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Investing.com - A combinação de clima adverso, tarifas de importação dos EUA sobre o café brasileiro, projeção de safra menor no Brasil e atrasos na safra criou neste mês o cenário perfeito para a disparada do preço dos contratos futuros do café na ICE, em Nova York. A cotação da commodity tem um avanço acumulado acima de 23% só em agosto.
Os contratos futuros do café arábica atingiram, ontem, uma máxima de três meses e meio, alcançando US$3,8710 por libra-peso na máxima. Após atingir este patamar, os preços se arrefeceram, com os contratos futuros fechando sem alteração, cotados a US$3,7775.
A realização prossegue na manhã de hoje, com queda de 3,16% a US$ 3,6583 às 08h56. O preço do café acumula ganhos de 40,84% em 1 ano e 14,26% no ano, com volatilidade crescente e sinais técnicos apontando para força compradora no curto e longo prazo.
Por que o preço do café disparou em agosto?
Um dos motivos da forte alta do preço do café foi devido à queda dos estoques certificados na ICE. O recuo é relacionado à busca por fontes alternativas de fornecimento por torrefadores dos EUA, após as tarifas de 50% sobre as importações brasileiras impostas pelo governo americano. Segundo a Reuters, os estoques certificados de arábica da ICE caíram abaixo do nível de 730.000 sacas na sexta-feira, oscilando em torno do nível mais baixo em mais de um ano, com apenas 11.000 sacas aguardando avaliação para entrar na bolsa.
Além disso, a safra brasileira deste ano parece ser menor do que o inicialmente esperado. A corretora StoneX cortou sua estimativa para a safra brasileira de arábica na segunda-feira, citando uma quebra maior na produção de arábica.
Para complicar a situação, a colheita no Brasil está atrasada: 86,1% da safra já colhida até 15.08.2025, menos que os 92,9% do ano passado, indicando possível restrição de oferta. Geadas recentes e eventos climáticos extremos continuam no radar, podendo limitar ainda mais a oferta e sustentar preços elevados.
Alta do preço do café vai elevar a inflação?
O café é um dos vilões da forte alta da inflação de alimentos no Brasil entre o fim de 2024 e os primeiros meses de 2025. O preço do café torrado e moído avançou 48,6% no varejo brasileiro desde agosto do ano passado, mas apresentou uma queda aos consumidores no varejo brasileiro neste mês.
De acordo com dados da Abic, o café torrado e moído tradicional registrou preço médio de R$58,99 por quilo no varejo brasileiro, o que representa recuo de aproximadamente 12% em relação ao fim de julho. Em maio, antes do avanço da colheita no Brasil pressionar as cotações de forma mais ampla, o produto era comercializado nas prateleiras por cerca de R$70.
"Ainda não houve repasse significativo ao consumidor final, mas se o mercado seguir em alta, ou mesmo se mantiver o atual patamar, é inevitável que os preços voltem a se reposicionar para cima nas prateleiras", disse Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic, à Reuters.
*Com contribuição de Reuters