Ontem vislumbramos forte queda do mercado de bolsa.
Não foi exclusividade do Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, que representa a maioria do volume negociado, porém a minoria das empresas listadas.
Recentemente, inclusive, escrevi um artigo tocando exatamente nesse ponto. Talvez o investidor tivesse fazendo uma leitura errada do mercado. Você pode ler o mesmo nesse link.
A queda do dia 02 de dezembro, que se estende no pregão de hoje, foi motivada por um projeto de autoria do ex-deputado Ricardo Berzoini, ministro das Relações Institucionais, e do deputado Renato Simões, ambos do PT.
Nesse projeto, que visa aumentar impostos com o objetivo de melhora das contas Fiscais do Governo federal, haveria a extinção da dedução da despesa com juros sobre capital próprio, o famoso JCP, da base de Imposto.
O mesmo projeto também permite a tributação de lucros e dividendos pelas pessoas físicas. Assim o investidor em ações passaria a pagar imposto em cima dos dividendos recebidos da sua carteira de ações.
Essa notícia pegou o mercado desprevenido e, mesmo sendo uma bitributação, levando a matéria a ser discutida no STF, o mercado não pagou para ver e começou a vender.
Trata-se do desespero do governo para ajustar as contas. Volta a pauta essa história de taxar dividendos e acabar com os JCP. A matéria deve ser votada e aprovada até o final do ano para entrar em vigor em 2015.
Qual a probabilidade de aprovação?
Não sou especialista em política nem direito tributário. Mas analisando o cenário político atual no congresso, é fato que o governo não goza de facilidades para aprovar matérias impopulares.
Seria a tampa do caixão para a pessoa física na bolsa. Essa classe de investidor vem reduzindo sua participação nos investimentos em ações ao longo dos últimos anos. Uma medida dessas afasta ainda mais esse investidor.
Trabalhando com o cenário de não aprovação do projeto estamos diante de uma oportunidade de investimento, principalmente no setor mais afetado pelas recentes vendas de ações, o financeiro.
O primeiro artigo que escrevi aqui para o portal Investing.com foi justamente falando da oportunidade do setor financeiro pós segundo turno. Se você não leu pode clicar nesse link e ler!
Continuo cético com uma valorização de curto prazo na bolsa como um todo. As oportunidades em renda variável estão em ativos bem específicos, com drivers particulares que podem levar a melhora nos lucros mais a frente.
O mercado ainda não pagou para ver a verdadeira autonomia dada a Levy e Barbosa. É sabido que a orientação política da presidente e parte do PT é para a matriz econômica implementada a partir de meados de 2009.
Isso pesa do lado negativo. Até que ponto eles suportarão “os inimigos” comandando a economia?
Um ajuste perfeito para o mercado seria de antemão, ao assumir a pasta, a equipe mostrar como tudo será feito num prazo mais longo, até 2018. Com absoluta certeza acalmaria os ânimos.
Porém, quem manda hoje é a dúvida, que ainda paira sobre os investidores. Será preciso mais alguns capítulos dessa novela para possivelmente as nuvens negras saírem de cima.
Gustavo Lobo é analista de ações certificado
Autor do Ebook Os 7 Pilares do Investidor de Sucesso distribuído gratuitamente!