Analistas dizem que apetite por risco deve ser favorável em 2026
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilou em margens estreitas no Brasil e fechou a segunda-feira muito próximo da estabilidade, abaixo dos R$5,40, em meio ao aumento das apostas de que o Federal Reserve cortará juros em dezembro, enquanto no exterior a moeda norte-americana sustentava no fim da tarde leves perdas ante outras divisas de emergentes.
O dólar à vista encerrou a sessão em leve baixa de 0,13%, aos R$5,3951 na venda. No ano, a divisa acumula perdas de 12,69%.
Às 17h03, o contrato de dólar futuro para dezembro -- atualmente o mais negociado no Brasil -- cedia 0,29% na B3, aos R$5,4010.
Na sexta-feira, as apostas de que o Federal Reserve cortará sua taxa de juros em dezembro voltaram a ser majoritárias no mercado de títulos norte-americano, invertendo a precificação anterior.
Nesta tarde de segunda-feira, conforme a Ferramenta CME FedWatch, o mercado precificava 80,9% de probabilidade de corte de 25 pontos-base, contra 19,1% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%.
A perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos fez o dólar ceder no Brasil, em especial pela manhã, mas a oscilação foi limitada, sem que houvesse gatilhos para movimentos mais fortes.
Após atingir a cotação mínima intradia de R$5,3787 (-0,43%) às 9h45, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,4066 (+0,09%). Da mínima para a máxima a moeda norte-americana oscilou apenas 0,52%.
“O dólar recuou ao longo do dia em um ambiente mais construtivo para moedas emergentes. A expectativa renovada de corte de juros já na reunião de dezembro reduziu a pressão da divisa a nível global medida pelo índice DXY -- em um pregão marcado pelo apetite global por risco, evidenciado pela alta dos principais índices de ações dos EUA”, pontuou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.
Internamente, destaque para a fala do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
Galípolo afirmou que a diretoria do BC ainda está insatisfeita com o nível da inflação, que ainda não convergiu para a meta de 3%, e acrescentou que é por isso que os juros seguem em patamar restritivo.
"Gostaríamos que a inflação estivesse convergindo mais rápido, mas existe um custo, um trade-off" para fazer isso, afirmou.
A Selic está atualmente em 15% ao ano, enquanto nos EUA a taxa de referência está na faixa de 3,75% a 4,00%. Este diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado por analistas como um fator de atração de recursos para o país, o que vem mantendo o dólar em níveis mais baixos.
No boletim Focus divulgado pela manhã, o dólar projetado pelos economistas do mercado para o fim deste ano seguiu em R$5,40. A mediana das projeções para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15%, mas para o fim de 2026 cedeu de 12,25% para 12,00%.
Pela manhã o Banco Central realizou dois leilões simultâneos de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), nos quais vendeu um total de US$2,0 bilhões. As operações tinham como objetivo a rolagem do vencimento de 5 de janeiro de 2026.
Às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,09%, a 100,150.
