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Mercado quer consenso

Publicado 19.06.2024, 08:59
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O feriado nesta quarta-feira (19) nos Estados Unidos pelo fim da escravidão, que se tornou oficial apenas em 2021, separa ainda mais o mercado doméstico dos negócios no exterior. A dinâmica própria dos ativos locais continua sendo destaque, com os investidores convencidos de que a única solução seria um mínimo de consenso.

Daí porque o Copom deveria entregar hoje, no fim do dia, uma decisão unânime de manutenção da taxa Selic em 10,50%. Mas depois das declarações do presidente Lula na véspera fica difícil imaginar qualquer cooperação entre o Executivo e o Legislativo, bem como entre as alas “de direita” e “de esquerda” na política monetária.

Em entrevista na rádio, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, tentando emplacar a ideia de que a atuação de Roberto Campos Neto é mais política do que técnica. Como pano de fundo, estava o jantar em homenagem a ele oferecido pelo governador de São Paulo, visto como a sinalização de quem seria o seu “posto Ipiranga”.

Um Copo(m) e nada mais

O banquete, ocorrido há uma semana, pareceu ser a “entrada” de Tarcísio de Freitas na corrida presidencial de 2026. À mesa, um ex-presidente (Michel Temer) e dois ex-governadores (João Doria e Rodrigo Garcia), além de vários banqueiros da Faria Lima. Nem Jair Bolsonaro nem Paulo Guedes estavam entre os convidados.

A fala de Lula ontem (18) foi suficiente para fazer o dólar renovar o maior nível desde janeiro de 2023, indo mais além de R$ 5,40. O movimento foi na contramão do desempenho da moeda norte-americana frente aos principais rivais. Já o Ibovespa conseguiu sustentar-se ligeiramente no terreno positivo.

Seja como for, o pessimismo dos investidores - estrangeiros, inclusive - voltou aos níveis pós-eleições. Mais que isso, o receio do mercado doméstico é de que o Lula 3 esteja virando um Dilma 2. Nas entrelinhas, a ausência de consenso e cooperação parecem indicar, ao menos, o desejo por mais um impeachment.

A visão consensual é de que o aumento da arrecadação via impostos - em especial na indústria financeira - sem nenhuma compensação de corte de gastos chegou ao limite. E a consequência disso, se não for a queda de um presidente pela terceira vez desde a redemocratização, é de inflação galopante e outra recessão, com alta dos juros ali na frente.

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