Na balada do Nasdaq
Sexta-feira de euforia pelo mundo, na balada do recorde histórico do índice Nasdaq, das ações de tecnologia americanas, que atingiram os níveis de 2000, da famosa bolha pontocom:
O que vem depois?
Déjà vu?
Preocupação, antes
A alta de hoje do Nasdaq tem o seu lastro nos bons resultados das gigantes Amazon e Google.
Como sabemos, a trajetória mais de alta como um todo, alimentada desde a crise, conta com o background da injeção de liquidez sem precedentes dos Bancos Centrais.
Dinheiro fácil e barato, o que dá um empurrão de fluxo para a coisa...
Mas, avaliando pelo gráfico, nota-se que a ascensão atual para os 5.000 pontos diverge daquela - muito mais abrupta - do índice de tecnologia na virada do século.
Procurando algum lastro na econômia real, encontramos uma relação preços (das ações) x lucros (das empresas), hoje, próxima de 22x.
É um patamar elevado em relação ao histórico recente do indicador, mas bem mais “pé no chão” do que o múltiplo verificado em 2000, de 156x preço/lucro.
Bolha por bolha, a preocupação, antes, é com a chinesa. Por lá, as ações de tecnologia estão negociando a uma média de 256x preço/lucro.
O que tem para hoje
Sem indicadores relevantes da agenda econômica, todas as atenções se voltam para a temporada de resultados, que vai ganhando corpo por aqui...
Curto e grosso, algumas das divulgações desta sexta:
Fibria: de lucro para prejuízo, mas um prejuízo menor do que o esperado (positivo)
Grendene: gerando R$ 200 milhões de caixa por trimestre com R$ 1,2 bilhão em caixa e praticamente sem dívida. (uau!)
Localiza: mostrou que é mesmo uma derivada do PIB (ruim)
JSL (prévia): empresa madura com crescimento adolescente (bom)
Log-In (prévia): mais do mesmo (ruim)
A propósito, a temporada de resultados é do primeiro trimestre de 2015, embora o resultado mais falado ainda seja do ano passado...
Padrão Petro
Com sinais díspares a todo instante, e uma boa dose de promessas, é praticamente impossível prever o comportamento da bomba-relógio Petrobras.
Mas, procurando um padrão na estatal petrolífera, encontramos:
Eis a evolução da dívida líquida da empresa.
Ou, como está evoluindo o endividamento dela em relação ao seu caixa:
Na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano passado, a dívida líquida da estatal cresceu R$ 20,1 bilhões.
Na passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, sua dívida líquida cresceu R$ 20,7 bilhões.
O gráfico acima mostra uma tendência um tanto comportada...
Pegando a dívida líquida atual da empresa, de R$ 282 bilhões, e aplicando um custo médio - conservador - de 8% ao ano, chegamos a um custo, ou prejuízo financeiro, da ordem de R$ 22,8 bilhões por ano, somente com juros da dívida.
Quem disse que o futuro da Petro é imprevisível?
O padrão Grendene
Uma coisa interessante nos resultados da Grendene...
A empresa de calçados fez R$ 122 milhões de geração de caixa bruta (ebitda) no primeiro trimestre, e R$ 137 milhões de lucro líquido.
Quer dizer que, da metade do seu Demonstrativo de Resultados até a última linha, a companhia não perdeu nada de margens - pelo contrário.
Isso se deve à posição de caixa líquido de R$ 1 bilhão de Grendene.O resultado financeiro da companhia foi positivo em R$ 38 milhões no primeiro trimestre.
É uma companhia operacionalmente muito redonda.
Financeiramente também.
Isso sim é empresa.