Um dia após balanço, Petrobras perde R$ 32 bi de valor de mercado

Publicado 09.08.2025, 07:41
Atualizado 09.08.2025, 11:10
© Reuters.  Um dia após balanço, Petrobras perde R$ 32 bi de valor de mercado

Um dia depois da divulgação de balanço referente ao segundo trimestre, as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) despencaram na Bolsa de Valores nesta sexta-feira, 9, com a avaliação de investidores de que ficou aquém do esperado o valor dos dividendos anunciados pela estatal no período, de R$ 8,66 bilhões. Também pesou nos negócios a decisão da Petrobras de voltar ao setor de distribuição, seis anos após ter saído da área com a venda da BR Distribuidora.

As ações ordinárias (ON) caíram 7,95%, enquanto as preferenciais (PN) recuaram 6,15%. O mau humor contaminou o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que recuou 0,45%, aos 135,9 mil pontos. Sem a Petrobras, o índice teria subido 0,39%.

Como resultado, só ontem a Petrobras perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado. Foi a maior perda em um só dia desde 15 de maio de 2024, quando os investidores se abalaram com a renúncia do então CEO Jean Paul Prates.

O valor de mercado da estatal caiu de R$ 442,1 bilhões para R$ 410,2 bilhões, o menor nível desde junho deste ano, quando havia perdido o piso de R$ 400 bilhões pela primeira vez após dois anos. Na Bolsa de Nova York (NYSE), os certificados de ações (ADRs) relativos à ação ON recuaram 7,34%, enquanto os equivalentes à PN cederam 6,42%.

Para o analista Rafael Passos, sócio da Ajax Asset, os números da Petrobras vieram abaixo do consenso, com maior volume de despesas de capital (capex, no termo usado pelo mercado) e piora nos indicadores de retorno sobre o capital investido. "Olhando para frente, mesmo com expectativa de maior produção no ano, o capex deverá seguir elevado diante da transição de FPSOs (navios-plataforma) arrendados para próprios."

Retorno à distribuição

Outro ponto que desagradou ao mercado foi a aprovação à volta da atividade nos segmentos de refino, transporte e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP, gás de cozinha), pelo conselho de administração da estatal, na quinta-feira, 7.

Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras prevê primeiramente a expansão na distribuição de GLP, a integração com outros negócios no Brasil e no exterior e a oferta de soluções de baixo carbono aos clientes.

No segundo trimestre, a petroleira obteve lucro líquido de R$ 26,6 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 2,6 bilhões no mesmo período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês), que mede a capacidade da empresa em gerar caixa, foi de R$ 52,2 bilhões, resultado 5,1% superior ao do segundo trimestre de 2024.

Setor de distribuição tem margens reduzidas, alertam especialistas

Apesar de a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, defender a intenção da empresa de voltar ao setor de distribuição de gás de cozinha, especialistas de mercado desaprovam a iniciativa. Durante teleconferência ontem com analistas, a executiva enfatizou que o atual tamanho da Petrobras se deve à visão de integração e à busca por sinergias, o que explica a decisão de voltar ao setor.

"Somos uma empresa que nasceu integrada do poço ao posto. Diante de um produto que vai ter uma produção crescente, e se for um bom negócio para a companhia com uma atratividade adequada, por que não exercer mais essa sinergia?", questionou.

Magda disse que, com a produção de GLP aumentando, o grande desafio da companhia é colocar os produtos no mercado. "Temos pressão por ampliação de mercado, estamos indo direto aos grandes consumidores de GLP", afirmou.

A executiva afirmou que a Petrobras não pode ter limitação para o avanço do GLP e que deve buscar venda, seja no modelo B2B (de empresa para empresa), seja para o consumidor final.

O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a empresa busca grandes clientes para o fornecimento de GLP de forma direta, caso de Vale (BVMF:VALE3) e produtores do agronegócio. "Quando se fala em distribuição, é que estamos nos aproximando dos clientes. Estamos muito ligados a oferecer para o agronegócio, ir direto para grandes consumidores."

Desaprovação

Analistas de mercado desaprovaram a iniciativa. "Vemos a medida sob uma ótica negativa", afirmou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, em nota. "Trata-se de um segmento com margens historicamente mais apertadas, o que tende a reduzir a eficiência da alocação de capital e pressionar o rendimento anualizado do caixa livre."

O Citi afirmou em relatório que o ritmo de despesas de capital (capex, no termo usado pelo mercado) está mais alto do que o previsto, indicando que a Petrobras se aproxima de atingir sua orientação de US$ 18,5 bilhões. "A maior alavancagem chama a atenção para o fato de que, pela primeira vez em muito tempo, a Petrobras ultrapassou US$ 65 bilhões de dívida bruta", afirmam os analistas.

No caso dos combustíveis líquidos, segundo apurou o Estadão/Broadcast, na reunião de anteontem do conselho de administração decidiu-se que era cedo para discutir a volta aos postos de abastecimento, já que até 2029 a Petrobras não pode, por contrato, concorrer com a Vibra (ex-BR Distribuidora). Apesar da mudança de nome, a marca Petrobras foi mantida com a Vibra por dez anos.

A subsidiária foi vendida no governo Bolsonaro, em 2019, por R$ 9,6 bilhões. À época, a BR era a maior distribuidora do País, com quase 8 mil postos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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