No setor de ativos digitais, não há mais espaço para improviso. À medida que stablecoins ganham escala institucional e se conectam ao sistema financeiro tradicional, a demanda por segurança, rastreabilidade e governança se torna inegociável. É nesse contexto que a certificação SOC Tipo 2 emerge como um divisor de águas.
Em essência, o SOC 2 Tipo 2 visa demonstrar que uma organização não apenas possui controles de segurança implementados, mas também que esses controles estão prevenindo de forma consistente e eficaz riscos relacionados à segurança de dados, disponibilidade e outras áreas importantes durante um período definido.
Empresas que lidam com stablecoins e ativos digitais estão, essencialmente, operando infraestrutura crítica. Movimentam valores expressivos, lidam com dados sensíveis, integram sistemas bancários e são alvos constantes de ciberataques. Nesse cenário, confiar em parceiros sem controles auditáveis e bem documentados é um risco que nenhuma instituição séria pode mais se dar ao luxo de correr. O SOC 2, por sua vez, oferece exatamente essa garantia: uma validação independente de que a empresa cumpre critérios rígidos de segurança, disponibilidade, confidencialidade e privacidade.
Mais do que um selo, o SOC 2 é um compromisso contínuo. Envolve investimentos relevantes em processos, tecnologia e governança — mas também eleva o padrão interno e prepara as empresas para um ambiente regulatório que caminha para exigir esse tipo de conformidade. Para clientes e reguladores, é um recado claro: “somos confiáveis, e levamos isso a sério”.
Há quem veja apenas como um custo. Mas, na verdade, a certificação é um ativo estratégico. Startups e instituições que já a conquistaram não só ganham vantagem competitiva, como também se posicionam à frente em mercados exigentes, com mais facilidade para fechar parcerias, passar por due diligences e crescer de forma sustentável.
Além disso, empresas certificadas tendem a capturar melhor as necessidades dos seus clientes e adaptar seus processos com maior agilidade — mesmo quando tais melhorias não são exigidas pela certificação. Isso porque a mentalidade de compliance e melhoria contínua se enraíza na cultura organizacional, promovendo eficiência operacional e reforçando a confiança de parceiros estratégicos.
Em um momento em que o Brasil avança em discussões sobre o marco legal das stablecoins e em que reguladores internacionais sinalizam exigências mais robustas para emissores e operadores, o SOC 2 deve ser encarado não como um diferencial, mas como o novo padrão mínimo para quem deseja permanecer relevante, competitivo e confiável no mercado de ativos digitais.