Há alguns anos, identificamos três grandes motores macroeconômicos que, em nossa visão, os investidores deveriam acompanhar para navegar pelas transformações e se posicionar para os anos seguintes. São eles: reconfiguração geopolítica, mudanças demográficas e de estilo de vida, e o retorno do custo de capital. Esses três temas tornaram-se centrais para os mais de 350 profissionais de investimento que temos ao redor do mundo, orientando nossas decisões nas questões fundamentais de alocação de ativos para ajudar os clientes a se prepararem para um futuro mais promissor. Acreditávamos fortemente na relevância desses fatores à época — e estamos ainda mais convictos disso agora.
Reconfiguração geopolítica
Se 2024 foi o ano das eleições, 2025 será o ano das mudanças de política. Tarifas comerciais têm impactado os mercados, deixando claro que o risco geopolítico precisa ser incorporado às decisões de investimento. Tensões entre Estados aumentaram, normas internacionais de conduta enfraqueceram e os gatilhos para escalada de conflitos tornaram-se mais curtos.
Empresas e investidores precisam agora estar preparados para estratégias que vão desde sanções e tarifas até flutuações cambiais, ataques cibernéticos e espionagem. Pesquisas mostram que os países enfrentaram três vezes mais eventos de risco geopolítico em 2024 do que em 2010 — uma tendência sistêmica que deverá se intensificar em 2025. Esse cenário oferece ampla matéria-prima para análise e ação, especialmente para investidores ativos como nós.
O aumento dos riscos à segurança e a fragilidade da aliança da OTAN têm levado os governos a priorizarem resiliência, com foco em infraestrutura nacional, defesa e segurança. A Europa, em especial, busca reduzir dependências externas e fortalecer suas capacidades industriais e de defesa, enquanto países ao redor do mundo reforçam suas forças armadas e ampliam suas compras militares.
No comércio, a busca por “autonomia estratégica” está incentivando a proteção das cadeias de suprimento, com políticas de fomento à produção doméstica e ao controle do acesso de adversários a bens e tecnologias críticas. Essa fragmentação dos laços econômicos — e a desconfiança que ela gera — está promovendo uma reconfiguração geopolítica ainda mais profunda do que prevíamos há dois anos.
O que isso significa para os investimentos? Em nossa visão, isso exige monitoramento ativo e análise contínua, com as equipes de investimento tratando a geopolítica como uma importante alavanca de decisão. A simulação de cenários antes considerados improváveis agora se torna obrigatória. Podemos assistir a um movimento de afastamento da globalização e avanço da chamada “bloc-alização” — trocas comerciais concentradas entre blocos econômicos regionais e politicamente alinhados. O bloco ampliado dos BRICS, por exemplo, já representa mais de 35% do PIB global e mais de 40% da população mundial. Identificar os possíveis vencedores desse rearranjo desde os primeiros estágios cria oportunidades valiosas para investidores ativos.
De fato, muitos dos nossos clientes já estão buscando formas de diversificar suas alocações em ações e renda fixa dos EUA para outros mercados, com foco em Europa, Reino Unido, Japão, Austrália e alguns emergentes selecionados. Ao mesmo tempo, estão redesenhando suas alocações nos EUA para capturar oportunidades de maior qualidade reveladas pela recente volatilidade — em todos os níveis de capitalização.
O retorno do custo de capital
Na renda fixa, o retorno dos juros é uma realidade. Os US$ 3 trilhões adicionados à dívida dos EUA têm um impacto significativo. Embora o afastamento da União Europeia da austeridade liderada pela Alemanha possa favorecer o crescimento, isso também vem acompanhado de aumento na dívida — o que pode manter os juros elevados por mais tempo. Acreditamos que os investidores de renda fixa podem se beneficiar desse novo ambiente — desde que as taxas evoluam de forma ordenada. Os juros mais altos oferecem pontos de entrada atrativos, e nossas conversas com clientes, além dos fluxos do setor, mostram que alocações relevantes estão sendo feitas.
Como já mencionamos em relação à renda variável — e conforme destacado em nossa visão de renda fixa — há apetite para diversificação fora dos EUA, com oportunidades atrativas e de alta qualidade em mercados como Europa, Austrália e emergentes selecionados. Também é possível observar uma postura mais cautelosa, com preferência por ativos mais seguros, como investment grade, títulos de curto prazo e ativos securitizados. Para quem busca ainda mais diversificação, o crédito privado tem se mostrado atrativo, especialmente em operações lastreadas por ativos e em empréstimos diretos fora dos EUA, com seus respectivos benefícios de diversificação.
Mudanças demográficas e de estilo de vida
Quando introduzimos esse motor macroeconômico, o foco estava nas escolhas de vida e trabalho feitas pelas pessoas no mundo pós-COVID. Hoje, o debate evoluiu para como pessoas e países estão utilizando inovação e tecnologia para melhorar a vida e a produtividade.
Nossas equipes de tecnologia veem o setor como a ciência de resolver problemas — e o mundo está cheio de oportunidades nesse sentido. Elas também acreditam que a próxima grande onda da inteligência artificial (IA) ainda está em seus estágios iniciais, o que pode gerar oportunidades relevantes nos próximos anos. A tecnologia e a IA também estão revolucionando a saúde, com inovações aceleradas em biotecnologia, capazes de proporcionar ganhos expressivos na qualidade de vida.
Na gestão de ativos, a inovação também está mudando os tipos de produtos de investimento que as pessoas consideram. Tivemos conversas com clientes em diversos países sobre como utilizar essa inovação para fortalecer suas carteiras e acessar temas seculares promissores. Isso nos levou a expandir com sucesso nossa oferta de fundos negociados em bolsa (ETFs) dos EUA para a Europa, Ásia-Pacífico, América Latina e Oriente Médio, além do lançamento de um fundo tokenizado inovador que oferece acesso a títulos do Tesouro dos EUA via blockchain. Esses avanços refletem nosso compromisso em conectar as finanças tradicionais com o universo descentralizado, abrindo novas formas de acesso aos investimentos.
Parceria com os clientes para um futuro de investimentos mais promissor
Diante de tanta incerteza no cenário macroeconômico, é natural que os clientes busquem visões especializadas e soluções adequadas. Este não é mais um ambiente onde se pode simplesmente investir em um índice passivo ou veículo alavancado. O novo contexto apresenta muito mais complexidade — e uma distância crescente entre os ativos que irão se destacar e aqueles que ficarão para trás. Isso favorece a gestão ativa e reforça o valor de estratégias diversificadas e resilientes do ponto de vista geopolítico.
Temos mais de 90 anos de experiência em navegar por transformações. Nossas equipes de investimento ao redor do mundo analisam diariamente oportunidades de forma dinâmica, separando o joio do trigo em nome dos nossos clientes. À medida que os motores macroeconômicos moldam profundamente o mundo, temos orgulho de poder atuar lado a lado com nossos parceiros para ajudá-los a se posicionar para um futuro melhor.