Na semana em que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) concentra as atenções do mercado doméstico e será conhecida em dia de feriado nos Estados Unidos, o destaque fica com o descolamento dos ativos locais. A bolsa brasileira e o real estão entre os piores desempenhos do mundo em 2024, descolando-se de Nova York.
No ano, o Ibovespa acumula perdas de mais de 10%, enquanto os índices Nasdaq e S&P 500 encerram a sexta-feira (14) em nível recorde pelo quarto dia seguido. Na direção simetricamente oposta, o dólar se valoriza em relação ao real, saindo de R$ 4,85 no fim do ano passado para R$ 5,40 no último pregão - o desempenho só fica atrás do iene.
Talvez por isso, essa dinâmica própria do mercado local foi destaque no noticiário durante o fim de semana. As manchetes dos principais veículos nacionais apontavam a “pior semana do governo Lula” em meio às derrotas no Congresso, principalmente na chamada “pautas de costumes”.
Com esse clima tenso, o núcleo de coordenação política do presidente Lula está em xeque e uma reunião hoje em Brasília tenta costurar a articulação entre Executivo e Legislativo. No front econômico, Lula reúne-se com ministros do Conselho Orçamentário para definir medidas de revisão dos gastos públicos e fechar o Orçamento de 2025.
Mas não são poucos os especialistas que veem exagero na reação dos investidores. É ressoante a avaliação de que o mercado local não está aproveitando o bom pano de fundo externo e está amplificando o risco fiscal do país. Como resultado, tem-se preços atrativos e uma posição técnica saudável.
Há, portanto, um potencial de valorização à frente. Porém, a disposição em acumular posições arriscadas é mínima, o que se reflete na ausência de fluxo de longo prazo para os ativos locais. Assim, pode se esperar mais volatilidade por aqui, com o mercado exagerando no pessimismo, depois de ter virado o ano exageradamente otimista.