O resultado das eleições na Itália serviu de motivo para deixar os mercados nervosos e colocar pressão no euro. Com o senado dividido, a centro-esquerda controlando a câmara, e um comediante angariando 25% dos votos, alguns creem que somente uma nova eleição resolva a ingovernabilidade instalada. A resposta das urnas foi basicamente contra medidas de austeridade, tendência que preocupa os investidores.
Nos Estados Unidos a falta de um acordo entre republicanos e democratas forçou o “sequestration”, que é o corte imediato de US$ 85 bilhões de despesas do orçamento de 2013. Bernanke (presidente do FED) em depoimento disse que o impacto da medida pode podar 0.6% no PIB do país, e juntando ao aumento de impostos e corte de empregos pode chegar a 1.5% do PIB – ou seja o país pode crescer 2% ao invés de 3.5% este ano.
No cabo de guerra entre as duas moedas, a americana se deu melhor, afinal bem ou mal os americanos estão forçando uma queda do déficit, mesmo que o remédio seja amargo para a economia no curto e médio prazo.
O mercado de café em Nova Iorque teve uma semana de poucas emoções, fechando praticamente inalterado e negociando dentro do intervalo de 140.55 e 143.10 centavos de dólares por libra-peso.
Londres também não fez muito, subiu apenas US$ 1.68 por saca, e de interessante vimos a “troca” de quase dois terços dos cafés certificados entre duas grandes casas.
No mercado físico os diferenciais abriram um pouco para os (arábicas) naturais, com procura e negócios no FOB saindo para embarques de Abril até safra-nova na principal origem. Produtores brasileiros ofereceram maiores volumes nos últimos dias, enquanto no Vietnã e na África o noticiário enfatizou a estratégia dos fazendeiros em segurar vendas.
Na Colômbia produtores fizeram protestos pedindo ajuda do governo, que deu indicações de que não poderá fazer muito. No Brasil houve reunião em Brasília para se discutir o que pode ser feito à produção, ao mesmo tempo que caminhoneiros fazem greve e provocando atraso nos embarques –fatores que deveriam ser positivos para o preço.
A questão é que a percepção do mercado de mais um ano de superávit para o arábica continua não encorajando muitas compras. O próprio Commitments of Traders, ou apenas COT (que é o relatório de posicionamento dos traders) mostrou que os comerciais foram os grandes vendedores da semana, enquanto os fundos adicionaram compras em suas posições.
Por enquanto, ainda há esperanças dos preços reagirem, entretanto o COT deixa um desconforto aos altistas (se é que tem algum altista ainda vivo). Se o contrato “C” não romper logo os US$ 145 centavos, pode voltar a testar os US$ 139.30 e quebrando este ponto desencadear um desmonte de posição dos novos comprados. O efeito então pode ser de novas mínimas.
A performance do robusta, com uma figura técnica mais altista, pode dar suporte para que o arábica não volte a cair.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.