Cenário Atual
Com a pandemia da COVID -19, grande parte dos trabalhadores foram impelidos a trabalhar em casa. Deste fato, surge o questionamento sobre como será o mundo corporativo pós COVID-19 e se haverá a necessidade de utilizarmos escritórios como no passado.
Essa não é uma pergunta trivial. Em poucos dias as maiores empresas brasileiras conseguiram enviar seus trabalhadores para casa de alguma maneira. A realidade, no entanto, é que nem todos possuem espaço para trabalhar de maneira constante em casa, boa parte das residências não foi desenhada para terem um escritório e a maioria das pessoas estão se adaptando do jeito que dá. Vale dizer, não estamos fazendo home office, no máximo o que estamos fazendo é: “Working from home”.
A velocidade da internet é menor, a segurança da informação é pior e não há métodos para mitigar queda de energia.
As relações humanas são muito importantes, nada substitui o contato ao vivo e as expressões corporais.
O que percebemos analisando a situação atual com a COVID-19 no Brasil, é que essa mudança das relações de trabalho não está sendo trivial e nos parece que há muito chão ainda para que isso se torne uma realidade permanente e de longo prazo.
Cenário futuro
A proposta antes era colocar mais gente no menor espaço possível, colocaremos menos gente no mesmo espaço.
Acreditamos que todos os dias em home office não será a nova realidade, mas muito provavelmente algo como uma ou duas vezes por semana. Além disso, acreditamos que haja uma adaptação no layout dos escritórios corporativos e, consequentemente, uma nova demanda de tipos de projetos, retrofits etc. O consumidor demandará espaços mais modernos com baias de trabalho do tipo “plug & play”, haverá adoção cada vez maior de notebooks ao invés de desktops, ou seja, um espaço com conceito mais dinâmico e menos fixo. Quem já teve a oportunidade de trabalhar em empresas que praticam o home office, sabe que a realidade é bem parecida com a descrita anteriormente.
FII de lajes corporativas
Atualmente, há 29 fundos imobiliários de lajes corporativas que representam 17,3% de participação no IFIX e um patrimônio de aproximadamente R$15 bilhões.
Com base em todas as dificuldades e desafios elencados, a nossa visão é que alguns projetos de expansão imobiliária devem ser revisados, mas não acreditamos em uma redução forte de demanda por espaços em lajes corporativas. As empresas entraram na crise com um tamanho de escritório alinhado com o seu tamanho atual. O que deve acontecer são revisões de expansões ao invés de redução de área.
Atualmente, temos vacância baixa, algo em torno de 5% nas principais regiões da cidade de São Paulo, o que dificulta a migração de uma empresa de um prédio para outro.
Estávamos em um momento muito positivo nos pós crise 2015/16, com fortes revisões de preço de aluguel, algo entre 30% a 40% acima da inflação e acreditamos que novos aumentos devem acontecer, porém em menor intensidade.
Conclusão
Em nossa visão, os imóveis de qualidade e localizados em regiões premium terão apreciação e/ou manterão seu valor, enquanto imóveis em regiões que estavam se desenvolvendo devem sofrer mais por dependerem da expansão das regiões mais premium que, como mencionado anteriormente, deve ser menor.
Autores: Artur Losnak, CFA e Guilherme Carter