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Novas Altas em Dólares, Mas Não em Reais

Publicado 15.04.2014, 16:13

O FMI nesta semana alertou para os riscos de dívidas corporativas e de mercados emergentes, que inflaram nos últimos anos de crédito barato, e que podem sofrer com o aumento dos juros das principais economias.

Nos Estados Unidos a divulgação da ata do FOMC foi recebida com interpretações de que o Fed-Fund rate pode ficar nos atuais 0.25% além de junho de 2015 – leitura sutil no jogo de palavras utilizado pelo comitê.

As principais bolsas de ações tomaram um tombo feio nos últimos cinco dias, caindo entre 1.35% (CAC 40) e 5.86% (Nikkei). O índice japonês já perdeu 12% este ano apesar de um programa agressivo de compra de títulos pelo governo. Em geral os investidores estão com uma postura mais defensiva com o começo da temporada de divulgação de resultados das empresas, crendo que os múltiplos estão muito inchados e, portanto, reduzindo suas carteiras em ações.

Os índices de commodities, por outro lado, mostram firmeza com o CRB e o DJUBS atingindo os maiores patamares desde Março de 2013, liderados esta semana mais uma vez pelo café em Nova Iorque, seguido do suco de laranja (em função de quebra de safra nos EUA), níquel e as matérias-primas energéticas.

O arábica rejeitou tentativas de baixa, e prontamente respondeu com novas altas para a primeira e segunda posição (entretanto, não para o contrato de Maio), encerrando a semana com ganhos de US$ 21.43 por saca. As oscilações diárias foram grandes, com intervalos de negociação de mais de US$ 8 centavos por libra em todos os pregões, e volume inchado pela rolagem das posições.

A sede do mercado internacional por dados que quantifiquem as perdas da safra brasileira tem sido saciada por divulgações constantes que apontam dois ciclos baixos de produção, com números exageradamente tão baixos quanto 40 e 35 milhões de sacas totais para 14/15 e 15/16, respectivamente – uma loucura.

Um dos motivos para a nova rodada de alta também é relacionado com algumas informações do rendimento no beneficiamento de cafés que já começaram a ser colhidos. Normalmente a média é que se use 450 litros de cereja/coco para formar um saco limpo de sessenta quilos de café, mas em algumas (poucas) fazendas que resolveram começar a colheita têm sido usados quase 800 litros para uma saca – dá-lhe notícia altista.

Talvez não adiante muito falar que é demasiadamente prematuro para tanto pessimismo, até porque não vai alterar o quadro fundamental que têm vendas insuficientes de produtores de arábica que se traduzam em fixações no mercado futuro. Sem contar, é claro, que a grande volatilidade afasta participantes com o receio de não terem folego para manterem suas posições.

O resultado é este que estamos vendo, uma insanidade do terminal que nem mesmo os spreads refletem a preocupação do futuro isoladamente (outright).

A alocação de recursos de fundos para as commodities, e o Real brasileiro que negocia ao redor de 2.20 também contribuem para elevar o teto do mercado. Por sinal, se convertermos os preços das cotações de Nova Iorque em centavos de Real por libra peso, estamos distantes em mais de R$ 51 centavos por libra da alta vista em 12 de março último. Em outras palavras, para o produtor no Brasil receber o mesmo valor da época, o “C” precisa subir US$ 23.17 centavos, ou seja, negociar a US$ 224.30 centavos por libra.

Os diferenciais em grande parte estão inalterados, com apenas algum enfraquecimento modesto de Honduras. No robusta o desconto no físico aumentou, e a negociação dos traders profissionais tem aumentado já que a estrutura está praticamente “flat”, leia-se: a bolsa não paga para ninguém carregar café.

O fechamento da semana não foi positivo e pode gerar uma tomada de lucro momentânea, que perigosamente pode atrair capital de curto-prazo apostando que seja apenas uma realização para que então aconteça uma retomada das altas – o que tem acontecido frequentemente.

Digo perigoso, pois entre alguns fundos de algoritmos, há aqueles que se aproveitam para ganhar dinheiro forçando uma mudança de comportamento do mercado.

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