Ação da B3 pouco badalada sobe +26% no mês; alta foi captada por ferramenta de IA
O resultado do Índice do Varejo Stone (IVS) de outubro mostra um crescimento de 0,4% na comparação sazonalmente ajustada com o mês anterior. Esse é o segundo mês consecutivo que o índice registra um resultado positivo na comparação mensal. Contudo, quando comparado com o volume de vendas do mesmo período no ano anterior, vemos que o varejo segue operando em patamares mais baixos que em 2024. Em relação a outubro do ano passado, as vendas caíram 1,5%, reforçando uma tendência de acomodação da atividade.
A análise setorial ajuda a compor a leitura de acomodação. Assim como em setembro, cinco dos oito segmentos analisados tiveram alta, mas o nível de crescimento foi mais modesto. Os destaques foram os setores de Tecidos, Vestuário e Calçados e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico, com crescimento de 1,2% e 1,1%, respectivamente. Além disso, na comparação anual, apenas dois setores tiveram alta: Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (0,9%) e Artigos Farmacêuticos (0,5%).
Já a análise regional aponta uma piora mais clara. Enquanto em setembro dez entes federativos tinham apresentado crescimento do volume de vendas, em outubro esse número caiu para seis. Os principais crescimentos deste mês foram registrados no Amapá (4,2%), Espírito Santo (2,7%) e Sergipe (0,3%). Além disso, o Ceará registrou 0,2% de crescimento no volume de vendas e, por fim, Mato Grosso e Goiás tiveram alta de 0,1%.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego segue em patamar historicamente baixo, atingindo 5,6% em setembro de 2025 (cerca de 1 p.p. menor que no mesmo mês de 2024), com a massa de rendimentos acima de R$ 350 bi, o que impulsiona parte das vendas do comércio varejista. Em contrapartida, o CAGED registrou a criação de 101.304 vagas formais no período, cerca de 28% abaixo na comparação com setembro de 2024, sinalizando moderação no ritmo de geração de emprego formal.
No cenário do crédito o motor é restritivo. O comprometimento de renda com serviço da dívida alcançou 28,5% em agosto deste ano (máxima da série), limitando a capacidade de consumo das famílias. No mesmo sentido, a inflação continua elevada, embora apontando acomodação: 5,2% no acumulado dos últimos 12 meses, mas com uma queda de cerca de 0,3 p.p. desde abril.
Assim, os dados de outubro seguem em linha com as análises anteriores, apresentando um crescimento leve no comparativo mensal, mas um desempenho abaixo na comparação ano contra ano. Parte da alta nas vendas parece ser sustentada por um cenário de emprego forte, estimulando os rendimentos médios. Do lado restritivo, o endividamento elevado, o serviço da dívida recorde e a inflação persistente atuam no sentido de frear o varejo.
Quando olhamos para medidores de confiança, como o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e o Índice de Confiança do Comércio (ICOM), ambos do FGV IBRE, vemos que a leitura se repete. Em outubro, ambos os índices apresentaram alta mensal (1 ponto para o ICC e 1,5 para o ICOM), mas patamar abaixo de 2024 (-4,3 para o ICC e -3,5 para o ICOM). Além dos bons números no mercado de trabalho, a animação com o final de ano parece influenciar a confiança no curto prazo. Contudo, percebe-se que essa expectativa também está aquém do que estava no mesmo período do ano passado, fortalecendo a tendência de acomodação.
