O comportamento do mercado de moedas continua dominando o ajuste do posicionamento dos investidores no cenário mundial, influenciado pelos índices inflacionários pressionados e pelas perspectivas diferentes de política monetária das duas principais regiões do planeta. As bolsas americanas cederam nos últimos cinco dias entrando em território negativo no ano (exceção ao NASDAQ) e aguardando com certa apreensão a reunião do FOMC com as eventuais indicações do momento em que o FED incrementará a taxa de juros. Já na Europa as principais bolsas subiram, mantendo a tendência positiva que tem sido impulsionada pelo programa de compra de títulos da dívida soberana dos membros do Euro – que por sinal foi iniciada na segunda-feira passada.
A firmeza do dólar empurrou as commodities para baixo levando o CRB e o BCOM para novas mínimas, sendo que apenas duas matérias primas dos componentes do primeiro fecharam com alta, o trigo e gás natural. Os grandes perdedores foram o petróleo e seus derivados com quedas entre 6% e 9%.
O café em Nova Iorque timidamente trabalhou acima de US$ 140.00 centavos por libra, não sustentando e fechando abaixo de US$ 130.00 centavos na semana. Londres, que vinha mostrando resiliência, tomou um tombo de US$ 173 por tonelada encerrando no menor nível desde janeiro de 2014. A fraqueza do robusta requer cautela dos operadores pois traz os preços para patamares que em breve desencadearão uma onda de stops de venda, tanto por parte da comunidade especulativa, como por parte dos produtores e intermediários que vem segurando suas fixações esperançosos em uma recuperação do terminal que não aconteceu.
A arbitragem entre as duas variedades de café reflete, por acaso, o encarecimento dos diferenciais do arábica em praticamente todas as origens, o que embora dê algum suporte para a arbitragem, deixa, ao mesmo tempo, o mercado londrino mais vulnerável por ter bastante espaço para continuar a ceder dada a posição dos fundos e o atraso em seguir o arábica.
O contrato “C” por ora está tratando de atenuar os indicadores técnicos que mostravam o mercado “sobrevendido”, entretanto ao fazer novas mínimas haverá mais espaço para a continuação do movimento de baixa, já que os especuladores não vêem um sinal que os desestimulem a continuar vendendo.
Com esta situação as negociações nas origens praticamente param. Algumas consultas de compradores aparecem a diferenciais longes de encaixar com a reposição, e produtores de suaves, como a Colômbia, tentam conseguir apoio do governo para que implemente medidas de ajuda financeira ao setor.
No Brasil o câmbio tem absorvido uma parte das perdas do mercado futuro, e na verdade o país é o que menos sofre justamente em função disto.
Aqui em Charlotte - Carolina do Sul a conferência da NCA como sempre foi bem atendida e recheada de conversas interessantes. Em geral o sentimento dos participantes é que o mercado caiu de mais e deve recuperar, uma quase unanimidade que preocupa e me faz crer que eventualmente há espaço para que o contrato da ICE escorregue outros 10 ou 15 centavos – no máximo. Depois, então, o impulso da alta virá de uma recompra parcial da posição dos fundos, que a meu ver pode trazer movimentos diários de 10 centavos de alta sem grande dificuldade.
Como sempre a questão é o timing (quando acontecerá), e de fato temos que ficar atentos, pois diferente do que eu acreditava, eu ouvi muitos dizerem que os produtores brasileiros venderam menos do que 20% da safra 2015/2016. Se isto é verdade poderemos ter uma pressão vendedora alguma semanas após o começo da safra, e dependendo de onde esteja o Real, as altas podem ficar mais limitadas.
Para finalizar, a posição comprada (bruta) dos comerciais no COT não para de aumentar, em menor proporção do que a posição vendida (bruta) dos fundos, duas categorias que temos que monitorar para então dizer que o mercado atingiu seu ponto mais baixo, até pelo menos outubro/novembro.
Uma boa semana com excelentes negócios a todos.