Lembrando do futuro
A despeito da queda das Bolsas lá fora (medo do Fed), Ibovespa segue resistindo bravamente, em mais um indício de que atingimos algum tipo de suporte.
Mas e se o país perder o grau de investimento por outra agência? Moody’s ou Fitch?
A explicação de cartilha é de que haverá maior fuga de capital, pois os gringos obedecem à consonância de dois ratings independentes.
Minha explicação é um pouco diferente.
Acho ilusão intuir que os gestores estrangeiros esperam perder o compliance para só depois abandonarem do país.
Esses caras não são bobos, não correm atrás do rabo.
O futuro contemplado no downgrade da S&P já virou passado no tempo do mercado.
À espera de um milagre
Quando uma agência de rating faz downgrade de um país, não pensa só no contexto atual, mas também nos próximos anos.
Basicamente, sem contenção fiscal e com o PIB patinando, é fácil deduzir que o endividamento brasileiro subirá rapidamente.
Vide gráfico prospectivo, montado pelos economistas da Bloomberg.
Que me desculpe o esforço fiscal endógeno, mas - no fim das contas - a principal influência na trajetória da dívida é mesmo o crescimento da atividade.
Se algum evento milagroso for capaz de fazer o PIB brasileiro voltar a crescer a partir de 2016, esse gráfico mudará radicalmente.
Quero, mas não posso
Volta a velha história: Dilma quer insistir na proposta para minar a dedutibilidade dos juros sobre capital próprio.
E quer por que quer criar um tributo temporário sobre intermediação financeira (só não pode chamar de CPMF).
O Governo quer muitas coisas, mas pode poucas coisas.
Ao menos nesse sentido, a ética definida pelo Congresso é bastante razoável: primeiro você corta gastos, depois a gente pensa em aumentar tributos.
Isso significa que chegamos a um limite do tamanho do Estado na economia brasileira.
Nosso limite era muito maior que o dos outros, mas ele existe.
5x0 é 7x1
Este limite para o tamanho do Estado entra na lista dos fatores que consideramos nocivos agora, mas salutares em médio prazo.
O grande desafio é avaliar a aparente contradição naquilo que, exatamente por incomodar, nos fará bem.
Tem muito investidor ainda esperando para comprar bolsa brasileira.
Esperando, esperando, esperando...
Esperam por um dólar acima de R$ 4,00, pela reconstrução dos superávits primários, convergência efetiva da inflação à meta, retomada da atividade industrial, menor custo de mão de obra, etc
Quando esse Brasil platônico se confirmar, o Ibovespa estará valendo 70 mil pontos.
Temos que enxergar adiante, e não durante.
Ovelha clara
Safra total 2014/15 comemora recorde, com alta de +8,2% decorrente de belos ganhos de produtividade.
Não à toa, os assinantes do Microcaps ouviram ótimas notícias a partir da incursão de nosso analista Max Bohm no setor agrícola.
Com botas sujas de barro, Max está empolgado por ter duas empresas de seu portfólio diretamente expostas ao único nicho da economia brasileira que continua inspirando otimismo.
Ambas as ações registram lucros desde a data original de recomendação, alheias à bolsa em queda.
E ambas tendem a mostrar potencial ainda mais emblemático mediante a Virada de Mão.