Calendário Econômico: China em foco com balanços e inflação no Brasil e nos EUA
Outro dia, um professor de finanças do curso de Wealth Management que fiz há alguns anos, desafiou a turma com uma provocação daquelas: “e se a gente juntasse algumas das mentes mais brilhantes da história (na opinião de cada um) pra tentar ‘consertar’ a sociedade de hoje?”. Não com a pretensão de resolver todos os nossos problemas, claro — mas com a ideia de imaginar como certas obras clássicas e/ou personalidades poderiam jogar luz sobre os nossos tempos tão confusos. Topei na hora! E olha... aparentemente, minhas escolhas fizeram muito sentido não só para mim, pois ganhei uma bela nota extra à ocasião.
Comecei com Immanuel Kant, o alemão que tentou, com muita seriedade, explicar como deveríamos nos comportar. Em Fundamentação da Metafísica dos Costumes, ele apresenta a ideia de que toda ação moral deve poder virar uma lei universal. Ou seja, antes de fazer qualquer coisa, deveríamos nos perguntar: “e se todo mundo fizesse o mesmo?”. Parece simples, né? Mas é justamente o que falta — e muito — na nossa sociedade. No Brasil, vivemos há séculos num clima de “se colar, colou”, “pra mim tá bom, o resto que se vire”, e aquela velha máxima de que a lei vale mais pra uns do que pra outros. Pois bem, se todo mundo lesse Kant (e levasse a sério), talvez parássemos de buscar vantagem em tudo, e começaríamos a pensar de forma mais coletiva, mais ética. É um sonho? Pode ser. Mas Kant nos dá pelo menos uma régua moral que não depende de religião, política ou ideologia.
Só que ética sem atitude não muda o mundo!
E foi aí que eu trouxe uma figura completamente diferente: Vladimir Lenin, retratado por Edmund Wilson em Rumo à Estação Finlândia. O livro mostra o momento histórico em que Lenin desembarca na Rússia para liderar uma revolução. Independentemente de concordarmos com ele ou não, há algo ali que falta demais ao povo brasileiro: espírito de transformação, capacidade de se indignar e agir.
Vivemos no país onde escândalos se repetem, direitos são cortados, desigualdades aumentam — e, mesmo assim, muitos continuam achando que política “não é problema meu”. O povo se acostumou a não cobrar, a não protestar, a não acreditar. Enquanto isso, quem está no poder surfa tranquilo na onda da passividade. Lenin nos lembra que o povo pode — e deve — ser agente de mudança. Que é possível, sim, virar a mesa. Mas aí a gente para e pensa: “tá, e por que mesmo com tanta informação, tanto estudo, tantas experiências históricas... as coisas ainda dão tão errado?”.
A resposta pode estar com minha terceira figura histórica, Zygmunt Bauman, que no livro Modernidade e Holocausto ele nos mostra como a própria ideia de “progresso”, quando não é acompanhada por uma consciência ética e crítica, pode virar uma tragédia. A burocracia moderna, que deveria organizar a vida, acabou sendo usada para planejar genocídios. A razão, sozinha, não nos salva!
Isso nos leva a perceber que o problema não é só de política ou de leis — mas também de como lidamos com a própria existência.
Foi então, que eu trouxe minha quarta personalidade da história, que é o Freud — com sua clássica obra, O Mal-Estar na Civilização. Onde segundo ele, viver em sociedade sempre vai doer. É o preço que pagamos para não vivermos como animais. Só que, hoje em dia, essa dor virou uma angústia difusa, difícil de nomear: nos sentimos perdidos, inseguros, sobrecarregados — mesmo tendo mais conforto e liberdade do que gerações passadas.
No entanto, Freud também aponta um caminho: não fugir da dor, e sim enfrentá-la! Não negar a realidade, mas aceitá-la com coragem. Talvez o que nos falte não seja só justiça ou ética — mas maturidade emocional pra lidar com a complexidade da vida em comum.
No fim das contas...
Se Kant vivesse no Brasil, ia se assustar com a flexibilidade moral do nosso dia a dia. Lenin, ao desembarcar por aqui, talvez não encontrasse um povo pronto pra fazer revolução — mas talvez conseguisse plantar alguma faísca. Bauman nos lembraria que até as boas intenções podem ser perigosas se não forem acompanhadas de crítica. E Freud, bom… Freud nos diria pra parar de buscar soluções mágicas e encarar a vida como ela é: cheia de conflitos, mas ainda assim possível de ser vivida com sentido!
É disso que precisamos: ética no comportamento (Kant), ação coletiva na política (Lenin), consciência crítica nas instituições (Bauman), e coragem emocional no cotidiano (Freud). Não dá pra mudar o mundo de uma vez — mas dá pra começar por aqui. E talvez, só talvez, se escutássemos mais esses pensadores, perceberíamos que ainda há um caminho. Ele não é fácil, mas é possível. E isso, por si só, já é um motivo pra continuar tentando!
Foi apenas algo que lembrei e que me deu vontade de compartilhar, pois foi uma delícia de fazer! E para você? Quem seriam suas figuras de referências para a "solução" do mesmo tema proposto? Faça e verá como é prazeroso fazê-lo, pois aumenta nosso repertório, logo, diminui nossa certeza. E, como sabemos: Quem tem certeza de tudo não tem espaço para aprender algo novo!
Forte abraço!