A diversificação é, e sempre será, a melhor estratégia para proteger os investimentos. Alocar recursos em diferentes tipos de ativos ajuda a equilibrar os impactos de eventuais perdas. A diversificação não se limita a classes de ativos, ela também pode ser geográfica, incluindo mercados internacionais como parte do portfólio.
Alocar parte da reserva de valor em ativos internacionais é uma boa forma de se proteger de risco sistêmico. A reserva de valor nada mais é que um, ou mais ativos, que devem manter o seu valor ao longo do tempo, mesmo diante de crises e oscilações econômicas. Ou seja, esse ativo deve ter a capacidade de ser mantido e convertido em dinheiro em um momento futuro sem perder seu valor substancial. Ela pode ser utilizada como forma de se proteger de crises inflacionárias ou políticas, optando por ativos mais seguros, como ouro ou dólar.
Dólar como reserva de valor
Mas quando devo usar o dólar como reserva de valor? O dólar é usado como forma de diversificação e reserva de valor sendo, inclusive 59% das reservas globais de bancos centrais estão denominadas em dólar. A moeda americana é considerada um ativo extremamente seguro, utilizado para se proteger de crises econômicas e políticas, além de uma grande aceitação internacional para diversos tipos de operações.
Para os investidores, o dólar é considerado uma das moedas mais populares para diversificação de portfólio no mundo todo. Especialmente em países emergentes como o Brasil, o dólar é utilizado como forma de proteção contra a volatilidade local e inflação, além de aproveitar a estabilidade econômica dos EUA.
Dólar e real
Ao longo dos últimos 20 anos, o dólar teve uma valorização expressiva frente ao real, com um aumento de cerca de 150%, dependendo do período analisado, refletindo as crises econômicas, mudanças nas taxas de juros e políticas monetárias nos EUA e no Brasil.
Essa valorização do dólar frente ao real se deu em vários momentos. Em 2004, a cotação do dólar estava em torno de R$ 2,80. Com a valorização do real nos anos seguintes, o dólar caiu para valores próximos de R$ 1,60 no início de 2011. No entanto, a partir de 2014, a moeda americana começou a se valorizar novamente, com o real enfrentando desafios econômicos internos, como a recessão, o aumento da inflação e a perda do grau de investimento. Entre 2015 e 2016, o dólar ultrapassou os R$ 4,00 pela primeira vez em mais de uma década.
Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, o dólar teve uma grande valorização, atingindo seu pico histórico, superando a marca de R$ 5,50, reflexo das incertezas globais e das políticas monetárias expansivas nos EUA. Após esse período de alta, o dólar se manteve atingindo a sua máxima, batendo mais de R$ 6,10 frente aos desafios fiscais e orçamentários do Governo, juros e inflação que pressionam o mercado.
O dólar se beneficia de fatores como a profundidade do mercado de capitais americano, confiança nas instituições dos EUA e a falta de alternativas robustas entre moedas concorrentes e essa relação reflete um cenário de instabilidade para a moeda brasileira, com o dólar se consolidando como uma reserva de valor em tempos de crise aliado com um mercado que entrega boas oportunidades, algo que se intensifica durante períodos de incerteza econômica no Brasil.
Porém, assim como diversificamos entre renda fixa e variável, inflação e pré-fixado, devemos olhar para a diversificação em dólar como uma forma de proteção e de maximizar nossos resultados, mas mantendo o equilíbrio da carteira ainda é fundamental dentro do perfil de cada investidor.
A alocação internacional deve estar dentro da política de investimentos de cada um, uma vez que ainda que historicamente o dólar seja mais forte que o real, questões tributárias ou mudança em políticas cambiais podem interferir no resultado esperado.