Na coluna deste mês, abordarei o DREX (D – Digital; R – Real; E – Eletrônico; X – referência à tecnologia, assim como o X do PIX), que é a versão digital do Real, desenvolvida pelo Banco Central brasileiro para modernizar o sistema financeiro nacional. A previsão inicial era de lançamento em 2024, mas devido a desafios técnicos e de segurança, o Banco Central já indicou que o cronograma pode se estender até 2025 ou 2026. Essa demora é justificável, considerando os desafios tecnológicos, especialmente no que se refere à segurança das transações e à proteção de dados dos usuários.
O valor do DREX, na prática, será o mesmo da versão física, mudando apenas a plataforma. É importante salientar que, embora utilize tecnologia de registro distribuído (DLT), o DREX será totalmente centralizado pelo Banco Central, ao contrário das criptomoedas tradicionais, que operam em redes descentralizadas. Ou seja, ele não deve ser confundido com uma criptomoeda, pois será emitido e controlado pela autoridade monetária brasileira. Além disso, é fundamental não o confundir com o PIX, pois possuem finalidades e tecnologias distintas. Enquanto o PIX tem por objetivo o pagamento instantâneo e não envolve a utilização do DLT, o DREX visa operações financeiras sofisticadas e automatizadas, incluindo a interface com contratos inteligentes, os chamados smart contracts.
São inúmeras as vantagens relacionadas à segurança, porém, acredito que o grande benefício do DREX para a população brasileira seja a redução da burocracia em diversas situações, como na compra e venda de automóveis e imóveis. Quem já passou por esse tipo de processo sabe que ele pode ser demorado e, muitas vezes, oneroso. Para que o usuário tenha acesso à moeda digital, será necessário possuir uma carteira virtual em um banco ou em uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central. Ainda é difícil prever os custos associados à utilização da moeda digital, mas certamente eles não serão comparáveis aos custos de transação atuais no processo de compra e venda de ativos.
E como funcionará? Voltemos ao exemplo da compra de um carro. Atualmente, esse processo exige múltiplas idas ao cartório, ao banco e aos órgãos de trânsito. Além dos custos da transação, há a questão da insegurança tanto para o comprador quanto para o vendedor. Com a utilização dos smart contracts, essa burocracia e insegurança serão praticamente eliminadas. Assim que o comprador realizar a transferência do DREX, o contrato inteligente identificará o pagamento e a titularidade do veículo será automaticamente transferida para o nome do comprador. Percebem a vantagem em termos de segurança e rapidez?
Há, no entanto, um certo temor quanto ao controle das operações financeiras e à privacidade dos usuários, ou seja, sobre questões de monitoramento e rastreabilidade. Essa preocupação da população é válida, mas o Banco Central afirma que seu papel será facilitar e modernizar as transações financeiras. Como emissor do DREX, ele terá controle sobre emissões e poderá monitorar as movimentações para evitar fraudes e lavagem de dinheiro. O caminho ainda é longo, mas as perspectivas para o cidadão são as melhores possíveis.
Caro leitor, caso tenha alguma dúvida sobre o tema, estou à disposição para esclarecimentos por e-mail. Até a próxima!