A semana tem sido positiva para o dólar estadunidense até o momento. Ontem, à véspera do primeiro relatório de empregos do ano nos EUA, a moeda americana ampliou seus ganhos frente às principais divisas. O rali foi impulsionado por novas máximas recordes nas ações americanas e palavras encorajadoras dos presidentes dos bancos centrais locais. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, por exemplo, enxerga um ano tranquilo pela frente; Charles Evans, do Fed de Chicago, afirmou que a economia está em boas condições; Thomas Barkin, do Fed de Richmond, ficou satisfeito com os relatórios de emprego e os gastos nas festas de fim de ano; enquanto Robert Kaplan, do Fed de Dallas, considera um crescimento de 2-2.5% para o PIB americano em 2020, com possibilidade de ser ainda maior se os ventos contrários diminuírem. O pânico inicial após a retaliação iraniana ao assassinato de um importante general do país arrefeceu lentamente, quando ambos os lados darem um passo atrás no enfrentamento aberto, mas sempre há o risco de uma escala repentina, principalmente depois que comandantes iranianos ameaçarem mais ataques.
Apesar de a geopolítica continuar sendo destaque nas primeiras horas de sexta-feira, os dados vão falar mais alto. Os números do mercado de trabalho serão divulgados nos EUA e no Canadá. Com base no desempenho da moeda americana, tudo indica que os investidores esperam um bom relatório. Entretanto, o crescimento do número de empregos em novembro foi muito mais forte do que o esperado (266 000 contra a previsão de 180 000), com a taxa de desemprego caindo de 3,6% para 3,5%. Neste mês, a expectativa é que o emprego cresça mais lentamente para 160K, mantendo a taxa de desemprego estável em 3,5%. Considerando o desvio de 100K previsto para dezembro em comparação com novembro, os números gerais serão tão importantes quanto as revisões e a média de ganhos por hora neste mês. Em novembro, o crescimento salarial foi drasticamente revisado para baixo e, em dezembro, a expectativa é que haja uma recuperação. Os argumentos para um relatório mais forte ou fraco estão bem equilibrados, embora o declínio no componente de emprego do ISM industrial e não manufaturado, em conjunto com o incomum aumento do mês passado, favorece um relatório mais brando.
Argumentos a favor de um relatório de empregos mais forte:
- Alta na variação de empregos da ADP de 124 000 para 202 000;
- Estabilidade nos pedidos de seguro-desemprego nas últimas 4 semanas;
- Alta no índice de Confiança do Consumidor da Universidade de Michigan;
- Queda nas demissões do relatório da Challenger.
Argumentos a favor de um relatório de empregos mais fraco:
- Declínio menor no componente de emprego do ISM não industrial;
- Declínio no componente de emprego do ISM industrial;
- Alta nos pedidos contínuos de seguro-desemprego;
- Queda no índice de confiança do consumidor do Conference Board.
Cenários
Os números do mercado de trabalho canadense também estão na agenda. Os investidores têm vendido a divisa do país desde o decepcionante relatório PMI da IVEY, mas segundo a qual as condições do mercado de trabalho melhoraram no fim do ano. Isso está em linha com a recuperação esperada após o abissal declínio do mês passado. Vale lembrar que a expectativa de crescimento de empregos era de 10 000 em novembro, mas acabou ocorrendo uma impressionante queda -71 000. Por isso, espera-se não só uma revisão para cima desse relatório, mas também um repique na criação de empregos. Os economistas preveem que a economia adicione 25 000 empregos e que a taxa de desemprego caia para 5,9% para 5,8%. Se os dados dos EUA desapontarem e os números canadenses superarem as expectativas, ou vice-versa, podemos ver grandes oscilações no par USD/CAD.
Por fim, enquanto o dólar estadunidense apresentou o melhor desempenho na quinta-feira, o dólar neozelandês teve a pior performance entre as principais divisas. Não houve dados específicos que justificassem esse declínio, mas os preços das commodities e a atividade de transporte rodoviário caíram em dezembro, de acordo com a ANZ. O euro resistiu a algumas perdas, graças à produção industrial mais forte na Alemanha, enquanto o dólar australiano ignorou os melhores dados de comércio. A libra esterlina também estará em foco hoje com a divulgação da produção industrial, balança comercial e números mensais do PIB.