O confronto entre Israel e Irã entrou no quarto dia consecutivo nesta segunda-feira, com novos ataques de ambos os lados. A continuidade das hostilidades eleva o risco de uma pressão prolongada sobre os preços do petróleo e inaugura uma nova fase de instabilidade para a economia global, que ainda lida com os efeitos das tarifas comerciais elevadas.
A principal ameaça macroeconômica associada ao conflito está na possibilidade de uma escalada persistente dos preços da energia, o que pressionaria a inflação ao consumidor nos principais mercados.
“Até agora, o Irã tem concentrado suas ações em Israel”, afirmou Richard Bronze, chefe de análise geopolítica da consultoria Energy Aspects. “Mas o mercado está atento à infraestrutura energética de todo o Oriente Médio, especialmente ao Estreito de Hormuz”, referindo-se à estreita rota marítima por onde passa cerca de um terço do petróleo e gás transportados por via marítima no mundo. Por ora, os embarques seguem normalmente pela região.
Ainda assim, o quadro permanece frágil. Um integrante da comissão de segurança do Parlamento iraniano afirmou que o fechamento do Estreito de Hormuz está em avaliação.
Os preços do petróleo avançaram desde que Israel iniciou ataques contra o Irã na sexta-feira, embora ainda se mantenham dentro da faixa observada ao longo de 2025.
Para Luis Costa, chefe global de crédito soberano em mercados emergentes do Citigroup Global Markets, a reação comedida do mercado reflete a esperança de que o conflito seja contido. “Os mercados estão, obviamente, considerando todos os cenários possíveis. Há, sim, possibilidades extremamente negativas, mas ainda existe um caminho para uma resolução rápida, com o Irã vindo à mesa, ou uma continuidade breve, porém intensa, de ataques cirúrgicos por parte de Israel”, comentou em entrevista nesta segunda-feira.
Analistas do banco DBS, de Singapura, lembraram que "guerras no Oriente Médio nas décadas de 1980 e 1990 não resultaram em choques prolongados nos preços do petróleo". Apesar disso, classificaram o atual confronto como um “desenvolvimento extremamente preocupante”. Segundo eles, o mercado, até o momento, parece preferir precificar os desfechos menos severos.
O risco de uma alta sustentada dos preços da energia reside no potencial de elevação da inflação em um contexto já pressionado pelas tarifas comerciais. Embora a inflação ao consumidor nos EUA tenha se mantido moderada em maio, muitos economistas alertam que choques de preços tendem a aparecer nos dados com certo atraso, o que torna prematura qualquer avaliação dos efeitos das tarifas anunciadas em abril.
“A situação pode aumentar a preocupação com a resiliência do consumo, o desempenho mais amplo da economia e a direção da política monetária americana—uma mudança de narrativa que tende a ser desfavorável para os mercados acionários”, apontaram estrategistas do RBC Capital Markets em nota.
O Federal Reserve deve manter sua taxa básica inalterada na decisão de política monetária marcada para esta terça-feira. Os investidores estarão atentos às declarações do presidente Jerome Powell e às novas projeções econômicas. Um ponto-chave será entender se o conflito no Oriente Médio alterou as expectativas ou o cenário de risco avaliado pelo Fed.
Outro foco será a reação dos mercados à movimentação da Treasury de 10 anos, que recuou para 4,41% na sexta-feira passada, situando-se dentro da média anual.
“O mercado está bastante volátil, com investidores buscando ativos de proteção e pressionando para cima os preços do petróleo”, afirmou Carlos Casanova, economista sênior para a Ásia no Union Bancaire Privée, em Hong Kong.
A semana será um teste para o apetite ao risco, mas até agora o apelo dos Treasuries como porto seguro tem compensado as preocupações inflacionárias, mantendo os juros dentro de uma faixa estreita.
Um fator decisivo que os mercados acompanharão é a possibilidade de envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito, o que pode redefinir as percepções de risco. No domingo, o presidente Donald Trump afirmou:
“Não estamos envolvidos nisso. É possível que venhamos a nos envolver. Mas, neste momento, não estamos envolvidos.”
Jack Janasiewicz, gestor de portfólio da Natixis Investment Managers em Boston, reconheceu o potencial de alta da inflação com a escalada do petróleo, mas ponderou que os mercados tendem a absorver os riscos relacionados ao Oriente Médio.
“Historicamente, eventos geopolíticos como esse provocam uma reação imediata do mercado, mas os impactos de longo prazo costumam se dissipar. O histórico nos mostra que vale a pena olhar além dessas tensões”, concluiu.
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