O cobre atingiu as máximas recordes no ano passado, fechando com sua maior valorização desde 2017. A expectativa dos investidores é que a continuidade da recuperação global frente à pandemia de coronavírus manterá firme o rali do principal metal industrial do mundo neste ano.
Mas, colocando de lado o crescimento mundial, as preocupações com a economia chinesa – e o problemático histórico e falta de transparência de Pequim ao lidar com as mutações da Covid – podem afetar a cotação do cobre, que depende bastante da demanda chinesa.
Ressaltando tais preocupações, os preços do cobre começaram o ano com pouco vigor, bem abaixo dos picos de 2021.
O contrato futuro do cobre para três meses na LME, Bolsa de Metais de Londres, encerrou o ano com uma alta de 25%, a US$9.720,50 por tonelada, após a máxima recorde de US$10.746 em maio. Até agora no ano, ele acumula queda de 1,6%, negociado abaixo de US$9.625.
Gráficos: cortesia de skcharting.com
O contrato futuro com vencimento mais próximo do cobre na Comex de Nova York também subiu 25% em 2021, fechando a US$4,40 por libra-peso, após tocar a máxima histórica de US$4,888 em maio. Desde o início de 2022, ele recuou 0,3%, um pouco abaixo de US$4,40.
Todo o mercado de metais básicos, formado pelo cobre, bronze, zinco, alumínio e estanho, teve um excelente desempenho em 2021, compensando a desaceleração de 2020, e devemos ver neste ano uma continuação da forte demanda, “mas com maior volatilidade de preços, à medida que o lado da oferta se recupera”, declarou Gavin Wendt, fundador e diretor da Mine Life, em uma recente perspectiva da Bloomberg sobre o setor.
Na segunda-feira, a China supostamente teve que bloquear uma cidade de cinco milhões de pessoas, um dia após detectar a variante ômicron da Covid na província central de Henan. Essa foi a segunda medida do tipo em dois meses, por causa de preocupações com um possível repique da pandemia, provocado por variantes altamente transmissíveis.
Embora medidas recentes de Pequim mostrem seu compromisso com o combate à Covid em nível micro, a transparência do país em relação à pandemia continua sendo objeto de preocupação para o mundo, em razão do seu histórico irregular em fornecer atualizações, estatísticas e alertas tempestivos a outros países, no que se refere à sua exposição e vulnerabilidade ao vírus.
Em razão da potencial disseminação da ômicron antes das Olimpíadas de Inverno de Pequim, com início previsto para fevereiro, mais cidades chinesas devem endurecer as medidas de distanciamento social e até mesmo impor bloqueios perto da celebração do Ano-Novo Lunar, que começa em 1 de fevereiro, disse Lu Ting, economista-chefe da Nomura para a China.
“As vendas no varejo e o setor de serviços podem ser profundamente impactados de novo”, escreveu Ting em uma nota da Nomura no domingo, publicada pelo periódico South China Morning Post, de Hong Kong. O economista afirmou que espera ver cortes nas perspectivas de crescimento da economia chinesa no primeiro trimestre.
Do ponto de vista dos fundamentos, esses fatores podem pesar sobre o cobre, já que a China é responsável por quase 55% do seu consumo.
Também do ponto de vista técnico, a perspectiva do cobre não parece muito promissora, com um aparente viés de baixa, afirma Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico chefe do skcharting.com.
“Os gráficos mensais de longo prazo do cobre negociado nos EUA mostram os preços contidos num triângulo simétrico, lembrando bastante padrões de haste de bandeira”, disse Dixit.
Ele disse que os preços dos metais na Comex vêm andando de lado desde que falharam em retestar a máxima recorde de maio, de US$4,888.
“A queda na leitura do estocástico de 17/19 abre espaço para declínios maiores", ressaltou Dixit.
“O cenário no curto prazo mostra que o metal está consolidado entre US$4,823-3,966. Movimentos maiores serão mais bem determinados com base em qual desses níveis for rompido primeiro.”
O cobre para três meses na LME apresenta formação similar à do cobre da Comex, observou Dixit. Ele disse ainda:
“Os preços em Londres também estão andando de lado, dentro de uma haste de bandeira triangular, com um estreitamento do ângulo a cada mês.”
Dixit observou ainda que, desde a máxima de maio do ano passado, as negociações do cobre em Londres encontram-se em um canal de baixa entre US$10.270 e 8.738.
“A perda do patamar de US$8738 pode fazer com que o cobre da LME caia para a metade da Banda de Bollinger a US$8472 e a média móvel exponencial de 50 meses de US$7512", segundo Dixit.
Ele disse ainda:
“Um rompimento superior a US$10.270 pode retomar a tendência de alta, testando o topo de US$10.746 e estendendo o rali para mais 2000 pontos, a US$12.800, no longo prazo".
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para dar diversidade às suas análises de mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.