Taxas curtas têm quedas leves e longas sobem com IBC-Br abaixo do esperado e persistência do temor fiscal
*Com Thaís Italiani, Laleska Moda e Carolina França
A aversão ao risco permaneceu elevada no terceiro trimestre de 2025 devido às tensões comerciais globais, aos conflitos geopolíticos e às preocupações fiscais, enquanto o ouro atingiu níveis recordes. Olhando para o quarto trimestre, as incertezas fiscais e políticas no Brasil e nos EUA, juntamente com a pressão sobre os mercados de commodities, deverão moldar o sentimento econômico
Cenário Macroeconômico
Atualização 3T 2025: A aversão ao risco permanece elevada em meio à escalada das tensões comerciais entre EUA e China e ao aumento das tarifas, com o ouro atingindo níveis recordes. Os riscos geopolíticos persistem devido à prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia. O Banco Central dos EUA reduziu as taxas de juros pela primeira vez em setembro, atingindo o nível mais baixo desde o final de 2022.
Expectativas 4T 2025: Um novo capítulo se desenrola em meio a conflitos geopolíticos, com os EUA mediando cessar-fogo em Gaza. As preocupações fiscais persistem em países como Brasil e EUA, onde o governo está paralisado desde 1º/out e os debates eleitorais se aproximam no Brasil para 2026. Espera-se que as commodities continuem sob pressão devido ao sentimento de risco persistente e às taxas de juros elevadas, ao mesmo tempo em que respondem aos seus fundamentos de oferta e demanda.
Mercado Softs
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Açúcar: Os preços do açúcar caíram drasticamente em meio a melhores perspectivas de oferta global, impulsionadas pela safra recorde no Brasil e condições favoráveis no Hemisfério Norte;
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Café: O mercado e os preços do café foram fortemente influenciados pelas tarifas dos EUA sobre os grãos brasileiros e seu efeito sobre os estoques do país. A redução das exportações do Brasil também contribuiu para a menor disponibilidade;
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Cacau: Os preços do cacau têm sofrido correção em meio a expectativas de excedente para a safra 25/26 e demanda mais fraca.
Mercado de Grãos e Oleaginosas
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Soja: A menor produção e os estoques mais baixos nos EUA proporcionaram algum suporte aos preços, mas a falta de acordo entre os EUA e a China e a ausência de compras chinesas de soja americana continuam pressionando o mercado, impedindo aumentos de preços.
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Milho: A produção recorde e o grande aumento nos estoques dos EUA continuam a pesar sobre o mercado. No entanto, a forte demanda por milho dos EUA é um fator de apoio.
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Trigo: A grande produção na União Europeia e na Rússia deve levar a maiores exportações, o que aumenta a competitividade e pressiona o trigo americano.
* Thaís Italiani é Gerente de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets, com mais de 10 anos de experiência em grãos e oleaginosas, especialmente soja e milho