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Descolamento entre a Crise Política e a Evolução da Economia

Publicado 25.09.2017, 10:31
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Continuamos monitorando os eventos, de olho neste descolamento entre a crise política, intermitente, e a evolução da economia.

Interessante observar que mesmo com o ambiente cada vez mais pesado no mundo político e, porque não dizer, judiciário e policial, em torno da movimentação dos vários processos em curso, no front da economia os fatos favoráveis continuam se sucedendo, meio que “alheios ao clima de Brasília”.

Apenas para lembrar. Na semana passada tivemos a aceitação do STF em torno das denúncias da PGR contra Michel Temer. Foi uma derrota acachapante para o presidente, com a mais alta corte do País meio que “lavando as mãos” sobre esta decisão (se aceitava ou não as denúncias), deixando para a Câmara deliberar politicamente sobre estas. Agora aguardemos a denúncia sobre formação de quadrilha ir para as comissões especiais, para depois ser votada com aprovação nos dois terços. Ou seja, Temer cai se 308 votantes optarem por aceitar estas denúncias. Possivelmente não devem passar, mas será importante saber como se encontra o apoio parlamentar ao governo Temer. Dúvidas surgem sobre sua sustentabilidade até porque pelo lado do apoio da sociedade pesquisas recentes mostravam menor aprovação do que à Dilma Rousseff na época do impeachment.

Sobre este descolamento, o que se observa é o mercado enxergando que a equipe econômica segue “preservada”, proporcionando um maior clareamento sobre como o País deve evoluir, havendo também a percepção de maiores chances de um candidato mais alinhado com os alicerces da política econômica atual para as eleições majoritárias de 2018. Isso acaba se refletindo no mercado de ações (B3 (SA:BVMF3)), já testando os 76 mil pontos, não sendo surpresa se chegar a 80 mil pontos ao fim deste ano e a 100 mil em 2018. A leitura aqui é que o juro reduzido a 7% (sete pontos de queda desde outubro de 2016), o emprego recuperando e a crise política “meio de lado” contribuem para a recuperação no lucro das empresas. Soma-se a isso, o risco país continua em queda, a 250 pontos básicos pelos EMBIs e 180 pelos CDS. O dólar se movimenta em torno de R$ 3,10 e é crescente o ingresso de investidores estrangeiros. Na bolsa de valores estes já passavam de R$ 14,3 bilhões, representando 50% do total de investidores. Dúvidas, no entanto, surgem sobre esta melhoria dos indicadores-sinais do mercado. Será que esta é sustentável diante da reforma da Previdência adiada (ou mesmo abandonada). Não poderíamos ter uma ruptura neste movimento? Esta é a dúvida que permanece.

Falando da economia, tivemos uma semana repleta de boas notícias, como a recuperação da arrecadação federal em agosto, depois de uma longa “inércia recessiva”, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) sinalizando “redução moderada” no ritmo de cortes da taxa Selic e enxergando inflação menor e PIB maior neste ano, empregos formais de agosto (+35,4 mil) pelo Caged mostrando avanço pelo quinto mês seguido e IPCA-15 de setembro registrando 0,11%, acumulando em 12 meses 2,56%. Nos EUA, em destaque tivemos a reunião do Fomc, com Janet Yellen empurrando para o final do ano o retorno no ciclo de aperto monetário. Em paralelo, o desmonte da política de compra de títulos, com o balanço patrimonial em torno de US$ 4,5 trilhões devendo ser reduzido em outubro, com “não rolagem” em US$ 6 bilhões mensais até dezembro e em US$ 10 bilhões mensais a partir de janeiro do ano que vem.

A arrecadação federal de agosto chegou a R$ 104,2 bilhões, com crescimento considerável de 10,8% contra o mesmo mês do ano passado, dada a melhoria mais disseminada em vários setores da economia e alguns fatores pontuais. Nestes, podemos incluir o resgate de precatórios, no total de R$ 6 bilhões, O aumento no lucro das empresas, o que melhorou no recolhimento do IRPJ/CSLL, de 24,6% contra o mesmo mês do ano passado, o aumento na arrecadação do Cofins em 11,1%, ainda mais depois da elevação da alíquota do imposto sobre combustíveis, o aumento na arrecadação de recolhimentos de receitas benefíciárias (+4,4%) e do IRPF (+8,6%). Isso corrobora talvez para um resultado fiscal melhor neste ano, já que a frustração de receita até o momento estaria em R$ 38,5 bilhões, enquanto que o orçado pelo governo estaria em R$ 50 bilhões. A Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, estaria prevendo um déficit neste ano em torno de R$ 156,2 bilhões. Temos que considerar também o “reforço de caixa” com as concessões no setor energético e novas antecipações com o Refis, além da retomada da economia. Para setembro se prevê nova recuperação da arrecadação federal.

ARRECADAÇÃO FEDERAL ESBOÇANDO REAÇÃO (R$ Milhões)

Arrecadação federal esboça reação

No que se refere ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) devemos destacar a manutenção dos cortes da taxa Selic, mas só que em “ritmo mais moderado”. Achamos que a taxa Selic deve ser cortada em 0,75 ponto percentual, a 7,5%, em outubro e depois, mais um corte de 0,5 ponto percentual, reduzida a 7% em dezembro. É neste patamar que a Selic deve fechar neste ano e também em 2018, para depois ser elevada a 8% em 2019/2020, diante da perspectiva de um crescimento mais robusto, acima de 3%. Observamos daí que o BACEN resolveu ignorar a crise política, embora ainda coloque no seu “balanço de riscos” preocupação com o ritmo das reformas e ajustes.

Por fim, fechando, tivemos o IPCA “derretendo”, registrando 0,11% em setembro pela sua prévia, acumulando 2,56% em 12 meses, abaixo do registrado em agosto (2,68%). Isso deve abrir espaço para um “índice cheio” próximo a 0,1% ao fim deste mês. Neste comportamento, chama atenção o forte recuo nos preços dos alimentos (no gráfico abaixo, Não Duráveis), tendo passado de 15,3% em agosto de 2016 para algo próximo a uma deflação de 2,8% em agosto passado. Sem dúvida que a boa safra deste ano teve sua influência, assim como, no caso deste índice, o recuo dos alimentos em domicílio (-5,4%). Devemos considerar também que ocorreu uma redução considerável do “índice de difusão” nas elevações dos preços, de 49,8% para 46,0%, sendo que há um ano se aproximava de 70%.

Acreditamos que nesta toada o IPCA se aproxima cada vez mais de fechar o ano a 2,5%, se equiparando inclusive aos patamares dos países desenvolvidos, em sua maioria com taxas abaixo de 3%. Estará este índice, portanto, abaixo do piso inferior, de 3% (contra uma meta central de 4,5% e 1,5 ponto de intervalo), o que deve levar o BACEN a uma política monetária mais “estimulativa” nos próximos meses, segundo palavras do Relatório Trimestral de Inflação e também da Ata.

Com o IPCA a 2,5% e o Selic a 7%, teríamos então a taxa real a 4,4%, abaixo da chamada “taxa neutra”, ou estrutural, segundo estudos do FMI de 2016, em torno de 5,1%, mas muitos considerando mais plausível esta ser próxima de 4%. Este debate deve se deslocar, então, para “quão atrativa” deve se manter a rentabilidade dos títulos públicos, nas suas diferentes modalidades, no intuito de melhorar o perfil de rolagem da dívida pública mobiliária. Isso, no entanto, é assunto para um próximo Panorama.

Concluímos, portanto, que a economia segue bem obrigado, apesar das intempéries do nosso caos político. Esperamos que assim permaneça nos próximos meses e também em 2018.

TRAJETÓRIA DO IPCA POR SEGMENTOS EM 12 MESES

IPCA por segmentos

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