O BB Investimentos, braço financeiro do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), iniciou nesta semana a cobertura das ações do Nubank (BVMF:ROXO34) reconhecendo que o ‘Roxinho’ é o mais autêntico representante nativo digital no ecossistema bancário brasileiro. Porém, essa característica traz tanto benefícios quanto desafios.
Em um prólogo no início do relatório de mais de 30 páginas, o analista Rafael Reis narra um exemplo que ilustra a principal questão em torno da estratégia do Nubank: uma cliente com uma situação aparentemente urgente de seu cartão de crédito estava na sede da instituição, na Av. Rebouças, crente que aquele prédio estiloso era uma agência bancária.
Daí, então, vem a pergunta: até onde é possível o futuro de uma instituição financeira ser totalmente digital?
Em declaração recente, o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o tradicional atendimento ao cliente em agência bancária deixou de ser uma vantagem competitiva dos bancos tradicionais. O serviço 100% digital ganhou popularidade no Brasil e no mundo, representando baixo custo às instituições e aos clientes.
Aliás, a maneira como o Nubank desenhou para que a prateleira de produtos chegue aos clientes é um dos pontos destacados pelo BB-BI. Segundo Reis, apesar de serem velhos conhecidos do mercado bancário - como cartão de crédito, conta corrente, investimentos, seguros e empréstimos - a atratividade do baixo custo e a estrutura tecnológica pensada para dar suporte a esse modelo de negócios é muito diferente do modelo bancário tradicional.
Foi assim que o “Nu” desafiou o status quo. Com uma estratégia corporativa apoiada na inovação tecnológica, baixo custo operacional e foco nos principais produtos, o ‘Roxinho’ fez “muito barulho” nos últimos dez anos.
A dúvida é para onde o banco digital irá ao final da próxima década. Com uma tese de investimentos ancorada na expansão internacional, no desenvolvimento de novos produtos e na lucratividade, os riscos vão desde a concorrência, passando por questões regulatórias e ataques cibernéticos.
‘Nu’(evo) risco
Porém, um novo fator entrou na conta: o risco de imagem. O analista do BB-BI lembra que o “ativo digital” é altamente dependente do engajamento nas redes sociais.
Assim, o noticiário associando a co-fundadora Cristina Junqueira à produtora Brasil Paralelo, conhecida por suas posições de cunho político de extrema-direita, foi o “estopim” para uma ameaça de boicote e uma onda de cancelamentos de contas por parte dos clientes.
Conhecido pela filosofia ‘descolada’, o episódio também provocou fortes reações dos funcionários na plataforma de comunicação interna do Nubank. As mensagens do Slack revelam o outro co-fundador, David Vélez, defendendo “liberdade de expressão”.
Para o BB-BI, este ‘cancelamento virtual’ - equivalente contemporâneo e digital da tradicional ‘corrida aos bancos’ - serviu de alerta para um risco de difícil mensuração. “Isso reafirma a visão de que a tese de investimentos, dada a diferenciação da empresa, é de fato, significativamente complexa”, afirma Reis, no relatório.
Diante de um ativo que possui uma “grande parcela de imprevisibilidade”, a conclusão é simples: o negócio é promissor, mas o preço na etiqueta pesa. Assim, enquanto estiver “na moda”, o Nubank merece o benefício da dúvida. Afinal, na era digital, o difícil é tornar-se old fashioned.
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