O segundo trimestre do ano encerrou positivamente para os índices de bolsas americanos e europeus, exceção à Itália e Suíça. Para a Ásia a queda de dois dígitos na China foi a mais aguda, e computando as performances do primeiro semestre de 2018 praticamente apenas os Estados Unidos tem as bolsas em alta no período.
O dólar americano também se destacou na valorização, efeito dos estímulos de Trump, assim como de uma expectativa de aumento dos juros pelo FED.
Diante da firmeza do DXY era de se imaginar uma queda das commodities, que de fato sofreram no meio de junho, mas voltaram a recuperar neste fim de mês tendo o CRB subido 3% em três meses e 4.22% em seis – a moeda ianque apreciou 2.65% no ano.
Entre os componentes do índice CRB o cacau, o petróleo, e a gasolina acumulam altas de 27.80%, 22.87% e 20.69%, enquanto açúcar, gado e café caíram 21.90%, 10.81% e 10.74% – até 29 de junho.
O contrato de setembro do arábica fez uma nova mínima na sexta-feira após falhar na terça-feira em segurar os modestos US$ 2.00 centavos de ganho. A leve recuperação do terminal coincidiu com um novo stress do Real, desencadeando um volume de vendas de futuros suficiente para conter uma potencial cobertura de posição dos fundos.
O mercado físico não absorveu na mesma proporção o comportamento dos preços internacionais e com isso os diferenciais apertaram novamente, só para chatear ainda mais quem quer negociar café.
Este firmamento do basis (outra maneira de falar diferencial) não acontece apenas no Brasil, mas é realidade para praticamente todas as origens. No Brasil, entretanto, os compradores internacionais e diversos analistas, acreditam em um barateamento, ou abertura do diferencial, trabalhando com um cenário de aumento de disponibilidade e necessidade de gerar caixa por parte dos produtores.
Talvez a janela de oportunidade de compra em níveis melhores tenha de vir de uma nova rodada de queda do Real e diante das incertezas políticas, tanto da eleição quanto de uma suprema corte confusa (para ser elegante), possam proporcionar algum alento caso Nova Iorque vá buscar os US$ 110.00 ou 105.00 centavos por libra.
O robusta em Londres encontrou um pouco mais de suporte, apertando a arbitragem com Nova Iorque para US$ 38 centavos de libra peso, bem próximo dos interesses de compra de cafés baixos (arábica) brasileiros, o que na minha opinião me faz desacreditar em diferenciais muito mais descontados do que já vimos e pode estimular mais exportações de conilon.
Novas estimativas de superávit foram divulgadas na semana. O Rabobank diz que sobrará 3.3 milhões de sacas em 2018/2019 e uma trading inglesa crê em 6.6 milhões de produção maior do que o consumo. A diferença está na estimativa de produção do Brasil.
O relatório dos comitentes, em inglês COT (Commitments Of Traders), trouxe os fundos com uma posição líquida vendida de 60,736 lotes e bruta em 106,685 contratos – o equivalente a 30.24 milhões de sacas de sessenta quilos. Os comerciais liquidaram tanto parte dos seus livros comprados como vendidos, em função do período de entrega, mas foi reportado bom aumento das fixações de compras dos torradores, o que é positivo, mas resta saber quanto mais querem continuar comprando.
Se consideramos que os torradores estão comprando futuro a, digamos, US$ 116.00 centavos por libra e diminuirmos os mais de 20 centavos de desconto de diferenciais que aparentemente eles andaram comprando (e ouvi que tem gente ainda oferecendo nestes níveis), no frigir dos ovos a indústria está comprando café a menos de US$ 100.00 centavos por libra peso.
É claro que os preços podem cair ainda mais, mas convenhamos, é prudente continuar garantindo cobertura durante o verão no hemisfério norte, mesmo que seja via bolsa, e aguardar algumas ofertas pontuais que venham aparecer no basis. Não só isso, mas muitos compradores também ouvem de vendedores a análise de que os diferenciais têm de enfraquecer, então, por que se desesperar?
Tecnicamente os níveis de suporte e resistência são 114.50 e 119.40 cts/lb, respectivamente
Uma ótima semana e muito bons negócios a todos.