Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
A próxima semana é crucial para os mercados, já que na quarta-feira teremos a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, seguida da sua coletiva de imprensa.
Aumentaram as expectativas de que o Fed irá acelerar seu processo de redução de compras de ativos, o chamado tapering, após o depoimento do seu presidente, Jerome Powell, ao Congresso americano. Neste momento, todos os indicativos apontam que o mercado acionário está dando sinal verde para que Fed faça o que precisa ser feito.
Tomara que seja assim, porque a situação pode acabar descambando para uma espécie de jogo da covardia, em que o Fed, na verdade, esteja querendo ver se o mercado está blefando.
Tapering mais rápido?
Neste momento, parece bastante provável que o Fed acelerará a redução das suas compras de ativos. Nas últimas semanas, diversos governadores do banco central americano vêm pedindo uma aceleração do processo, que deve terminar até março.
As ações inicialmente caíram quando os mercados ficaram sabendo dessa proposta. Contudo, na semana passada, os papéis voltaram a disparar, ficando bem perto das máximas anteriores.
Pode ser que a liquidação inicial tenha sido estimulada por notícias de uma nova cepa do coronavírus. Mas os títulos e os futuros dos fundos federais do Fed parecem ter levado mais a sério a ameaça do banco central, com a taxa de 2 anos saindo de 50 pontos-base (pb) em 19 de novembro para quase 70 pb. A alta ajudou a achatar a curva de juros drasticamente, com o diferencial entre as taxas de 10 e 2 anos caindo de 1,04%, em 19 de novembro, para apenas 80 pb.
Além disso, as chances da primeira alta de juros estão aumentando, com os futuros dos fundos federais para maio saltando de cerca de 18 pb para 25,5 pb. Ao mesmo tempo, os futuros dos fundos do Fed para junho também subiram de 23 pb para quase 32 pb, sugerindo que o mercado agora está precificando elevações de juros mais cedo do que se previa.
O Fed está blefando?
O mercado acionário parece achar que o Fed está blefando quanto à aceleração do tapering. O S&P 500 caiu de cerca de 4.700 em 19 de novembro para a mínima de 4.495 em 3 de dezembro. Mas, esta semana foi muito menos estressante para as ações, cujo índice de referência disparou cerca de 4%.
Por isso, se o mercado acionário estivesse preocupado com a ameaça de um tapering acelerado, seguramente tem uma forma engraçada de demonstrá-lo. Também é difícil imaginar que um tapering acelerado já tenha sido precificado pelo mercado, diante da expectativa de que as estimativas de lucro em 2022 cresçam menos de 10% e o S&P 500 esteja sendo negociado a mais de 20 vezes sua projeção de resultados para os próximos 12 meses.
Isso faz com que muitos acreditem que o mercado acionário não acredita que o Fed aumentará a velocidade do tapering, desafiando-o, de certa forma, a fazê-lo. Mas é bem provável que o Fed não esteja blefando e reduza mais rápido as compras de ativos, em vista da força do relatório de empregos da semana passada e das altas taxas de inflação.
O mercado acionário pode muito bem estar jogando um gigante jogo da covardia com o Fed. Não parece ser a melhor das estratégias no momento, já que pode ser bastante dolorida caso o mercado esteja equivocado.
Na quarta-feira veremos, de uma forma ou de outra, quem irá piscar primeiro.