Apesar de o ritmo de cultivo da safra brasileira ter se acelerado em novembro e ficar praticamente no mesmo nível registrado no mesmo período de 2014, produtores se mostraram preocupados com o desenvolvimento das lavouras. A maior parte dos lotes vendidos deve ser entregue a partir de fevereiro, o que aumenta ainda mais as preocupações dos sojicultores que precisaram realizar o replantio. Com isso, muitos produtores estiveram afastados do mercado em novembro, mantendo baixa a liquidez no mercado brasileiro.
No Sul do País, o replantio foi necessário devido às persistentes chuvas, que prejudicaram a germinação do grão e/ou o desenvolvimento das lavouras. No Paraná, as seguidas precipitações dificultaram a entrada de máquinas nas lavouras para aplicação de defensivos agrícolas. Já em partes do Centro-Oeste, as chuvas esparsas prejudicaram as lavouras. Em Mato Grosso, o replantio foi mais significativo, o que elevou o custo para o sojicultor.
Neste ano, têm chamado atenção os focos de ferrugem asiática. No ano passado, até final de novembro, 44 focos haviam sido registrados, dos quais 16 eram em Mato Grosso e 17, no Rio Grande do Sul. Já até o final de novembro deste ano, dados do ConsórcioAntiferrugem da Embrapa apontavam 78 focos. Destes, 31 foram no Rio Grande do Sul e 28, no Paraná; em Mato Grosso, apenas 5 focos foram registrados. Este ambiente deve elevar ainda mais a intensidade de aplicação de fungicidas, com a agravante de que os custos de produção estão mais elevados neste ano.
Enquanto isso, as exportações continuaram em ritmo intenso, atingindo volumes atípicos para esse período. No agregado de 2015, os embarques já são recordes e ainda há registros de navios nomeados para carregar o grão até a terceira semana de dezembro.
Dados da Secex indicam que, em novembro/15, foram embarcadas 1,44 milhão de toneladas de soja em grão, quase nove vezes a mais que o volume de novembro do ano passado, de 176,55 mil toneladas. O preço médio recebido pelas vendas de soja foi de R$ 86,58/saca de 60 kg em novembro, 27,44% a mais que há um ano. De janeiro a novembro de 2015, foram enviadas ao exterior 53,59 milhões de toneladas de soja em grão, 17,3% superior ao total exportado em 2014 (45,69 milhões de toneladas). O preço médio de janeiro a novembro de 2015 é de R$ 76,21/sc de 60 kg, o maior da história, em termos nominais. A valorização do dólar deu forte impulso às altas neste ano.
De farelo de soja, o Brasil embarcou 1,44 milhão de toneladas, volume 14,8% superior ao do mesmo período de 2014 (891,37 mil toneladas). O preço médio recebido pelas vendas de farelo de soja foi de R$ 1.461,43/tonelada no mês passado. Na parcial de 2015, foram exportadas 13,78 milhões de toneladas de farelo de soja, 0,5% superior ao volume embarcado em todo 2014 (de 13,72 milhões de toneladas) e o maior volume para um ano desde 2005. O preço médio recebido pelas vendas de farelo de soja está em R$ 1.296,32/tonelada na parcial deste ano, 14,6% superior aos R$ 1.131,15/tonelada na média de 2014 – conforme dados da Secex.
Os embarques de óleo de soja somaram 111,7 mil toneladas em novembro, 11% acima do embarcado há um ano (100,67 mil toneladas). O preço médio recebido nas vendas do óleo de soja foi R$ 2.330,39/tonelada no mês. De janeiro a novembro, o País exportou 1,39 milhão de toneladas de óleo de soja, 17,8% superior ao total embarcado em 2014 (de 1,18 milhão de toneladas). O preço médio do óleo de soja na parcial de 2015 é de R$ 2,244,65/tonelada, 18,8% maior que o valor médio de 2014, também segundo a Secex.
A vitória do candidato da oposição na Argentina elevou as estimativas de produção agrícola naquele país, cenário que também influenciou as cotações no Brasil e nos Estados Unidos em novembro. A Bolsa de Cereais de Buenos apontou que produtores argentinos já passaram a preparar e a cultivar áreas que até então estavam abandonadas, em diferentes regiões do país, o que pode a elevar a estimativa de área cultivada para diferentes culturas. No caso da soja, a estimativa atual é de que sejam cultivadas 19,8 milhões de hectares.
A Argentina é o terceiro maior exportador e esmagador de soja, liderando as exportações de farelo e óleo. Na expectativa de maior oferta de soja, pode-se apostar em maior processamento interno e elevação da disponibilidade de derivados ao mercado internacional.
O Indicador Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, na condição transferido corredor de exportação e/ou sobre rodas no porto, na modalidade spot, teve média de R$ 79,97/sc de 60 kg em novembro, 2,4% inferior ao de outubro. Ao ser convertido para dólar (moeda prevista nos contratos na BM&FBovespa (SA:BVMF3)), o Indicador registrou média de US$ 21,17/sc de 60 kg em novembro, leve aumento de 0,2% frente ao mês anterior. No mesmo intervalo, o dólar cedeu 2,6%, a R$ 3,778. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve queda de 3,3%, a R$ 75,55/sc 60 kg em novembro.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), o primeiro vencimento da soja em grão teve média de US$ 8,6793/bushel (US$ 19,13/sc de 60 kg) em novembro, 2,5% inferior à de outubro. Para o farelo de soja, o primeiro vencimento teve média de US$ 290,00/tonelada curta (US$ 319,67/t), baixa de 5,4% na mesma comparação. Para o óleo de soja, o mesmo vencimento cedeu 1,4% no mês, a US$ 0,2789/lp (US$ 614,77/t).
Análise sobre o mercado de soja elaborada pelo Cepea. Equipe: Prof. Dr. Lucilio R. Alves, Ana Amélia Zinsly, Débora Kelen Pereira da Silva, Rafaela Moretti Vieira, Camila de Oliveira Tolotti, Bárbara Alcântara G. de Oliveira, Camila Pissinato e Yasmin Pascoal.
Diferenciais de preços (Indicador e praças)
Estimativa do valor das alternativas de comercialização de farelo e óleo, em equivalente soja em grão, posto indústria
Prêmios – Produtos do complexo agroindustrial da soja
Preços FOB para farelo, grão e óleo (primeiro embarque)
