As dinâmicas dos segmentos do mercado financeiro alinharam os comportamentos, sem perder o otimismo, com a imperiosa necessidade de preservar a sensatez.
Afinal, houve uma boa receptividade ao nome do provável vencedor da disputa Presidencial, a partir da retumbante votação no 1º turno, mas se já se pode vislumbrar “quem”, ainda falta saber “como” será o programa da gestão e a linha programática, para que então, se possa vislumbrar as perspectivas efetivas.
É imperativo que se tenha uma análise com elevado grau de acuidade dos integrantes do novo Congresso, com o qual o novo Governo terá que dialogar e desenvolver sinergias de propósitos e alinhamentos que viabilizem os avanços e a governabilidade.
Tudo isto está ainda em fase muito incipiente, então é absolutamente necessário o comedimento comportamental face à uma perspectiva que, ainda simplesmente, se mostra favorável mas sem aprofundamento.
O preço do dólar está no seu ponto de equilíbrio oscilando entre R$ 3,70 a R$ 3,80, e a tendência é que seja mantido neste intervalo, o que permitiria ao BC/COPOM manter a taxa SELIC em sua próxima reunião e ter um impacto favorável no arrefecimento dos IGP´s e no próprio IPCA. Entendemos muito prematura a hipótese aventada no mercado de que a manutenção da taxa cambial no parâmetro acima permitiria ao COPOM avaliar possível redução da SELIC.
A B3 pode até estar com preços atraentes, mas a sua evolução de forma sustentada está diretamente dependente das diretrizes programáticas do governo para recuperação da atividade econômica e adequação para solução da questão fiscal que trava as iniciativas de governo, para que possibilitem a retomada sustentável do crescimento, com geração de emprego e renda.
Enfim, é só o início de uma perspectiva de melhora como visão primária ainda carente de maior fundamentação e credibilidade, mas que instala o prenúncio de um novo momento para o país na busca de seu reequilíbrio e prosperidade.
Espera-se, embora a convicção seja baixa, que se possa ter neste intervalo entre o 1º e 2º turno debates que evidenciem linhas programáticas para o desenvolvimento da gestão governamental na busca de seus objetivos. Afirmamos que temos baixa convicção visto que o candidato Haddad já anunciou que só se manifestará sobre sua equipe econômica após o 2º turno, o que, se confirmado, fragiliza as expectativas de maior aprofundamento nesta relevante abordagem.
A forte prevalência das redes sociais como fator de influência nas eleições, com muito maior peso do que os outros meios de comunicação, é um fato novo que se tornou surpreendente, mas que trouxe grandes perturbações com as notícias falsas (fakes News) e montagens de matérias.
Por outro lado, as mídias jornalísticas, radiofônicas e televisivas denotam vieses perturbadores para a opinião pública, dada a predominância de posturas ideológicas e sectárias, que procuram conduzir a formação de consensos nem sempre razoáveis. Este não é um fato positivo, muito pelo contrário.
Enfim, esta é uma eleição num novo contexto e surpreende até pelo alto grau de renovação do Congresso Nacional.
No mercado financeiro acreditamos que haverá uma tendência de comportamento do tipo “andar de lado” após um ajuste abrupto no primeiro dia, tanto na B3, juros e câmbio.
No câmbio tudo indica que o preço deva permanecer entre R$ 3,70 e R$ 3,80, com volatilidade dado os movimentos de “comprados” e “vendidos”, chamando a atenção que os “comprados” têm assumido novas compras embora discretas, agora com o preço do dólar mais baixo, provavelmente para impactar na formação de preço médio mais favorável.
Enfim, tudo leva a crer que atravessaremos até o início das novas pesquisas e debates um período curto com muita observação e menos ação, predominando a postura sensata que parece ser a mais adequada para o momento.
Nesta fase até a superação do 2º turno acreditamos que o Brasil será “uma ilha”, com foco quase que total em suas questões internas.