- As ações da Tesla acumulam queda de mais de 40% neste ano, em meio a uma ampla liquidação de empresas de alto crescimento.
- Analistas alertam que as dificuldades da fabricante automotiva na China são impossíveis de ignorar.
- Oferta de Elon Musk para comprar o Twitter também está pesando bastante sobre o papel.
As ações da maior fabricante de veículos elétricos do mundo, Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), estão caindo forte há mais de um mês, fechando o pregão de terça-feira a US$ 628,16, um recuo de quase 7% no dia.
O papel está sendo afetado por uma combinação de fatores, como desalentadora perspectiva macroeconômica, a disparada de casos de Covid na China e a promessa de Elon Musk de comprar o Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) em um acordo de US$ 44 bilhões.
Ao contrário das correções do ano passado, quando a Tesla conseguiu se recuperar rapidamente, desta vez parece ser diferente. Em meio a uma ampla liquidação em empresas de alto crescimento, a desvalorização das ações da Tesla, que acumulam queda de mais de 47% neste ano, é muito maior do que a de pesos-pesados do mercado, como Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), que recua mais de 20% no mesmo período.
A Tesla conseguiu até agora enfrentar os transtornos na cadeia global de suprimentos e a disparada de custos com matérias-primas com mais eficiência do que os concorrentes. A empresa gerou lucro por onze trimestres consecutivos, superando as estimativas de produção dos analistas com consistência.
No entanto, há sinais de que o último surto de coronavírus na China acabará prejudicando a produção da empresa no segundo trimestre, já que o país ampliou os bloqueios sanitários em vigor, provocando diversas paradas na fábrica da empresa em Xangai.
Em nota recente, Adam Jonas, analista do Morgan Stanley (NYSE:MS), alertou que as restrições de oferta na China poderiam fazer com que as entregas da companhia ficassem bem abaixo das expectativas no 2º tri. De acordo com dados da Bloomberg, a estimativa média dos analistas para as entregas da Tesla no 2º tri são de cerca de 303.000 unidades, uma queda de 12% em relação ao final de março.
Incerteza em torno do acordo com o Twitter
Além dos bloqueios sanitários na China e da piora no ambiente macroeconômico, a tentativa de Elon Musk de garantir termos favoráveis na compra do Twitter também não está ajudando. O bilionário CEO da Tesla tuitou recentemente que o acordo está “em espera” até que ele obtivesse informações a respeito da quantidade de contas falsas no total de usuários da plataforma de mídia social.
Isso aconteceu ao mesmo tempo em que as ações da Tesla e do Twitter afundavam, sendo que o Musk ofereceu ações da fabricante de veículos elétricos como parte do pagamento. O conselho do Twitter, enquanto isso, afirma que pretende fazê-lo cumprir o acordo, obrigando-o a pagar US$ 54,20 por ação da rede social. Essa incerteza pesa bastante sobre os investidores da Tesla que se preocupam com o fato de que Musk terá que vender uma parcela maior da sua participação na empresa para financiar o acordo. O que está aumentando a pressão é que o acordo também inclui uma “taxa de rescisão reversa” de US$ 1 bilhão que seria acionada caso Musk saia do acordo.
Em vista dessa miríade de adversidades, os recentes problemas da Tesla criaram uma marcada divisão entre a comunidade de analistas dos papéis da companhia.
Entre os 42 analistas pesquisados pelo Investing.com, embora 22 ainda recomendem compra na TSLA, uma quantidade igual recomenda venda ou se mantém neutra.
Fonte: Investing.com
Seu preço-alvo médio de 12 meses de US$ 973,84 indica uma potencial de alta de 55,03%, mas a faixa de preços é ampla: varia de uma mínima de US$ 250 até uma máxima de US$ 1620, sinal da incerteza dos analistas a respeito da trajetória futura do papel.
Em nota emitida na terça-feira, a Bernstein disse que estava preocupada com o fato de que a compra do Twitter por Elon Musk pudesse provocar um declínio ainda maior nas ações da Tesla. A nota disse o seguinte:
“Talvez o maior – e menos provável – risco financeiro seja que Musk conclua o acordo e o preço das ações da TSLA caia substancialmente, desencadeando uma chamada de margem”.
No entanto, os investidores da Tesla têm uma sólida razão para permanecerem esperançosos. Os papéis da Tesla saltaram mais de 22.000% desde a sua abertura de capital em 2010, proporcionando aos investidores um retorno anual de 58%. O S&P 500, por outro lado, entregou um retorno de 373%, incluindo dividendos no mesmo período, o que corresponde a uma média de 15% ao ano.
Ao reiterar a classificação da Tesla como “acima da média”, o banco de investimento Piper Sandler disse, em nota, que a ação é um “investimento sólido”.
“Estamos cortando nossas estimativas e preço-alvo para refletir a fraqueza relacionada à Covid na China, bem como à média ponderada do custo de capital em nosso modelo de fluxo de caixa descontado. No entanto, ainda consideramos que a TSLA seja um investimento sólido em qualquer portfólio de ‘mobilidade avançada’”.
Conclusão
Os investidores que aproveitaram as correções das ações da Tesla para comprá-las acabaram lucrando no passado. Mas, desta vez, o cenário parece ser diferente, em vista da grande quantidade de desafios que a companhia enfrenta, como interrupções de produção na China, piora do ambiente macroeconômico e a incerteza com o acordo de compra do Twitter por Musk.
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