Mantega resolveu antecipar na sexta-feira a “boa notícia” do cumprimento da meta de superávit primário, com o intuito de acalmar os mercados. O feitiço virou contra o feiticeiro, para variar, e suas aspas provocaram calafrios.
Pelo discurso, ficou claro que nem o governo espera que este ano seja melhor do que 2013. E a expectativa é de que o superávit siga de apenas 1,5% do PIB. O resultado fiscal do governo que é um principais tópicos para o possível rebaixamento do rating brasileiro.
Há de se falar ainda que não sabemos do resultado de estados e municípios, que são os grandes incentivados para não cumprir a meta fiscal - a inflação é um problema macro e, portanto, cabe ao governo central. Aos estados e municípios, resta o estímulo de ser gastão.
Nada animador
Mais do que um ano que promete ser difícil, é um ano que todo mundo espera que seja difícil, e isso faz toda a diferença para quem está em um concurso de beleza (aqui não adianta apontar o melhor candidato, mas sim aquele que o conjunto de jurados achará o melhor).
Pois bem, as projeções do relatório Focus começam nada animadoras: crescimento abaixo de 2%, inflação perto de 6%, dólar a R$ 2,45 ao final de 2014...
Eu vejo o futuro repetir o passado?
Ainda vejo mais risco do que potencial de superação dessas projeções.
Pra frente Brasil!
Do lado positivo, pelo menos estamos próximos de bater o recorde mundial de feriados este ano, com nove feriados nacionais e mais sete pontos facultativos. O upside aqui está nas mãos da seleção canarinho. Caso o Brasil vá até a final, podemos ter mais quatro dias úteis sob risco.
Ano novo, vida nova? (Marfrig)
A Marfrig (MRFG3) conseguiu acordo com o BNDES para melhorar condições de pagamento das debêntures conversíveis em ações. Sem eufemismos, trata-se de novo resgate do banco de fomento à empresa.
Com o anúncio, Marfrig alterou sua projeção de fluxo de caixa livre para 2014. Anteriormente, o intervalo estimado sugeria algo entre a queima de R$ 150 milhões de caixa e a neutralidade. Agora, o prognóstico é de neutralidade até a geração de R$ 100 milhões de caixa. Parece óbvio, uma vez que o BNDES abriu mão de receber juros das debêntures, adiando seu vencimento em um ano.
A notícia é inegavelmente positiva para a empresa. Considerando a situação crítica das contas, diria que é uma das melhores notícias possíveis para a empresa, mas apenas posterga um problema crônico.
Ano novo, vida nova? (Petrobras)
Petrobras (PETR4) abriu 2014 com mais um acidente em refinaria. Um incêndio atingiu a unidade de coque da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) no sábado à noite.
No final do ano, a estatal já havia registrado quatro acidentes em refinarias em menos de três semanas, com maior destaque para o incêndio da refinaria de Araucária, no Paraná (Repar).
Felizmente ninguém se machucou, mas independentemente dos impactos do incêndio no RJ por si só, o principal destaque positivo dos resultados da companhia está seriamente ameaçado. O tamanho desse risco, e se está na hora de comprar PETR4 próxima da mínima em cinco anos, você descobre aqui.
Ligue os pontos
Bom, menos refino significa mais (prejuízo com) importação de gasolina e derivados pela Petrobras. Portanto, a saída é aumentar sua capacidade de refino.
A Premium 1, no Maranhão, está com atraso de 34 meses, devendo ficar pronta só no início de 2018. Abreu e Lima, em Pernambuco, está com orçamento quase oito vezes acima da avaliação inicial. Comperj, no Rio, está com cerca 60% das obras concluídas, e também deve atrasar...
Petrobras precisaria investir mais para acelerar isso. Mas como, se já possui o maior plano de investimentos do mundo e uma estrutura de capital estrangulada?
O novo Dil(e)ma da Petrobras
A saída óbvia seria atrair investimento estrangeiro para projetos de refino. Petrobras recentemente reconheceu que não vê problema inclusive em ser minoritária nesses projetos.
Agora, só falta encontrar alguém disposto a investir em projetos que exigem investimento grande, pagam margens baixas e carregam elevado impacto ambiental e enorme risco de ingerência política.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.