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Goldman Sachs Faz Descoberta Importante: Petrolíferas Americanas Reduzem Hedge

Publicado 29.03.2019, 09:44
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Os principais exploradores de petróleo dos EUA fizeram pouca cobertura de risco (hedge) da sua produção prevista para 2020, apesar do rali deste ano no petróleo, de acordo com dados do Goldman Sachs. Trata-se de uma notícia que muito provavelmente foi comemorada pela Opep.

WTI Daily Chart

O banco de Wall Street afirmou em sua pesquisa que, à medida que a cobertura de risco dos produtores para 2020 ganhava mais destaque, percebeu uma considerável hesitação entre as empresas de exploração e produção (E&P) de petróleo nos EUA, que estão evitando se comprometer com mais barris, simplesmente porque os preços do petróleo já subiram 30% este ano.

Exploradores norte-americanos priorizam dividendos e fluxos de caixa em vez de hedging

Muitas das chamadas empresas de E&P ficaram aliviadas com o fato de que a queda dos preços do petróleo no 4T18 tenha sido curta, apesar de intensa, e decidiram não deixar que outro evento desse tipo se repetisse em breve.

Dessa forma, elas passaram a destinar os recursos economizados com a redução das perfurações e de outros custos à distribuição de dividendos, buscando agradar seus acionistas. Além disso, estavam reforçando seu fluxo de caixa e moderando sua participação de mercado, no intuito de garantir que não contribuíssem com crises nem fossem pegas de surpresa em crashes de mercado como o que ocorreu entre 2014 e 2017 e acabou dizimando muitos dos seus pares.

A nota do Goldman Sachs foi distribuída primeiramente aos seus clientes na quarta-feira e compartilhada com o mercado mais amplo na quinta, quando a atenção dos traders estava quase que inteiramente voltada ao tuíte do presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmava que os preços do petróleo estavam muito altos e a Opep deveria aumentar a produção. Não é de surpreender que a nota passou despercebida no ruído do mercado.

Entretanto, se analisarmos seu conteúdo, algumas conclusões importantes podem ser tiradas.

Nas próprias palavras do Goldman Sachs (NYSE:GS), os quatro principais pontos são:

  1. “Identificamos um leve aumento no hedge da produção de petróleo de 2019. A cobertura de risco da produção deste ano aumentou para 31%, em comparação com 28% em nossa atualização anterior, ao preço médio de US$ 57,50/bbl.”
  2. “O hedge da produção de petróleo/líquidos de 2019 está abaixo das médias históricas após a atualização dos resultados do 4T.”
  3. “Também notamos que os hedges de 2020 continuam modestos: apenas 6% da produção esperada tem risco coberto, contra 4% após os resultados do 3T18.”
  4. “Percebemos que o aumento da porcentagem de produção petrolífera com risco coberto em 2019 e 2020 também pode ter o auxílio de um denominador menor, pois muitas companhias revisaram suas estimativas de crescimento para baixo com os resultados do 4T.”

Pode haver uma redução na produção de shale?

Se forem verdadeiras, as descobertas do Goldman Sachs apresentam um quadro profundamente diferente da indústria petrolífera dos EUA e da mentalidade do explorador médio de shale, que muitos consideram viver sob o lema: “Drill, baby, drill!”, ou seja, “vamos continuar perfurando a todo vapor”.

Isso explica por que a contagem de sondas nos EUA, um indicador de produção, despencou para as mínimas de 11 meses neste ano e vem caindo desde o final de fevereiro, apesar de o petróleo West Texas Intermediate estar prestes a encerar o mês de março com seu melhor trimestre em uma década.

Se essa tendência continuar, a previsão da Agência de Informações Energéticas dos EUA (EIA, na sigla em inglês), de que o recorde de produção de mais de 13 milhões de barris por dia seria alcançado em 2020, pode estar ameaçada. Há apenas duas semanas, a EIA reduziu sua expectativa de produção para 2019 em quase 1%, para 12,3 milhões de barris por dia (bpd). A agência ainda mantém sua grandiosa previsão de que, até 2025, os EUA produzirão mais petróleo do que a Arábia Saudita e a Rússia juntas.

Apesar disso, o mercado ficará atento a qualquer revisão para baixo pela EIA, já que alguns analistas acreditam que o aumento contínuo da produção não é sustentável no tempo nos EUA, pois muitos dos locais de exploração promissores já foram perfurados e as taxas de declínio dos poços estavam acelerando.

Outros se contrapõem a essa teoria, argumentando que o xisto é um jogo relativamente novo – pouco prolífico para uma década – e afirmam que alegações parecidas com essa no passado, sobre os campos petrolíferos na Rússia, foram desmentidas. Além disso, as grandes empresas petrolíferas estão se animando com o xisto, no momento em que os pequenos exploradores independentes estão adotando uma postura mais conservadora. A Exxon Mobil (NYSE:XOM) e a Chevron (NYSE:CVX), por exemplo, pretendem extrair mais um milhão de barris cada uma do Permiano, a bacia de xisto mais produtiva. A Exxon também afirma que pode ter um lucro de dois dígitos com o barril a US$ 35 e está buscando custos ainda menores no valor de US$ 15, um sinal de que continuará aumentando sua produção por muito tempo após o próximo crash de mercado.

Análise do Goldman Sachs deve fortalecer compromisso da Opep de reduzir a oferta

Tudo isso, no entanto, deve ser visto no longo prazo. Na perspectiva imediata para os próximos um ou dois trimestres, as alegações de que a indústria do xisto nos EUA tem menos hedge e um prognóstico de produção menor em 2019/20 não poderiam ser uma notícia melhor para a Opep.

Apesar de realizar um dos mais audaciosos cortes de produção da história e colocar em risco sua própria participação de mercado, a líder de facto da Opep, a Arábia Saudita, ficou frustrada com os rumores de que o óleo de xisto retomará força e inundará o mercado – uma noção que conseguiu evitar que o Brent atingisse a marca de US$ 70 por barril e o valor ideal de US$ 80-85 para o orçamento de Riad.

Mas, com um grande banco de Wall Street prevendo uma contenção na produção norte-americana, os sauditas podem corroborar sua narrativa de que o mercado continuará com oferta insuficiente neste ano e possivelmente até 2020, na medida em que os cortes de produção da Opep e da Rússia se aliam às sanções dos EUA ao petróleo da Venezuela e do Irã.

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