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Não compre Ambev (ABEV3) pensando na Copa

Publicado 26.09.2022, 15:35

Agora é oficial: faltam menos de dois meses para o pontapé inicial do maior e mais aguardado evento esportivo mundial: a Copa do Mundo!

O torneio, que ocorrerá este ano no árido Catar, definirá a próxima — entre as 32 principais seleções mundiais — a levar para casa a consagrada taça Jules Rimet.

“Será que vem pela sexta vez para o Brasil?”

Mas você deve estar se perguntando: “o que isso tem a ver com os meus investimentos?”.

Fique tranquilo, não estou aqui para te convidar para um tradicional “bolão” e muito menos para recomendar um dos milhares de aplicativos de apostas esportivas que surgiram no país nos últimos anos.

Aproveitando que estamos cada vez mais próximos da Copa, resolvi comentar sobre um assunto que está em alta entre os brasileiros e investidores este ano: cerveja.

Na verdade, vou falar mais precisamente sobre a Ambev (BVMF:ABEV3).

Será que, por conta da Copa, a empresa vai lucrar mais em 2022 e suas ações vão acompanhar um possível crescimento?

Gif torcedores da Seleção Brasileira.
Fonte: Veja SP/ Reprodução

O consumo de cerveja em ano de Copa


É inegável que a cerveja é um dos produtos mais queridos pelo brasileiro e essa relação de amor só tende a aumentar em anos de Copa do Mundo.

Matéria sobre a expectativa de consumo de cerveja durante a Copa de 2022
Matéria sobre a expectativa de consumo de cerveja durante a Copa de 2022. Fonte: ABRAS.

Com a Copa do Catar sendo a primeira pós-pandemia, a tendência é que a demanda ainda reprimida faça com que a produção e as vendas de cerveja subam no país, com a população se reunindo para assistir à Seleção Brasileira.

Segundo estudo da XP (BVMF:XPBR31), desde a Copa de 2002, o volume de produção de cerveja é +4% maior nos trimestres em que ocorrem o torneio.

Esse número poderia ser maior? Até poderia.

Mas temos que levar em consideração que o volume já é alto normalmente e, no ano do penta brasileiro, a Copa foi realizada no Japão e na Coréia do Sul (por conta do fuso horário, a demanda não foi tão grande).

E quanto aos resultados da Ambev nesses períodos?

Lucro da Ambev nesses períodos


Primeiro, é bom trazer um breve comentário sobre a companhia.

Ambev foi constituída em 1998, como sucesso de duas grandes cervejarias brasileiras, a Brahma (fundada em 1888) e a Antarctica (fundada em 1885).

A companhia é controlada pela AB Inbev, que antigamente chamava-se apenas Inbev, mas que mudou de nome após a aquisição da Anheuser-Busch (dona de grandes marcas, como Budweiser, Stella Artois e Beck’s) por US$ 52 bi em 2018, tornando-se a número um no mercado mundial de cerveja.

Atualmente, com um portfólio mais completo, a Ambev fabrica e comercializa cervejas e outras bebidas no Brasil e no exterior, incluindo Canadá, países da América do Sul e América Central.

Algumas das marcas da companhia.
Algumas das marcas da companhia. Fonte: Ambev

Com a expansão das operações, a companhia pôde entregar um grande crescimento em seus resultados desde a sua formação no final dos anos 90 — crescimento que veio tanto de maneira orgânica quanto por meio de aquisições relevantes.

Após a virada do milênio, cinco Copas do Mundo foram realizadas desde então, sendo que em todos os anos em que ocorreu o evento, a empresa apresentou crescimento em seu lucro.

Coincidência? Sim e não.

Como dito anteriormente, em anos de Copa do Mundo, é natural que a demanda por cerveja suba e, consequentemente, os resultados das cervejarias também aumentem.

Porém, não podemos deixar de lado que grande parte desses torneios estava no meio do período de alto crescimento que a Ambev já vinha atravessando — com exceção de 2018, em que o salto no lucro se deu por uma base comparativa mais fraca no ano anterior, inclusive fechando aquele ano com um resultado inferior ao de 2016.

Ou seja, a Copa do Mundo pode até ter ajudado nos resultados da empresa, porém não foi o grande motivo pela melhora no lucro e pela alta das ações.

Além disso, temos que considerar vários outros fatores econômicos, principalmente ao analisarmos o comportamento de ABEV3.

Gráfico apresenta Lucro da Ambev desde 2002.
Lucro da Ambev desde 2002. Fonte: Bloomberg

Performance de suas ações


Ainda que a Ambev tenha apresentado bons resultados em todos os anos de Copa do Mundo desde 2002, nem sempre suas ações acompanharam o mesmo ritmo.

Em 2014 2018, até por terem atravessado períodos de incertezas econômicas e principalmente políticas, os papéis da companhia se desvalorizaram, indo ao encontro de seu lucro.

Gráfico apresenta ações da Ambev desde 2002.
Ações da Ambev desde 2002. Fonte: Bloomberg

Porém, apesar de algumas distorções de curto prazo, o que vemos nesse período é que as ações da empresa vêm acompanhando de perto os resultados que estão sendo entregues.

Em 2022, a Ambev ainda buscará aumentar o seus lucros aproveitando-se do fato de que será a primeira Copa do Mundo a acontecer no verão brasileiro, o que poderá elevar ainda mais a demanda por cerveja.

Apesar da decisão recente por parte do Cade de vetar a Ambev e outras marcas de fechar exclusividade de cerveja com bares no país, a tendência de aumento das vendas segue sendo muito positiva.

E a expectativa ainda melhora pela oportunidade que a empresa terá de alavancar as suas plataformas de venda online Zé Delivery e BEES.

Será o suficiente para impulsionar as ações da fabricante de bebidas?

É impossível afirmar, ainda mais considerando que teremos eleições no Brasil um mês antes do início da Copa.

Por enquanto, o que vemos é que ABEV3 está se comportando de forma semelhante ao ano de 2014, com as ações praticamente no zero a zero até o momento.

Afinal, vale a pena comprar as ações pensando na Copa do Mundo?


Ainda que exista uma boa perspectiva de que a Ambev e outras marcas de cerveja aumentem seus faturamentos e lucros no ano atual, o investidor não deve olhar somente para eventos específicos na hora de comprar uma ação.

Olhando para um histórico mais curto (desde 2016), vemos que, salvo algumas exceções pontuais, o lucro e as ações da Ambev estão praticamente andando de lado nos últimos anos.

Gráfico apresenta lucro e ações da Ambev nos últimos anos.
Lucro e ações da Ambev nos últimos anos. Fonte: Bloomberg

Isso quer dizer que a empresa é ruim? Não.

Eu tenho certeza que quem investiu em ABEV3 lá atrás (antes de 2010) está colhendo ótimos frutos atualmente e deve estar plenamente satisfeito com o desempenho do investimento.

Como comentei anteriormente, estamos falando sobre um dos maiores nomes mundiais quando se trata de cerveja outras bebidas.

Porém, até pelo tamanho e maturidade que a Ambev atingiu ao longo dos anos, é de se imaginar que os seus resultados não cresçam mais na mesma proporção de antigamente.

De 2002 para cá, a companhia viu seu lucro saltar de R$ 1,5 bi para R$ 13,5 bi (+800%) e, com isso, suas ações valorizaram mais de +1.300% nesse período de 20 anos — o que fez com que a Ambev alcançasse um valor de mercado atual de R$ 240 bilhões.

As ações podem continuar se valorizando no curto prazo? Podem.

Devo comprar ABEV3 com esse pensamento, ainda mais com uma Copa do Mundo se aproximando? Creio que não.

Mais uma vez, acredito que não devemos investir em NENHUMA empresa olhando somente para UM fator que pode beneficiá-la temporariamente e deixar de lado todo o resto que está relacionado aos seus fundamentos.

Na verdade, negociando a 18x Lucros (acima da média histórica da bolsa) e não apresentando mais uma visibilidade tão elevada de crescimento para os próximos anos, também não acredito que ABEV3 seja uma boa oportunidade de compra pensando no longo prazo — pelo menos não no momento.

Caso o preço das ações da companhia se torne muito mais atraente e a Ambev aumente de forma relevante o seu potencial de crescimento, até poderei rever a minha análise e a minha decisão, mas hoje permaneço de fora.

Atualmente, existem várias outras empresas que estão entregando um crescimento acima da média do mercado e com preços que mais do que compensam os riscos e incertezas de seus negócios no futuro.

Um abraço

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