Analistas dizem que apetite por risco deve ser favorável em 2026
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) -O Federal Reserve, dividido, reduziu a taxa básica de juros no mês passado, mesmo com alertas de autoridades de que custos mais baixos de empréstimos podem prejudicar a luta contra a inflação, que está acima da meta de 2% do banco central dos EUA há quatro anos e meio, mostrou a ata da reunião de 28 e 29 de outubro, divulgada nesta quarta-feira.
"Muitos participantes foram favoráveis à redução da taxa de juros", afirmou a ata, ao mesmo tempo em que mostrou que alguns membros desse grupo também teriam ficado satisfeitos em manter a taxa básica inalterada.
Vários outros se opuseram ao corte dos juros e "expressaram preocupação com a estagnação do progresso em direção à meta de inflação de 2% do Comitê Federal de Mercado Aberto... enquanto também observaram que as expectativas de inflação de longo prazo podem aumentar caso a inflação não retorne a 2% em tempo hábil."
Além disso, "a maioria dos participantes destacou que (...) novas reduções na taxa de juros podem aumentar o risco de que a inflação mais alta se consolide ou podem ser mal interpretadas como implicando uma falta de comprometimento de formuladores de política monetária com a meta de inflação de 2%", acrescentou a ata.
O comitê de fixação de juros do Fed votou por 10 a 2 na reunião para reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00%, com as duas autoridades divergentes divididas de forma incomum a favor de uma política monetária mais rígida e mais flexível.
A ata sugeriu uma busca vigorosa por um meio-termo, conforme autoridades lidaram com a falta de dados, ponderaram os riscos de aumento da inflação em relação aos riscos de baixa do mercado de trabalho e até mesmo advertiram contra a possibilidade de uma "queda desordenada nos preços das ações" se houvesse uma "reavaliação abrupta" dos investimentos em inteligência artificial.
O chair do Fed, Jerome Powell, disse em termos excepcionalmente diretos em sua coletiva de imprensa após a reunião que um corte nos juros na reunião do Fed de 9 e 10 de dezembro não era uma "conclusão inevitável".
"Há um coro cada vez maior de pessoas achando que talvez seja melhor esperarmos pelo menos um ciclo" antes de considerarmos outro corte, disse Powell a repórteres em 29 de outubro.
O "coro" foi descrito na ata, com autoridades divididas em três grupos diferentes em sua discussão sobre a reunião de dezembro.
"Vários" participantes consideraram uma redução em dezembro como provavelmente apropriada, vários outros consideraram os juros mais baixos como eventualmente apropriados, embora não necessariamente em dezembro, enquanto "muitos participantes" já haviam descartado um corte em dezembro.
IMPACTO DA PARALISAÇÃO DO GOVERNO
Com as divulgações de dados oficiais suspensas antes da reunião de outubro devido à recente paralisação do governo dos EUA, as autoridades tiveram que avaliar informações alternativas, o que pode ter contribuído para o surgimento de um sentimento de cautela em relação a mais afrouxamento monetário.
"Muitos participantes concordaram que o comitê deveria ser deliberado em suas decisões de política monetária, tendo como pano de fundo (...) os riscos de dois lados e a disponibilidade reduzida dos principais dados econômicos", disse a ata.
Desde a reunião de outubro, investidores reduziram as apostas em um corte na taxa de juros em dezembro, passando de mais de 90% de probabilidade para uma probabilidade de resultado incerto. Os comentários públicos de autoridades do Fed refletem a divergência contínua na ausência de dados oficiais sobre empregos e inflação.