Segundo Warren Buffett, “a grande questão sobre como as pessoas se comportam é se elas possuem um scorecard (cartão de pontuação) interno ou um scorecard externo. O que importa é estar satisfeito com apenas um scorecard interno”.
Com isso, Buffett quer dizer que não devemos nos importar com o que os outros pensam de nós, muito menos nos importar com o que os outros fazem. Isto é, devemos nos importar com o que somos, com o que fazemos, e com nossos ideais.
A preocupação deve ser, portanto, com os nossos padrões, com o que pensamos sobre nossas capacidades, com o que podemos aprender.
Para exemplificar, Buffett nos diz para fazermos o seguinte teste: “Você prefere ser o melhor parceiro amoroso do mundo, mas todas as pessoas acharem que você é o pior, ou prefere ser o pior parceiro amoroso do mundo, mas com todos achando que você é o melhor?”
Comparar-se com outros não é um comportamento interessante, penso que isso pode ser dito para quase todos os âmbitos da vida – se não todos – incluindo a área de investimentos. Em economia, esse tipo de atitude é estudada pela economia comportamental.
Trata-se de um comportamento que acaba por permitir que outros tomem as rédeas de nossas atitudes, uma vez que somos direcionados a um caminho na busca de ser aquilo que ainda não somos.
Quando olhamos para a capacidade de outro indivíduo e desejamos tê-la também, podemos estar criando um sentimento motivador, que nos impulsiona na busca por melhorias, mas por outro lado, corremos o risco de criar algo destrutivo.
Isso porque os nossos aspectos mais importantes são medidos internamente, não em comparação com a capacidade de outros. Jogar com o scorecard de outros é fácil, mas é um jogo que não vale a pena ser jogado. Devemos jogar nosso próprio jogo, que na verdade, é o único jogo que podemos ganhar.
Podemos ser qualquer coisa que quisermos – ainda que isso soe um pouco clichê – basta buscar o conhecimento necessário, ter dedicação, “correr atrás” e batalhar bastante. Não há sucesso sem luta. Mas é preciso ter consciência de que não podemos ser tudo que quisermos.
A mensagem relacionada ao mundo dos investimentos que quero transmitir diante deste raciocínio acerca do comportamento humano é bem simples.
Não devemos comparar os retornos do nosso investimento, nem o tamanho de nosso patrimônio com o de outros investidores.
Muitas vezes ouvimos falar dos grandes investidores, que apresentaram retornos extraordinários por um longo intervalo de tempo, como Stanley Druckenmiller com seus 30% anuais, sem um ano de perdas sequer.
O que importa é jogarmos o jogo conforme nossas estratégias, buscando o atingimento de nossas metas pessoais, jogando o nosso jogo, sem interferências de outrem.
Além disso, olhar demais para a grama do vizinho acaba roubando uma parcela significativa de nossas energias que poderiam ser empregadas na luta pelos nossos objetivos, como procurar fazer stock picking nas melhores ações..
Eu conheço as minhas estratégias e foco nelas, sem me importar com o julgamento alheio e sem me importar com a performance alheia. Tenho a consciência de que trabalho o meu scorecard interno. Exercitar este tipo de autoconhecimento é fundamental para o atingimento de metas, inclusive no mundo dos investimentos.