Stand by
Hoje é dia de Copom, bebê, mas também é dia de divulgação da pesquisona do Datafolha (com mais de 10 mil eleitores), o que - sabemos bem - deixa todo o resto em segundo plano. No caso, é até compreensível...
É consenso no mercado a manutenção da taxa básica de juros em 11%. Desta vez vou com a manada. Não importa tanto a variação dos fundamentos econômicos em si. Com a eleição batendo à porta e grande probabilidade de mudanças significativas nos rumos da política econômica e até mesmo na autonomia do Banco Central, o mais sensato a fazer é não fazer nada.
Olhando à frente
Fora a excepcionalidade do momento, estou no time de quem aposta em uma subida adicional nos juros olhando um pouco mais à frente. Consequência óbvia: sim, sigo preferindo exposição a títulos pós-fixados em detrimento aos pré-fixados.
Além da recuperação de credibilidade do Banco Central, o clamor por crescimento após a confirmação do quadro de recessão técnica ainda encara uma barreira e tanto à frente: inflação no teto com pressão para iminente liberação de preços represados. O represamento de preços foi eterno enquanto precisava durar (até as eleições).
O (des)represamento bate à porta
“A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel artificialmente para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?”
Esta foi umas das primeiras perguntas que ficaram no ar com a ausência da presidente Dilma à entrevista do Jornal do Globo ontem. A pressão só aumenta. Ontem mesmo, o Ministro Mantega pela milésima vez falou em reajuste nos combustíveis ainda este ano - contribuindo, mais uma vez, com a volatilidade dos mercados.
Paralelamente, o consumidor já sente o aumento do preço na conta de energia. Depois da atuação truculenta sobre as companhias do setor elétrico na questão da renovação das concessões, completa deterioração de resultados e do valor de mercado das mesmas e necessidade de socorro às distribuidoras de energia, a virada de mão do governo já liberou reajustes de tarifas da ordem de 18,6% e 35,0% para empresas como Eletropaulo e Copel, respectivamente.
Já no que diz respeito ao dólar, o Bacen ainda segura as variações da divisa, mas vê uma tropa de respeito bater à porta: além da recuperação da economia americana, retirada dos estímulos e iminente subida dos juros por lá, um retorno ao tripé macroeconômico com Marina devolveria o caráter “flutuante” à moeda.
Um pequeno alívio para Petro
Para dar um pequeno alívio à Petro antes do reajuste (?), passou ontem Medida Provisória permitindo aumento do percentual de etanol na gasolina. A proposta eleva dos atuais 25% para 27,5% o teto do percentual de etanol adicionado à gasolina, mantendo a faixa mínima atual de 18%. Já o percentual obrigatório de mistura do biodiesel ao óleo diesel, que já havia passado de 5% para 6% desde o início de julho, subirá para 7% a partir de novembro.
Petrobras se beneficia considerando que o aumento estimado em 10% na demanda pelo etanol vai consequentemente reduzir a deficitária importação de gasolina da estatal. Corolário óbvio: ganha mais o setor de etanol, arrasado pela política de represamento. O segmento já vinha de rali na Bolsa na expectativa de que, se eleita, Marina implementará política mais favorável ao consumo do biocombustível em detrimento aos subsídios vigentes à gasolina.
Let it beer
Segundo apurou o Valor Econômico com interlocutores do governo, o aumento dos impostos sobre as bebidas é outro que entrou em stand by. Deve ficar para 2015.
Lembrando...
O governo anunciou em menos de 30 dias dois aumentos de imposto seguidos (e superiores à inflação) sobre cervejas e refrigerantes. Só depois do anúncio resolveu conversar com a iniciativa privada. Ou seja... Depois de anunciar e gerar volatilidade no mercado, voltou atrás e adiou a medida.
Em nossa opinião, o mercado tem superestimado os impactos associados ao incremento de impostos sobre empresas como a AmBev (ABEV3), negligenciando elementos positivos como a capacidade de remarcar preços e a recuperação dos volumes. Agora ou depois, aumento de imposto é ruim para Ambev, mas ainda pior para as concorrentes, que não possuem as suas vantagens de escala. No final das contas, quem paga é o consumidor (e os índices de inflação).
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.