The Greek mile
Tome cuidado ao ler manchetes de hoje sobre a Grécia.
A julgar pela alta generalizada das Bolsas nesta manhã, parece que tudo foi resolvido num acordo milagroso.
Só falta agora a parte do milagre.
Alexis Tsipras tem até quarta-feira para aprovar no Congresso várias leis de corte de gastos, redução de pensões previdenciárias e pesados aumentos de impostos.
O mercado supõe, de antemão, que todas essas medidas serão aprovadas numa boa.
Ainda estamos pós-fixados
Não é a primeira vez que investidores se rendem a um otimismo precoce, nem será a última.
No Brasil, a curva DI passou a considerar seriamente um aumento de apenas 25 pontos-base para a Selic.
Nem parece que o Focus elevou o IPCA esperado para o fim do ano de 9,04% para 9,12%...
Nossa projeção é de 50 pontos-base na reunião de julho e mais 50 pontos-base até dezembro, diluídos em duas reuniões.
O pós-fixado ainda bate o pré, arrebita, arrebita.
Pra ver a banda passar
Além das pressões inflacionárias, o Banco Central também tem que se preocupar com uma ajuda menor vinda do front fiscal.
Dilma tem até o dia 22 para reduzir formalmente a meta de superávit primário.
Ganha força a proposta de uma banda fiscal, capaz de “acomodar” flutuações de arrecadação.
Essa banda fiscal é inspirada na banda monetária que hoje nos presenteia com 9,12% de inflação no ano.
Levy sabe que a banda fiscal é desmoralizante, mas não sobram muitas alternativas morais.
O homem sério que contava dinheiro parou.
A última volta
Para a máquina não parar de vez, Temer editou medida provisória que expande o limite do crédito consignado. Saltou de 30% para 35%, com 5 pontos percentuais destinados à amortização de despesas de cartão de crédito.
É o Governo tentando tirar o último sprint do velho motor de crédito que sustentou o crescimento até 2013.
O efeito líquido dessas medidas desesperadas costuma ser traiçoeiro.
O nicho consignado se equilibra em relação de interdependência para com os demais nichos. Sua menor inadimplência pode significar aumento dos calotes em outros tipos de empréstimos.
Alicate de Buffett
Hoje pela manhã, abrimos a caixa de ferramentas de Warren Buffett, feita sob encomenda para os amantes do value investing.
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Falamos das atitudes buffettianas que transformaram um jovem de família classe média no investidor mais bem-sucedido do mundo.
Não temos a ambição de imitar Buffett, mas podemos aprender com ele.
Identificar empresas saudáveis em uma situação de crise é muito mais recompensador do que identificar empresas podres em situação de bonança.
Não reclame tanto assim da crise; ela nos ajuda a enxergar fragilidades e a calcular o real preço das coisas.