Taxas curtas têm quedas leves e longas sobem com IBC-Br abaixo do esperado e persistência do temor fiscal
Fonte: Janus Henderson Investors, Bloomberg, em 19 de setembro de 2025. Nota: COGS = custo dos produtos vendidos.
Após aumentarem seus estoques no início do ano para se proteger da esperada alta nas tarifas, as companhias agora começam a ver os tributos incidirem sobre os embarques que chegam aos portos dos EUA. O grau de impacto por setor depende de vários fatores, incluindo tarifas específicas por país e indústria (como aço e automóveis), além da quantidade de insumos — ou produtos acabados — sujeitos à taxação. Como mostra o gráfico acima, diferentes setores enfrentam níveis variados de exposição às tarifas e, consequentemente, risco às margens operacionais.
Os setores de consumo, tecnologia e materiais estão particularmente expostos a alíquotas médias mais altas. Por isso, são os que correm maior risco de compressão de margens caso não consigam repassar os custos adicionais.
Os piores cenários projetados para o setor financeiro ainda não se materializaram, já que as empresas vêm adotando diversas estratégias para preservar margens. Entre elas, ajustes de preços, ganhos de eficiência e realocação das cadeias de suprimento para reduzir a exposição tarifária. Um exemplo dessa última tática é a transferência da produção de países que enfrentam tarifas mais elevadas — especialmente a China — para locais como o México, que contam com acordos comerciais vigentes.
Sinais de estresse começam a surgir entre os setores mais expostos. Margens já naturalmente apertadas no varejo de desconto fazem com que o aumento de custos seja repassado diretamente ao consumidor. E com o crescimento do emprego e dos salários perdendo fôlego, esses clientes estão mais cautelosos nas decisões de compra. Se a economia desacelerar ainda mais, outros setores podem enfrentar o dilema entre reduzir margens ou perder consumidores já no limite.
Com a simples mudança de produção para o destino mais barato deixando de ser uma solução viável, os investidores precisarão identificar as empresas com maior poder de precificação e/ou cadeias de suprimento mais eficientes para navegar em um cenário comercial totalmente redesenhado.
À medida que os estoques acumulados no início do ano são consumidos, começamos a sentir o impacto total das tarifas significativamente mais altas — mas, até agora, o setor corporativo tem lidado com essa monumental reconfiguração do comércio global com relativa resiliência.