Cerca de um ano atrás, o IRB Brasil (SA:IRBR3) exibia dados de 2019 com receitas que dobravam a mês a mês, pagava dividendos com yield acima de 6%, tinha ROE de 38% e a análise clássica dos papéis apresentava uma encantadora LTA, na qual a cotação de 31 de janeiro de 2020 era de R$ 40,74.
Cerca de um ano depois, o cenário está bem diferente.
O ano de 2020 foi demais para a resseguradora, a bruxa estava solta.
Houve problemas de fraudes contábeis, falsa informação de que a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKb) (SA:BERK34) (empresa de Warren Buffet) era acionista do IRB, prejuízos pela pandemia, rebaixamento de rating, fiscalização da Susep!!!
É!
O resultado disso tudo foi uma queda livre que levou aproximadamente 70% do valor das ações em praticamente dois meses:
Doeu, mais passou...
Apesar de toda artilharia recebida, o gigante apenas titubeou. Problemas que muitas empresas levariam anos para solucionar, em tempo recorde o IRB está saneando. A organização:
- Renovou a gestão
- Aumentou o capital para solucionar problemas de liquidez
- Fez uma “faxina completa” nos balanços desde 2018
- Firmou parceria com a B3 (SA:B3SA3) para desenvolver uma plataforma que conectará corretores, seguradoras e resseguradoras e, assim, controlar despesas administrativas tornando as transações mais rápidas e transparentes.
- Direcionou maior atenção para o setor Premium do Brasil no qual a empresa tem maior vantagem competitiva
- Lançou o IRB+Inteligência, plataforma gratuita que divulga dados públicos e relevantes enviados a SUSEP referentes ao setor de seguros e resseguros.
Os primeiros resultados dessas e outras medidas começaram a aparecer, em novembro, quando o caixa operacional voltou a ficar positivo.
Então, é hora de comprar?
No momento, a recomendação ainda é neutra.
Após o “susto”, desde o inicio do processo de recuperação, as cotações dos papéis da entidade estão num período de consolidação:
O IRB está terminando de “arrumar a casa”, mas ainda falta a confirmação da Susep de que a organização está enquadrada nas normas do setor de seguros, melhorar os balanços e consequentemente, alguns indicadores fundamentalistas:
- P/L(Preço por ação): -0,14, baixas expectativas de crescimento
- LPA (Lucro por ação): -0,51, empresa não está tendo lucro
- P/VP (Preço por valor patrimonial): 1,85, mercado está pagando quase duas vezes mais o valor patrimonial
- ROE (Return on Equity): -13,33%, prejuízo do último ano consumiu parte do patrimônio
Embora, não se saiba como foi o mês de dezembro do ano passado, a resseguradora já informou que teve prejuízos causados por contratos descontinuados que afetaram o mês de outubro e novembro. Mais detalhes serão dados na divulgação de resultados do 4t20, dia 18 de fevereiro.
De qualquer maneira, o IRB é uma companhia sólida, “apadrinhada” pelos bancos Itaú (SA:ITUB4) Unibanco e Bradesco (SA:BBDC4). Ela também é líder do setor de resseguros na América Latina com 37% participação de mercado que conquistou em 80 anos de atuação.
A nova gestão já fez investimentos em programas de saneamento básico, concessões e 5G. Ótima estratégia para alavancar o crescimento da organização no longo prazo.
Além disso, é importante lembrar que enquanto o Ibovespa lutava por uma alta de 31,58% em 2019, as ações IRBR3 se valorizavam em 44,4%.
Portanto, com o bom desempenho da empresa, mesmo que o cenário interno não ajude muito, nos próximos meses o ativo consegue nadar contra a maré.
Enfim, há a expectativa de que com os resultados do primeiro semestre de 2021 a cotação dos papéis possa ser tocada pelo mesmo “pozinho mágica” como nos anos anteriores:
Bons investimentos!