*Com Pedro Possik
Com o cenário de juros elevados no Brasil, muitos investidores voltaram os olhos para produtos de renda fixa. Com isso, LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) continuam sendo uma alternativa atrativa, especialmente por ainda contarem com isenção de imposto de renda para pessoas físicas. Mas será que, em 2025, elas são um bom negócio? A resposta, como quase tudo no mundo dos investimentos, é: depende.
Entende-se LCI e LCA como títulos emitidos por bancos com o objetivo de captar recursos para financiar os setores imobiliário e do agronegócio. Ao investir nesses papéis, o investidor está, na prática, emprestando dinheiro para que essas instituições financiem operações vinculadas aos setores citados. Em troca, recebe uma remuneração que pode ser prefixada, pós-fixada (geralmente atrelada ao CDI) ou híbrida (como IPCA + taxa fixa). Como incentivo para estimular os setores imobiliário e do agronegócio, o governo concede isenção de imposto de renda nas LCIs e LCAs para pessoas físicas. Na prática, isso significa que o investidor fica com 100% da rentabilidade contratada no bolso.
Para calcular a rendimento da LCI ou LCA vai depender de três variáveis principais: o prazo, o tipo de indexação e o banco emissor. Nos títulos pós-fixados, o mais comum é que a remuneração seja atrelada a um percentual do CDI. Exemplo: se o título paga 95% do CDI e o CDI do ano foi de 10%, o retorno será de 9,5% ao ano. Nos prefixados, o investidor já sabe o quanto vai receber desde o início. Se a taxa for 10% ao ano, o rendimento final será exatamente esse, sem surpresas. Já os híbridos combinam uma taxa fixa com a variação da inflação. Por exemplo, um título IPCA + 5% garantem um ganho real de 5%, independentemente da inflação. Importante ressaltar que essa rentabilidade é bruta e líquida ao mesmo tempo, no caso das pessoas físicas, já que não há incidência do imposto de renda sobre o rendimento para esse público.
Por conta disso, uma das maiores vantagens das LCIs e LCAs é a isenção do imposto de renda sobre o lucro para pessoas físicas. Reforçamos que isso é exclusivo para pessoas físicas. Já em outros investimentos, como CDBs, Tesouro Direto e fundos, uma parte da sua rentabilidade é sempre "comida" pelo imposto, que pode ir de 22,5% a 15%, dependendo do tempo que o dinheiro fica aplicado. Por isso, mesmo que a LCI ou LCA ofereça uma taxa um pouco menor, muitas vezes ela rende mais no fim das contas. Além disso, esses títulos têm a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF em cada banco, o que traz ainda mais segurança para quem investe.
Mas será que vale investir nesse tipo de produto em 2025?
Com a taxa Selic estabilizada acima dos 10% ao ano e o CDI acompanhando, os títulos isentos de IR voltaram a ganhar destaque. Especialmente para perfis conservadores, LCI e LCA aparecem como uma excelente forma de rentabilizar o capital com baixo risco.
“Mas nem tudo são flores”, apesar das vantagens, é importante ficar atento a alguns pontos antes de investir em LCI ou LCA. O principal deles é a liquidez, já que esses títulos normalmente têm prazos mínimos de carência — geralmente a partir de 90 dias — e não permitem resgate antecipado, o que exige um bom planejamento. Outro fator é a relação entre rentabilidade e o banco emissor: os grandes bancos costumam pagar taxas mais baixas, entre 80% e 90% do CDI, enquanto os bancos médios e menores podem oferecer até 100% ou mais. Nesse caso, é importante observar e tentar respeitar o limite de cobertura do FGC e, consequentemente, diversificar os emissores para reduzir riscos. Além disso, há outras opções no mercado que podem competir com LCI e LCA, como CDBs de alta rentabilidade, fundos DI com taxa zero, Tesouro Selic e debêntures incentivadas — essas últimas também isentas de IR, embora geralmente com maior risco e prazos mais longos.
Para entender melhor, vamos a um exemplo. Imagine dois investimentos com prazo de um ano: uma LCI que paga 90% do CDI, e um CDB que paga 100% do CDI, mas com cobrança de imposto de renda de 17,5% sobre o rendimento. Se o CDI estiver em 10% ao ano, a LCI entregaria um rendimento líquido de 9%, já que é isenta de IR. Já o CDB, apesar de render mais no papel, teria um retorno líquido de cerca de 8,25% após o desconto do imposto. Ou seja, mesmo com uma taxa menor, a LCI acaba rendendo mais no final.
Na nossa visão, para concluir, as LCIs e LCAs seguem sendo uma boa escolha para quem busca segurança, isenção fiscal e previsibilidade. Em 2025, com o retorno dos juros altos e maior instabilidade econômica global, esses títulos voltam a ganhar destaque na carteira do investidor conservador. A escolha entre LCI/LCA e outros produtos vai depender do perfil do investidor, objetivos e horizonte de investimento. Mas, no geral, a combinação de isenção de IR + proteção do FGC + boa rentabilidade líquida ainda faz desses títulos uma excelente pedida para diversificar sua renda fixa, ainda mais levando em consideração que o Brasil apresenta um histórico de juros relativamente altos, o que torna os papeis de LCI/LCA ainda mais atrativo
*Estudante de Economia do Ibmec Rio, foi monitor de Macroeconomia e Membro do CEMEC