Investir em setores resilientes: A estratégia para enfrentar a volatilidade

Publicado 12.03.2025, 10:25

Investir em um cenário marcado por incertezas políticas e econômicas exige estratégia e visão de longo prazo. Uma abordagem eficiente é aproveitar períodos de estabilidade econômica e crescimento do PIB para alocar capital em empresas menos suscetíveis às oscilações do mercado e que possuam receitas indexadas à inflação.

Os setores de Energia Elétrica e Saneamento estão entre eles. Diferentemente de outros segmentos, sua solidez não é afetada pelas incertezas políticas e econômicas que aumentam a volatilidade dos ativos de risco no Brasil. A demanda constante por serviços essenciais, como água e eletricidade, aliada a um PIB ainda robusto, assegura a estabilidade das receitas das empresas do setor, que em grande parte conseguem repassar a inflação em seus contratos.

Mesmo em momentos de dificuldade, os consumidores podem até atrasar pagamentos, mas dificilmente deixam de quitar contas de serviços essenciais, pois dependem deles no dia a dia. Além disso, em períodos de seca, quando há necessidade de ativar termelétricas e os custos de geração aumentam, o sistema de bandeiras tarifárias permite reajustes proporcionais, garantindo a sustentabilidade financeira do setor e minimizando riscos para os investidores.

No entanto, não basta olhar apenas para a natureza do setor – é fundamental considerar a gestão das empresas. A Copel (BVMF:CPLE6), por exemplo, tem se destacado como um potencial caso de dividendos, segundo relatório do BTG (BVMF:BPAC11). Atualmente, a empresa negocia com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 12%, enquanto avança em seu processo de reestruturação, ajustando custos, vendendo ativos acima das expectativas e distribuindo dividendos atrativos. Além disso, a companhia mantém um forte programa de recompra de ações e trabalha na implementação de uma nova política de dividendos. Se o payout for estabelecido em 75%, o dividend yield médio projetado para 2025-2027 será de 8,5%, podendo chegar a 11% com um payout de 100% – números impressionantes para uma empresa consolidada nesse segmento.

Outro segmento bastante resiliente é o de telecomunicações. Assim como água e energia, a conectividade se tornou essencial tanto para o cotidiano das pessoas quanto para o funcionamento das empresas. O avanço da digitalização fortalece ainda mais esse mercado, tornando-o menos suscetível a crises, independentemente de sua origem, seja interna ou externa.

É importante destacar que investir em setores resilientes não significa, necessariamente, obter os maiores retornos do mercado. No entanto, garante mais segurança, pois esses ativos sofrem menos oscilações. Há, sim, papéis que entregam rentabilidades superiores, mas muitos deles estão sujeitos a mudanças bruscas conforme o humor do mercado. O varejo, por exemplo, já proporcionou retornos extraordinários – basta lembrar do fenômeno Magalu na Bolsa de Valores. Porém, nos últimos anos, o setor tem enfrentado desafios, impactado pelo alto custo do crédito no Brasil, essencial para impulsionar o consumo.

O mercado imobiliário também sofre com a elevação da taxa básica de juros. Imóveis dependem de financiamentos, e juros elevados desestimulam compradores. Em São Paulo, por exemplo, a vacância de escritórios gira em torno de 20%, segundo o Secovi. Embora regiões como Faria Lima e Itaim registrem apenas 7%, a média geral reflete uma ociosidade preocupante em outras áreas da cidade. Para investidores que apostam em imóveis visando renda com aluguel, o risco é evidente: um imóvel vazio gera custos contínuos – manutenção, IPTU, condomínio – sem qualquer retorno.

Diante desse cenário, direcionar recursos para o mercado financeiro tende a ser uma alternativa mais vantajosa e menos onerosa. Mas para isso, é fundamental uma estratégia bem definida, priorizando empresas resilientes e com fundamentos sólidos. A interpretação correta do cenário econômico, aliada a uma análise criteriosa de ativos, é o que diferencia um bom investimento de uma aposta arriscada. Relatórios detalhados, como o da Copel citado anteriormente, são aliados valiosos nessa tomada de decisão.

Em um mercado tão dinâmico e volátil como o brasileiro, investir com inteligência e foco na resiliência pode ser o caminho mais seguro para garantir bons retornos e preservar o capital.

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