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Copom Eleva a Selic Novamente; Como Ficam os Investimentos?

Publicado 06.05.2021, 12:46
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Dando sequência ao ciclo de alta de juros, o Copom definiu, na quarta-feira (05), mais um aumento de 0,75 ponto percentual para a taxa básica de juros (Selic), que passa a vigorar no patamar de 3,50 por cento.

Evolução da Taxa Selic Entre 2015 e 2021 (Fonte: Bloomberg)

Diferentemente da última reunião, quando o comitê surpreendeu o mercado elevando os juros acima das estimativas dos analistas, desta vez não houve surpresas no movimento.

Nesse caso, mais importante do que a alta, é a leitura cuidadosa do comunicado divulgado após a reunião – no qual os analistas se debruçam com uma lupa para encontrar pistas sobre os próximos passos da política monetária.

Sabe como é, quem procura acha!

Próximos passos

No comunicado de ontem, o comitê voltou a sinalizar que, na ausência de alguma grande mudança no cenário, deve elevar novamente a Selic em 0,75 ponto percentual em sua reunião de junho – também nada muito diferente do que já se esperava.

Diferente mesmo foi a inclusão de um pequeno detalhe no texto do comunicado:

Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada uma normalização parcial da taxa de juros...”

Embora possa muitas vezes passar batido, o termo “neste momento” sinaliza uma importante mudança no discurso. Explico melhor!

O Banco Central foi duramente criticado em sua penúltima decisão por sinalizar, já na largada, que faria apenas um “ajuste parcial” na Selic. Ou seja, que teria a intenção de encerrar esse ciclo de alta de juros em um patamar abaixo de 6,0 - 6,5 por cento, que é o nível de juros de equilíbrio da nossa economia.

Por um lado, essa postura faz todo o sentido, afinal, embora muitos dados de atividade econômica estejam surpreendendo positivamente, a crise provocada pela pandemia levou a nossa taxa de desemprego para as suas máximas históricas.

Em vista disso, uma fragilidade no mercado de trabalho tende a causar pressões de baixa na inflação (passados os choques de preços que vêm pressionando o IPCA), o que exigiria menos juros.

Então onde está o problema?

Taxa de Desemprego (PNAD) de 2012 a 2021 (Fonte: Bloomberg)

A questão é que, quando olhamos para o outro lado da moeda, também vemos muitos riscos de alta da inflação!

Estamos vendo uma elevação global dos preços das commodities em razão dos grandes estímulos econômicos que os governos dos países desenvolvidos estão promovendo, com destaque para os EUA.

O índice CRB, que mede os preços internacionais de diversas commodities, já se encontra no maior patamar dos últimos 10 anos!

Quando os preços das matérias-primas ficam pressionados por muito tempo em um país com dificuldades em resolver os seus problemas fiscais, há sempre o risco de choques temporários contaminarem as expectativas de inflação, mesmo em um ambiente de desemprego elevado.

Índice CRB Entre 2008 e 2021 (Fonte: Bloomberg)

Sem falar nas altas que estamos vendo nos juros futuros americanos por conta dos riscos inflacionários que estão no radar do mercado por aquelas bandas.

Essas altas tendem a impactar todas as economias globais, incluindo a nossa. O próprio Banco Central já demonstrou preocupação com os possíveis efeitos que um câmbio mais desvalorizado teria sobre a nossa inflação.

Diante desse cenário de incertezas, realmente fica difícil o Copom contratar um “ajuste parcial” já na largada do ciclo de alta da Selic.

Como não sabemos até onde precisaremos elevá-la, dadas todas essas incertezas, a mensagem gera ruído em um momento em que as expectativas de inflação para 2022 já começam a se afastar do centro da meta.

Por isso a importância da inclusão do termo “neste momento” no comunicado.

O termo mostra ao mercado que o Copom segue acreditando em um ajuste parcial, mas que isso pode mudar a depender da evolução do cenário. Ou seja, reforça a mensagem de que ele fará o que for preciso para controlar a inflação, como há de ser!

Hoje, as projeções atualizadas do seu modelo mostram uma inflação de 3,4 por cento ao final de 2022, que é o horizonte mais importante para a política monetária neste momento. Tudo isso supondo uma Selic de 5,5 por cento ao final deste ano e 6,25 por cento ao final de 2022, além de um câmbio em torno de 5,40 ao longo desse período.

Portanto, com base nas informações disponíveis no momento, ao fazermos a nossa lição de casa, teremos uma inflação pouco abaixo do centro da meta (3,5 por cento) no ano que vem.

Mas o que isso significa para os nossos investimentos?

Como ficam os investimentos?

Vale lembrar que este é o primeiro ciclo de aumento da Selic que passamos desde o longínquo ano de 2015. Naquela época, contávamos com pouco mais de 560 mil investidores pessoa física na Bolsa, enquanto no final de 2020 já havíamos superado a marca dos 3,2 milhões.

É normal, portanto, que grande parte dos investidores tenha certa apreensão com o movimento, visto que ainda não navegaram em um mercado com Selic em alta.

É certo também que aumentos da Selic tendem a tornar a renda fixa mais atrativa em relação à renda variável. No entanto, como os juros reais (descontada a inflação) de curto prazo devem continuar em patamares negativos ou próximos de zero nos próximos meses, o Tesouro Selic ainda não está atrativo como em tempos de outrora.

Sem falar que a alta dos juros já está nos preços de muitos ativos de renda variável, visto que as taxas de juros futuras – utilizadas para estimar o valor justo dos Fundos Imobiliários e das empresas – já incorporam muitas altas da Selic.

Por fim, o Banco Central vem fazendo bem a lição de casa ao optar por agir rápido e de forma mais contundente agora para manter as expectativas de inflação ancoradas, de modo a evitar um ciclo de altas maior do que aquele que está por vir.

Ainda assim, o momento exige cautela por parte do investidor, pois temos muitas incertezas no radar. Escolher muito bem em quais ativos se posicionar será cada vez mais importante daqui em diante.

Um abraço e até a próxima!

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