Cortar ou não cortar? Eis a questão

Publicado 18.08.2025, 09:19
Atualizado 18.08.2025, 09:19

De tempos em tempos, os investidores retomam a discussão sobre juros. Seja no Brasil, seja nos Estados Unidos, o samba que dá ritmo ao mercado financeiro tem apenas uma nota. Ora o debate é sobre subir a taxa, porque está muito baixa; ora é sobre cortá-la, porque está muito alta.

 
Desta vez, o mercado não tem dúvida e já concentrou as apostas de que uma queda virá em breve. O movimento virá do Federal Reserve no encontro marcado para o mês que vem. Foi essa narrativa que moveu os ativos de risco na semana passada e é ela que deve continuar ditando o tom dos mercados globais ao longo dos próximos dias.
 
Tudo pode mudar na sexta-feira (22), para o bem ou para o mal. Todas as atenções estarão em Jerome Powell, presidente do Fed, durante discurso no simpósio em Jackson Hole (Wyoming, EUA). Porém, ele também pode jogar um balde de água fria no mercado, considerando-se o histórico recente de participações dele no tradicional evento.
 
O fato é que o mercado financeiro segue funcionando assim e simplesmente não consegue se reinventar. Os investidores preferem repetir a receita de bolo e viver os próximos dias como viveram os últimos mil. A questão é que o Fed não vai agir “por causa dos mercados”, assim como os EUA têm se movido por razões geopolíticas - e não geoeconômicas.
 
Não se trata mais de ver a taxa de juros como um instrumento de política monetária. Assim como tampouco é o caso de ver a política econômica como uma ferramenta de gestão interna. É uma questão de política externa. Acima de tudo, de Economia Política (e não o contrário) mundial.
 
O que vem por aí

- Simpósio de Jackson Hole

 

Começa nesta segunda-feira (18) e vai até sábado (23), o simpósio de Política Econômica de Jackson Hole. O evento, realizado no condado de Moran, no Wyoming, é famoso por reunir banqueiros centrais das principais economias desenvolvidas. 

 
O lugar foi palco de mensagens importantes da autoridade monetária dos EUA: foi ali que o então presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou o Quantitative Easing (QE), o famigerado programa de flexibilização quantitativa que teve 3 rodadas pós-crise de 2008. Dez anos depois, também foi ali que a sucessora Janet Yellen alertou sobre o fim da era de juros zero nos EUA.
 
Jerome Powell discursa na sexta-feira (22). Porém, diferentemente de seus antecessores, o atual mandatário do Fed é conhecido por não deixar nenhum recado na bucólica cidade.

O que rolou

 
- Inflação abaixo do esperado em julho? Só no Brasil.
 

A inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA) foi de 0,26% em julho. A previsão era de 0,10 ponto porcentual a mais. Nos EUA, o chamado índice cheio subiu 0,2% no mês, enquanto o núcleo do indicador teve alta de 0,3%. Ambas as leituras mensais vieram dentro do esperado. 

 

Já no período acumulado de 12 meses, o IPCA avança 5,23%,  enquanto o CPI sobe 2,7% na leitura cheia e 3,1% quando se exclui itens voláteis. São esses números “salgados” que vêm desde o ano passado até meados deste ano que impedem tanto o Copom quanto o Fed de cortar juros. 

 

Ou seja, o IPCA está bem acima da meta de inflação e o CPI segue acima da marca “natural e boa” de 2%. Além disso, no caso do CPI, os dados mostram que as novas tarifas de importação adotadas por Trump contra o mundo ainda não tiveram impacto significativo sobre os preços ao consumidor norte-americano - mas, como se sabe, é uma questão de tempo isso acontecer.

 

- Dólar termina a semana abaixo de R$ 5,40

 

Moeda norte-americana segue enfraquecida globalmente. Ante o real, a queda acumulada no mês é de 3,6%. No ano, está perto de 13%. Há quem diga que o movimento se dá diante da perspectiva de que o Fed deve reduzir a taxa de juros dos EUA na próxima reunião em setembro - nada a ver com a conjuntura internacional em curso.

 

- Lula, telefone, Xi Jinping; Trump não

 

Wèi? Tóngzhì, nǐ hǎo! O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para o presidente da China, Xi Jinping, na noite da segunda-feira passada (11) - manhã de terça (12) na República Popular. A conversa durou cerca de uma hora e tratou de vários temas

 

A ligação ocorreu cerca de dez dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que “Lula pode falar com ele quando quiser”, e o presidente do Brasil dizer que “não tem por que ligar para o presidente Trump”. 

 

Lula ligou para Xi porque as tarifas norte-americanas ainda são muito mais altas para a China do que para qualquer outro país do mundo, quando analisadas por países e por setores - exceto o Brasil e a Índia, que está na base da pirâmide.

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