes, pagamentos de serviços globais... agora existe um arcabouço claro que reduz incerteza, risco jurídico e facilita a atuação de empresas brasileiras no ecossistema internacional.
4. Um processo construído com o mercado
As resoluções nasceram dos Editais de Consulta Pública nº 97/2023, 109/2024, 110/2024 e 111/2024.
Participaram:
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empresas brasileiras de cripto e blockchain,
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bancos,
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instituições de pagamentos,
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associações de mercado,
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escritórios de advocacia,
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pessoas físicas,
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entidades internacionais.
Ou seja, é uma regulamentação que nasce da escuta, da colaboração e da maturidade de um mercado que já se tornou gigante, e precisava ser tratado como tal.
Por que isso importa?
Porque, junto com tudo o que está acontecendo lá fora, o Brasil se posiciona como um dos primeiros países do mundo a criar um marco real, objetivo, moderno e competitivo para um mercado que já movimenta bilhões semanalmente.
Essa regulamentação:
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dá segurança jurídica,
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atrai players globais,
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reduz barreiras,
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legitima o uso de stablecoins em transações reais,
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cria um ambiente seguro para inovação,
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e aproxima o Brasil das grandes tendências financeiras globais.
É, literalmente, o tipo de movimento que só acontece uma vez a cada geração.
O Primeiro Capítulo de uma História Gigantesca
Estamos diante de um momento raro, desses que só percebemos a dimensão muitos anos depois.
Stablecoins já são a maior oportunidade da história dos mercados financeiros. O Brasil finalmente ganhou um arcabouço claro, moderno e competitivo. O mundo inteiro está reconstruindo seus trilhos de pagamentos. Indústrias inteiras estão prestes a ter experiências bancárias próprias. E tudo isso está acontecendo agora, simultaneamente.
Quem entender essa mudança cedo demais vai construir impérios. Quem ignorar, vai acordar tarde num novo mundo.
Estamos só no primeiro capítulo. E ele já é gigantesco.
A maior oportunidade da nossa geração está aberta, diante dos nossos olhos.
